Os Indicadores Sociais
como Instrumento de Gestão Social
[1] |
* Mestre em serviço social, coordenadora da Faculdade de Serviço Social de Presidente Prudente das Faculdades Integradas “Antônio Eufrásio de Toledo e orientadora desta pesquisa. |
RESUMO: Este estudo trata da importância dos indicadores sociais no processo de gestão. Objetivou identificar se os assistentes sociais atuantes em projetos sociais no município de Presidente Prudente utilizam os indicadores sociais no processo de gestão. O recurso metodológico utilizado foi a pesquisa de campo de análise teórico empírica e pesquisa bibliográfica. A utilização dos indicadores sociais é de suma importância para a leitura e monitoramento da realidade. Neste sentido, o assistente social deve estar apto para a utilização dos indicadores sociais, o que contribui para a sua ação profissional e, conseqüentemente, para a sociedade civil. O estudo revela, ainda, que a capacitação é imprescindível para a atuação profissional e deve estar articulada com o compromisso ético-político da profissão, pautados no desafio de superar as dificuldades apresentadas pela própria realidade social PALAVRAS CHAVE: Indicadores Sociais. Gestão Social. Processos de Gestão. ABSTRACT: TThis study deals
with the importance of the social indicators in the management process. The
purpose is to identify if the active social projects social workers in the KEY WORDS: Social indicators; Social Management; Management Processes. Introdução No Brasil, o tema “indicadores sociais”, configura-se
em uma discussão recente, porém, torna-se cada vez mais evidente a sua
importância para o processo de gestão. A utilização de indicadores sociais apresenta-se
imprescindível, uma vez que se trata de “um instrumento operacional para
monitoramento da realidade social para fins de formulação e reformulação de
políticas públicas” (Jannuzzi, 2004, p. 15), que auxilia no trabalho de
planejamento, implementação, execução, avaliação dos programas, projetos,
serviços sociais. Nesta perspectiva, o artigo apresenta dados sobre a
pesquisa de campo realizada, a abordagem crítica dos dados obtidos, a discussão
referente à atitude dos profissionais frente ao tema, a construção dos
indicadores sociais e a atualização profissional. Neste sentido, o presente
artigo discute a necessidade e o fundamento de um dos elementos indispensáveis
ao processo de gestão social, o indicador social. Portanto, o debate acerca da importância da
utilização de indicadores sociais nos remete a uma discussão anterior referente
à gestão social, processo presente em toda política pública, manifestada por
meio de programas, projetos, serviços sociais. A gestão social não pode ser resumida a um simples
sistema de gerenciamento, ela se apresenta de forma mais ampla e complexa, pois
supõe uma postura filosófica, política e ideológica profundamente relacionada
com a dimensão econômica, política e social. Nela é definida a direção, a
natureza da ação que requer conhecimentos técnicos e administrativos, ainda,
supõe a permanente análise dos contextos interno e externo. (Carvalho, 1999) A sociedade e seus fenômenos não são estáticos,
genéricos e neutros, mas sim, um conjunto de relações criadas e recriadas num
dado processo histórico, o que significa dizer que está em constante
transformação, movimento, caracterizando cada contexto sócio-histórico e
econômico e sua forma de gerir o social. A tendência da gestão social, hoje, é
também uma conseqüência desse processo. Deste modo, a gestão social refere-se a um processo
contínuo e dinâmico que envolve ações de planejamento, execução e avaliação de
serviços sociais e um compromisso de construir respostas às necessidades
sociais da população. Deve ser desenhada e realizada, com fundamentação, para
não comprometer a ação social demandada, visto que o indicador social permite o
desenho de uma gestão social. Os indicadores sociais possibilitam informações
importantes, que nos permite avaliar aonde vamos, onde estamos e de que forma
seguir, em relação aos valores e alcance dos objetivos previamente
identificados. Conforme Jannuzzi (2004), um indicador social é uma
medida, em geral quantitativa dotada de um significado social, utilizado para
quantificar, substituir, operacionalizar um conceito social abstrato. É um
recurso metodológico que informa algo sobre um aspecto da realidade social, é
um instrumento programático operacional para planejamento, execução,
monitoramento, avaliação de políticas públicas. Ou seja, de acordo com Bonadío
(2003, p.129) compõem a agenda da política social como um referencial
indispensável para a definição de prioridades e alocação de recursos. Enfim indicadores não são simplesmente dados,
números, eles nos permitem conferir os dados de acordo com as questões postas
na realidade social, ou seja, é uma atribuição de valor, números a situações
sociais. Entretanto, é importante lembrar que existe uma diferença entre
indicador social e estatística pública, embora estes sejam interpretados
corriqueiramente com o mesmo conceito. Resumidamente, estatísticas públicas correspondem ao
dado em sua forma bruta - por meio de números - não se encontra contextualizado
em um debate dialético, são representações advindas de um campo empírico ou de
determinada realidade. Já os indicadores sociais apresentam, conforme Jannuzzi
(2004), um conteúdo informacional, um valor contextual baseado Hoje, os indicadores sociais são expressos
usualmente, como taxa de desemprego, taxa de mortalidade infantil, taxa de
analfabetismo, são termos comumente utilizados por políticos, jornalistas,
estudantes, pela população para avaliar as políticas públicas, além de
argumentar, a partir da utilização dos mesmos, as prioridades sociais
defendidas por determinada classe social. Segundo Jannuzzi (2004, p.11), os indicadores sociais
passaram a integrar o vocabulário corrente dos agentes políticos responsáveis
pela definição das prioridades das políticas sociais e alocação de recursos
públicos, ganhando relevância na arena política de discussão. O indicador social tem importante função exploratória
no diagnóstico de situações concretas, na definição de metas prioritárias e no
direcionamento das ações contínuas, na medida em que, com o uso constante de
indicadores adequados, estes oferecem informações concretas para o conhecimento
da realidade e orientam as ações, dando sustentação ao processo de gestão.
Em suma, o conhecimento e utilização dos indicadores
sociais provêm da compreensão do movimento da totalidade, da vida das
sociedades, da postura política-ideológica de um programa, projeto social. Os
indicadores sociais, no processo de gestão, tornar-se-ão supérfluo se antes não
realizarmos uma mediação entre o conhecimento sobre o conceito social a ser
operacionalizado, interpretado e o contexto social, econômico
Os
Indicadores Sociais no Cotidiano Profissional Ante o objeto desta pesquisa, a problematização e o
objetivo proposto, foram selecionados procedimentos e instrumentos considerados
adequados para o desenvolvimento do trabalho, dentre os quais a pesquisa de
campo e a pesquisa bibliográfica. Delimitou-se a pesquisa aos projetos sociais cujo
público-alvo é definido pelos seguintes segmentos: idoso e criança/adolescente.
A escolha por esses segmentos se fundamentou na prioridade dos mesmos nos
serviços públicos, além de dispor sobre a proteção integral. Levantou-se o universo de 23 assistentes sociais,
sendo 17 delimitados a partir da Deliberação CMDCA nº034/2006 e nº 35/2006 e de
organizações não-governamentais[2]
que participam da rede criança de Presidente Prudente e 06 registrados no Guia
do Idoso Cidadão[3].
Desse universo, apenas 05 profissionais concordaram a participar da pesquisa,
sendo 03 atuantes com criança/adolescente e 02 com idoso, tais profissionais
desempenham papel na coordenação, planejamento, execução e/ou avaliação de um
projeto social. Os primeiros dados revelados no processo de pesquisa,
registra-se anterior à entrevista e refere-se à atitude dos assistentes sociais
diante do tema, como por exemplo a partir das falas que se seguem:
“Indicadores
sociais? Então, estou sem tempo...” (ASSISTENTE SOCIAL que não concordou em
conceder a entrevista)
“Vai ser
difícil encontrar uma data livre...”
(ASSISTENTE SOCIAL que não concordou em conceder a entrevista).
“Não tenho
autorização para falar sobre o tema”
(ASSISTENTE SOCIAL que não concordou em conceder a entrevista). Nesta perspectiva, tais dados podem demonstrar uma
manifestação das dificuldades em discutir seus conhecimentos sobre o assunto,
ou ainda, da disponibilidade em refletir sobre a utilização dos mesmos. Porém, a afirmação acima pode gerar uma distorção,
como se a responsabilidade pelo uso ou não dos indicadores sociais fosse de
caráter pessoal. Embora, o dado dependa da ação individual, o presente estudo
compreende que essa questão articula-se à competência do profissional e à
realidade do processo de gestão, que se apresenta dinâmico e complexo, ao mesmo
tempo, em que a cultura conservadora predominante influencia no cotidiano
profissional. Ou seja, contraditoriamente, à defesa intransigente
dos direitos sociais, autonomia, equidade intercedido pelos assistentes
sociais, há uma realidade social conservadora, que impõe o individualismo, a
alienação, a desestruturação das políticas de proteção social, a despolitização
da questão social, etc. Podemos constar, como mais uma superação a ser
realizada pelo profissional, a realidade contraditória em que ascenderam as
políticas públicas. Ao mesmo tempo, em que elas atendem algumas reivindicações
da classe trabalhadora, prestam, também,à manutenção da ordem vigente, a fim de
evitar transtornos à hegemonia da propriedade privada. Portanto, frente às contradições postas pela
realidade social, pela ordem social-econômica vigente e pelo seu campo de
trabalho, a primeira forma de superar o conservadorismo das ações nesta área é
o conhecimento e é para isso que o assistente social deve lutar, para
ampliá-lo, alcançando a sua autonomia e garantindo o compromisso profissional.
Apenas o engajamento político do cidadão profissional
não é suficiente para diretamente dele derivar uma base teórica rigorosa.
Aliás, é um velho ensinamento da política que embora a vivência da realidade
provoque indagações para análise, a formação de uma consciência teórica que
requer um trato rigoroso do conhecimento acumulado, da herança intelectual
herdada. Portanto, o mero engajamento político, descolado de bases
teórico-metodológicas e do instrumental operativo para a ação é insuficiente
para iluminar novas perspectivas para o Serviço Social. (IAMAMOTO, 2005, p.55) Já é de ciência que os indicadores sociais não mais
estão presos e restritos à pesquisa, mas estão cada vez mais inseridos na
sociedade, manifestados por meio da implantação, implementação, monitoramento e
avaliação de políticas sociais.
A utilização dos indicadores sociais, atrelado a
outros meios e instrumentos, é imprescindível ao desenvolvimento de um
programa, projeto ou serviço. Aí é revelada a necessidade tanto do conhecimento
quanto da utilização dos indicadores sociais, pois uma vez que se sabe o que é
um indicador social, é sabido também que o mesmo é indispensável no cotidiano
das ações e dimensões do processo de gestão. Nessa perspectiva, considerando a graduação o
primeiro contato e conhecimento sobre o tema, a pesquisa revelou que 80%
estudaram indicadores sociais na graduação e cerca de 60% tiveram gestão
social.
“Tive
indicadores sociais, mas sem profundidade” (ASSISTENTE SOCIAL entrevistada número 3)
“Estudei
indicadores sociais, mas foi muito rápido.” (ASSISTENTE SOCIAL entrevistada número 4)
“Estudei
gestão social na disciplina de planejamento” (ASSISTENTE SOCIAL entrevistada número 4) Embora a pesquisa evidencie que 80% tiveram
indicadores sociais na graduação, as falas revelam que a abordagem do tema não
se esgota nesse período, o que nos remete a outra discussão, relacionado à
atualização profissional. A sociedade está em constante processo de
transformação, a cada dia surgem novas demandas sociais que exigem novos
conhecimentos, métodos e técnicas capazes de responder adequadamente a tais
demandas. Este é um dos principais motivos que impulsionam a necessidade da
atualização profissional, inclusive dos assistentes sociais, que atuam em
espaços contraditórios e em processo de mudanças, entendendo a realidade
dialeticamente, o que exige dos profissionais a realizar mediações. Os gráficos I e II revelam a atualização profissional
a partir de pós-graduação e de capacitação em serviço. Gráfico I
Fonte: gráfico construído
a partir de dados gerados em pesquisa de campo.
Gráfico II
Fonte: gráfico construído
a partir de dados gerados em pesquisa de campo. Tais dados denotam que os profissionais entrevistados
buscam algum tipo de formação que viesse
a somar no desenvolvimento de sua ação profissional, quer na pós-graduação quer
na capacitação Convém ressaltar que os profissionais entrevistados
atuam diretamente no processo de gestão, onde os indicadores sociais são de
extrema importância. Sobre essa discussão levantou-se que 80% dos profissionais
reconhecem a importância dos indicadores sociais, sendo esse o primeiro passo
para que eles venham a ser utilizados.
“Os
indicadores sociais nos dão visibilidade, pode-se fazer produções científicas.
[...] É fundamental a qualquer gestão de projetos.” (ASSISTENTE SOCIAL entrevistada número 5)
“Utilizo os
indicadores sociais sempre, desde o início da justificava do projeto, até para
convencer a sua importância. [...] Sem indicador é difícil justificar e
conhecer.” (ASSISTENTE SOCIAL
entrevistada número 5)
“Os
indicadores sociais nos dão um norte. [...] São importantes para o alcance e
desenvolvimento da missão da instituição. [...] Os indicadores sociais dá um
embasamento para o diagnóstico e para a execução do trabalho.” (ASSISTENTE SOCIAL entrevistada número 4) Afirmações como essas reforçam que os assistentes
sociais reconhecem a importância dos indicadores sociais. Porém, o gráfico III,
a seguir, evidencia uma contradição entre o (re) conhecimento da importância
dos indicadores sociais e a utilização/construção dos mesmos. Gráfico III
Fonte: gráfico construído
a partir de dados gerados em pesquisa de campo. É explícita a contradição revelada no gráfico acima,
pois a quantidade de profissionais que demonstraram conhecimento acerca dos
indicadores sociais é exatamente idêntica à quantidade dos que não utilizam e
não constroem. Cabe ressaltar que não são, necessariamente, os
mesmos entrevistados, uma vez uma vez que os 20% que utilizam/constroem podem
fazer parte dos 80% que conhecem, bem como os 20% que não conhecem também podem
pertencer ao grupo dos 80% dos que não utilizam.
“Sei o que
são indicadores sociais e sua importância para o meu trabalho, mas até hoje
ainda não utilizei.”
(ASSISTENTE SOCIAL
entrevistada número 2)
“[...] ainda
não construímos, nem utilizamos nenhum indicador, mas sei que é importante para
o nosso trabalho [...]”
(ASSISTENTE
SOCIAL entrevistada número 3)
“Pra falar a
verdade, ainda não utilizamos indicadores de forma adequada, de sentar e
defini-los [...], mas acredito que no próximo ano estaremos planejando melhor
[...]” (ASSISTENTE SOCIAL
entrevistada número 4) A análise do gráfico III e das falas que seguem,
trata-se da não construção dos indicadores sociais ou mesmo da construção
incorreta, como notado abaixo:
“Construo os
indicadores sociais através das entrevistas, da triagem [...] é no próprio
cotidiano, não é?!”
(ASSISTENTE
SOCIAL entrevistada número 1)
“Construímos
no acompanhamento que fazemos de cada adolescente, devemos levar em
consideração tudo que acontece na vida dele [...]” (ASSISTENTE SOCIAL entrevistada número 3)
“Construo de
forma muito particular, quando estou acompanhando algum caso [...].” (ASSISTENTE SOCIAL entrevistada número 4) Constatamos que a construção dos indicadores sociais,
nestes casos, não é feita a partir do entendimento de um conceito abstrato e da
compreensão da realidade em que ela se insere, mas são considerados apenas os
números que se expressam na rotina do trabalho. Porém, devemos ressaltar que a dificuldade
demonstrada por alguns profissionais em construir indicadores sociais, deve-se
não apenas à competência profissional, mas também, à complexidade da área
social, além das políticas sociais se
encontrarem num campo contraditório, inserido em um contexto capitalista, que
busca a manutenção da realidade alienante e conservadora. Embora as falas e gráficos (I, II) apresentados
revelarem atualização profissional, a questão dos indicadores sociais ainda é
um tema que necessita ser aprofundado nos campos de estudo. Nesse sentido,
faz-se a relação com o gráfico III e as falas que seguem – que demonstram a não
construção e não utilização dos indicadores sociais -, pois apesar da
participação em capacitações, os profissionais não sabem construí-los e nem
utilizá-los. A partir daí, indagamos: que tipo de capacitação os
assistentes sociais estão participando? Pois, sendo, os indicadores sociais, um
tema de indispensável relevância para a política social deveria ser abordado
nas capacitações oferecidas, considerando-as responsáveis por contribuir para a
qualidade e formação profissional. O que estas capacitações têm representado a estes
profissionais, isto é, articulam o conhecimento adquirido com o trabalho
desenvolvido? Ou, estariam sendo um meio para acumulação de certificados e/ou o
cumprimento de uma exigência da instituição contratante de seus serviços. Nesses casos, conhecer e não utilizar pode ser
interpretado como uma negação da importância dos indicadores sociais, o que nos
remete novamente ao campo das contradições postas entre o conhecimento e sua
articulação com a ação no campo das políticas sociais. Pode-se questionar ainda: a qual direção está sendo
conduzida a sua atuação, enquanto profissional que visa à emancipação e
transformação social? Dos princípios fundamentais estabelecidos no Código
de Ética Profissional dos Assistentes Sociais, destacam-se dentre outros, o
reconhecimento da liberdade como valor ético central; a defesa intransigente
dos direitos humanos; posicionamento em favor da equidade e justiça social; o
compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população com o
aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional. Neste sentido, o assistente social deve ser
compromissado com a categoria, com ele mesmo e, sobretudo com o usuário de seu
serviço. O próprio caráter investigativo da profissão impulsiona ao acúmulo e
atualização do conhecimento a fim de colocá-lo em prática em favor da qualidade
dos serviços prestados, como prevê a ética do serviço social. Render-se ao comodismo e a negação frente à
competência no processo de gestão e, assim, à construção de indicadores
sociais, bem como outros temas relevantes à atuação profissional, sem dúvida, é
um desrespeito aos princípios fundamentais da profissão. Entretanto, há que reafirmar que este processo
encontra-se em construção, apresentando-se complexo, contraditório e permeado
de condicionamentos, cabendo ao Assistente Social, entregar-se ao comodismo,
desrespeitando os compromissos coletivos de profissão ou, então, vencer os
desafios postos à profissão, por meio de competências e conhecimentos.
Considerações
Finais A partir do estudo realizado levantou-se que as
políticas públicas não podem ser elaboradas sem o devido embasamento
teórico-empírico, isto é, com fundamentos concretos na realidade social e
apreensão desta, de modo que o assistente social deve estar preparado para
utilização de ferramentas necessárias para sua ação e conseqüentemente, para a
população a quem é destinada essas políticas sociais. As ações interventivas, em sua maioria, fazem parte
de serviços sociais prestados por meio de projeto e programas sociais, que
devem ser geridos de forma a construir respostas profissionais às demandas da
população. O processo de gestão, portanto, se caracteriza como
um compromisso com os cidadãos, constituindo-se com informações e dados
concretos para não comprometer a ação esperada. Não se deve resumir apenas em
um simples sistema de gerenciamento, mas supõe novas formas de organização de
serviços e idéias, que relaciona dialeticamente o político, o econômico e o
social, com articulações diversas em um único objetivo; dar respostas
eficientes, eficazes e efetivas às necessidades sociais. Esta pesquisa evidencia a ação dos indicadores
sociais, dentro deste processo, como um imperativo no processo de gestão
social. Dada a importância do indicador social no cotidiano
da gestão social, a questão é colocada para a análise da realidade profissional
de assistentes sociais que atuam em projetos ou programas sociais de
atendimento a criança, adolescente e pessoa idosa. Neste momento da pesquisa, constatou-se uma série de
reflexões sobre o tema, pois os dados demonstram que o assunto não é uma
novidade em termos de conceito. Porém, trata-se de algo recente, ainda pouco
utilizado, justificado pelas entrevistas como algo complexo de construir, o que
de fato é uma realidade, considerando a complexidade das políticas sociais. Mesmo dominando o conceito e até a importância a
cerca da utilização dos indicadores sociais, muitos profissionais demonstram
insegurança ao articular o indicador com a gestão cotidiana. É evidente que após a conceituação dos Indicadores
Sociais, torna-se fácil perceber a importância dos mesmos para o trabalho do
Assistente Social. A dificuldade está em construí-los – ou ousando dizer – no
compromisso dos profissionais com a superação de práticas espontâneas,
assistemáticas ou reprodutivas. Os indicadores sociais, embora possam ser também um
instrumento de controle, são um dos elementos que contribuem para uma gestão
democrática, preocupada com a construção de respostas profissionais que atendam
às demandas sociais e, aí está o desafio do assistente social, tomar posse
desse instrumento na dimensão ético-político profissional. Esse fato revela que, além do compromisso
ético-político do assistente social, em assumir as bases teórico-metodológica
oferecidas pela sua graduação como fundamentais à sua atuação profissional e,
assim, agir com as demandas apresentadas, também, identifica a necessidade da
atualização constante desses profissionais, para estarem sempre aptos a
trabalhar com as ferramentas necessárias para o alcance das metas propostas, de
forma a propor respostas na mesma velocidade em que se avolumam as necessidades
sociais. Neste sentido, os cursos de capacitação também têm dever de apresentar
este compromisso, de oferecer instrumentos e conhecimentos que contribuam para
a atualização e qualificação do profissional. Assim, sem deixar esgotar o assunto, é sabido que os
assistentes sociais têm desafios constantes, portanto, cabe aos mesmos
estacionar perante a dificuldade que a própria realidade apresenta ou
desafiarem a realidade, a fim de transformá-la com o conhecimento que se busca.
Bibliografia
BAPTISTA,
Myrian Veras. Planejamento Social: intencionalidade e instrumentação. 2.ed. São
Paulo: Veras Editora; Lisboa: CPTIHTS, 2003.
BARROCO,
Maria L. Silva. Ética e Serviço Social:
fundamentos ontológicos. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2003.
BONADÍO,
Bravo,
Maria Inês Souza; PEREIRA, Potyara A. P. (Org.). Política social e
democracia. 2. ed. São Paulo: Cortez;
Rio de Janeiro: UERJ, 2002.
CARVALHO,
Maria do Carmo Brant. Gestão Social:
alguns apontamentos para o debate. In: RICO, Elizabeth de Melo; DEGENSZAJN,
Raquel Raichelis (org). Gestão Social: uma questão
CORREIA,
Maria Valéria da Costa. A relação Estado/Sociedade e o controle social:
fundamentos para o debate. Serviço Social e Sociedade. São Paulo, ano 25, n.
77,mar. 2004. p. 148-175.
CRESS. Código de Ética Profissional dos Assistentes
Sociais. Resolução CFESS nº 273/93. In: Legislação Social: cidadania, políticas
publicas e exercício profissional. 2. ed. Curitiba: CRESS 11ª Região – PR, 2005
p. 13-25.
DOWBOR,
Ladislau. A gestão social em busca de Paradigmas. In: RICO, Elizabeth de Melo;
DEGENSZAJN, Raquel Raichelis (org). Gestão Social: uma questão
_______.
Gestão Social e transformações da sociedade. 2001. Disponível em: < http://www.vanzolini.org.br/seminariousp2000/dowborpdf>
. Acesso em: 23 de setembro de 2006.
IAMAMOTO,
Marilda Villela. O serviço social na
contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2005.
JANNUZZI,
Paulo de Martinho. Indicadores Sociais
no Brasil: conceitos, fontes de dados e aplicações. 3 ed. Campinas: Editora Alínea, 2004.
KLIKSBERG,
Bernardo. O Desafio da Exclusão: para uma gestão social eficiente. São Paulo:
FUNDAP, 1997.
PEREIRA,
Potyara A. P. Necessidades Humanas: subsídios
à crítica dos mínimos sociais. 2.ed. São Paulo:Cortez, 2002.
PEREIRA,
Potyara A. P. Questão Social, Serviço
Social e Direitos de Cidadania. Temporalis. Brasília: ABEPSS, Grafline, Ano 2,
n. 3, p. 51-61, 2001.
SCHONS,
Selma Maria. Assistência Social entre a
ordem e a “dês-ordem”: mistificação dos direitos sociais e da cidadania. São
Paulo: Cortez, 1999.
SILVA,
Ademir Alves da. As relações
Estado-sociedade e as formas de regulação social. In: CONSELHO FEDERAL DE
SERVIÇO SOCIAL; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO E PESQUISA; UNIVERSIDADE DE
BRASÍLIA. Capacitação em serviço social
e política social: módulo 2: reprodução social, trabalho e serviço social.
Brasília: Ed. da UnB, Centro de Educação Aberta, Continuada a Distância, 1999.
p. 56-72.
SINGER,
Paul. Alternativas da Gestão Social
Diante da Crise do Trabalho. In: RICO, Elizabeth de Melo; DEGENSZAJN, Raquel
Raichelis (org). Gestão Social: uma questão
WILHEIM,
Jorge. O Contexto da Atual Gestão
Social. In: RICO, Elizabeth de Melo; DEGENSZAJN, Raquel Raichelis (org). Gestão
Social: uma questão
[1]
Este artigo foi construído a partir do trabalho de
conclusão de curso das referidas autoras para a pós-graduação de Políticas
Sociais e Processos de Gestão pelas Faculdades Integradas “Antonio Eufrásio de
Toledo” de Presidente Prudente – SP. O material, na íntegra, encontra-se
disponível na biblioteca da mesma instituição de ensino. Contatos:
anagiroto@hotmail.com;
sitarifa@yahoo.com.br e
yuriywata@gmail.com. [2]Levantamento realizado a partir do site: <https://www.recriaprudente.org.br/quemsomos.asp#Quem%20compõe?> [3] Editado pela Associação Educacional Toledo de Presidente Prudente. |