Vilanova Artigas: a poética traduzida

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DOI:

https://doi.org/10.5433/1984-3356.2020v13n25p447

Palavras-chave:

Vilanova Artigas, Teoria da arquitetura, Estética arquitetônica, Crítica de arquitetura, Crítica de arte.

Resumo

Abordamos aqui a obra do influente e controvertido arquiteto Vilanova Artigas, ativo em São Paulo entre as décadas de 1940 e 1970, como obra de arte autônoma, pois esta mostra um uso figurativo de estruturas trilíticas de concreto armado, o qual operava uma fusão da linearidade dos membros com a criação volumétrica no mesmo material. Seus projetos mostravam, por um lado, uma disposição volumétrica e estrutural serial ao longo de um eixo e, por outro, a alternância no percurso do observador entre massa cerrada e espaço, entre luzes intensas e sombras profundas, entre peso e resistência, contrastes estes que a tradição atribui ao sublime arquitetônico, à visão do drama humano do trabalho que, afinal, ergue as estruturas além da medida razoável da utilidade. Exceder esta medida põe a obra em conflito com o marxismo do militante Artigas, mas também a põe no terreno da arquitetura moderna enquanto “estilo da modernidade”, em conflito, segundo Reyner Banham (1970, p.327), com o desenvolvimento ininterrupto da técnica com a qual pretendia legitimar-se.

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Biografia do Autor

Marcos Faccioli Gabriel, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho

Doutor pela Universidade de São Paulo. Professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.

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Publicado

21-08-2020

Como Citar

GABRIEL, M. F. Vilanova Artigas: a poética traduzida. Antíteses, [S. l.], v. 13, n. 25, p. 447–481, 2020. DOI: 10.5433/1984-3356.2020v13n25p447. Disponível em: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/antiteses/article/view/37291. Acesso em: 16 abr. 2024.

Edição

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Artigos