EDUCAÇÃO

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Omar Neto Fernandes Barros; Mirian Vizintim Fernandes Barros; Rosely Sampaio Archela; Hervé Théry; Neli Aparecida de Mello. Lúcia Helena Batista Gratão.
 

  

O Perfil de Londrina (LONDRINA, 2003) indica os seguintes dados relacionados à educação: 72 escolas estaduais e 63 municipais na zona urbana, 22 em área rural e 10 nos distritos; 27.061 alunos entre 6 e 14 anos na zona urbana, 119 alunos nas escolas rurais e 4.127 alunos nos distritos. O município atende na zona urbana, alunos do ensino fundamental de 1ª a 4º séries e na zona rural, alunos de 1ª a 8ª séries.

As escolas públicas estaduais estão presentes em toda a área urbana, mas apresenta maior concentração no Centro Histórico e bairros de seu entorno. Em contrapartida, as escolas municipais estão presentes em praticamente todos os bairros da periferia e ausentes no Centro Histórico e bairros do entrono.

As escolas particulares em menor número ocupam a porção centro sul do bairro Centro Histórico, onde há predominância de famílias com maior rendimento. Na região sudoeste, bairro Esperança, destaca-se duas escolas particulares de ensino fundamental localizadas em área de recente expansão e próxima aos grandes condomínios fechados de alto padrão. No mesmo bairro, encontra-se uma escola municipal implantada no antigo patrimônio (Espírito Santo), recentemente incorporado à área urbana.

A infra-estrutura educacional se completa com os centros técnicos que oferecem qualificação por meio de cursos profissionalizantes ofertados em instituições como a Escola Profissional e Social do Menor de Londrina - EPESMEL, Serviço Nacional de Aprendizagem - SENAI e no Instituto Politécnico de Londrina - IPOLON, entre outros, as quais capacitamn alunos em diversas áreas para atuarem no mercado de trabalho.

No aspecto de conclusão dos diferentes níveis de ensino, Londrina apresenta um bom nível de escolaridade revelado pelo número dos que concluem os ensinos fundamental, médio e a graduação; entretanto existe uma forte discrepância espacial e numérica entre a região central e as periferias quanto ao nível geral de escolaridade revelado pela proporção dos que terminaram o primeiro grau e, aqueles que cursaram a faculdade. 

O ensino superior em Londrina é representado pelas seguintes instituições: Universidade Estadual de Londrina, Pontifícia Universidade Católica, Universidade Norte do Paraná, Seminário de Teologia de Londrina, Universidade Filadélfia, Faculdade Metropolitana, Faculdade Norte Paranaense, Faculdade Integrado, Faculdade de Teologia, Faculdade Teológica Sul Americana e a Universidade Tecnológica Federal do Paraná implantada em 2007. Estas instituições compõem a rede de ensino superior e atendem mais de 20 mil alunos, e garantem a Londrina o status de cidade universitária. A cidade recebe alunos de vários estados do país e se projeta como um pólo educacional ancorado principalmente pela UEL.

.A UEL teve início em 1956, com a Faculdade Estadual de Direito de Londrina e a Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Londrina e a Faculdade Estadual de Odontologia de Londrina, agregada em 1962. Nos anos seguintes foram agregadas a Faculdade de Medicina do Norte do Paraná (1966) e  a Faculdade Estadual de Ciências Econômicas e Contábeis de Londrina (1968). Em 1970 as cinco faculdades formaram a Universidade Estadual de Londrina, reconhecida oficialmente pelo Decreto Federal 69.234/71.  Em 1987 foi implantado o ensino gratuito na Instituição e transformada em Autarquia Estadual em 1991.

O estado do Paraná apresentava, em 2005, 142 Instituições de Ensino Superior sendo 2 federais, 17 estaduais, 7 municipais e 116 particulares. Nesse ano a UEL foi classificada como uma das melhores universidades do País, por desempenhar um papel decisivo no desenvolvimento da cidade e região, com destaque para prestação de serviços de saúde, pesquisa e extensão a comunidade e no ensino pela formação de profissionais para o mercado de trabalho.

Em 2004 ingressam na UEL 3.018 novos alunos originários de vários estados brasileiros sendo a grande maioria (66%) procedente do estado do Paraná, seguida por paulistas (30%) e por alunos oriundos dos estados de Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina com 4%.

Dos alunos oriundos do estado do Paraná, 70% são londrinenses e 30%, originários de outras cidades do estado. Dos novos alunos residentes em Londrina (Tabela 18), destacam-se 30%, oriundos dos bairros centrais e entorno,  como também os alunos oriundos do bairro Cinco Conjuntos que representaram nesse ano 6% de calouros em 2004.

 

Tabela 18 - Número de calouros em 2004 por bairro

BAIRROS

CALOUROS 2004

POPULAÇÃO TOTAL RESIDENTE

CENTRO HISTÓRICO

1457

29906

CINCO CONJUNTOS

81

37471

CHAMPANHAT

57

10746

PRESIDENTE

54

6781

CALIFÓRNIA

51

8757

QUEBEC

49

5777

PALHANO

48

2240

HIGIENÓPOLIS

46

3249

CAFEZAL

41

11916

AEROPORTO

40

2852

LEONOR

38

23386

AUTÓDROMO

35

10007

GUANABARA

35

4924

VILA NOVA

34

8353

BANDEIRANTES

34

9472

IPIRANGA

34

3801

PARIGOT DE SOUZA

25

17328

VIVI XAVIER

24

12750

PETRÓPOLIS

24

3494

OURO VERDE

23

8468

SHANGRI-LÁ

23

7262

IDEAL

23

7569

ANTARES

23

4003

VILA BRASIL

22

8672

ERNANI

20

10515

PIZA

19

9160

LINDÓIA

18

10686

COLISEU

16

7675

SABARÁ

16

2854

INGLATERRA

16

7850

VILA CASONI

15

6432

BRASÍLIA

15

6135

HU

13

2767

VIVENDAS DO ARVOREDO

CHÁCARAS SÃO MIGUEL

13

1706

INTERLAGOS

12

14378

JAMAICA

10

6316

FRATERNIDADE

10

7288

UNIVERSIDADE

10

1902

VILA RECREIO

9

6925

OLÍMPICO

9

9474

TUCANOS

9

1909

PARQUE DAS INDUSTRIAS

9

18435

CILO 3

7

1895

UNIÃO DA VITÓRIA

7

9728

CIDADE INDUSTRIAL

6

3805

SALTINHO

6

4381

LON RITA

4

2069

ESPERANÇA

4

1028

INDÚSTRIAS LEVES

3

1766

PACAEMBU

2

9387

CILO 2

2

2622

BELA SUÍÇA

2

635

HEIMTAL

1

1666

PEROBINHA

0

1348

CIDADE INDUSTRIAL 2

0

1497

ELDORADO

0

262

TERRA BONITA

0

1016

 

As regiões mais povoadas por pessoas de 6 a 18 anos, em idade escolar apta ao ensino fundamental e médio, representam 23% da população de Londrina. Estas se encontram no Centro Histórico e, em todas as periferias de Londrina, como em parte dos bairros Cinco Conjuntos e, Parigot de Souza (norte), Ernani (leste), União da Vitória e Cafezal (sul) e Olímpico (oeste). Embora haja concentração populacional com este perfil etário, nesses bairros, a oferta de vagas em escolas públicas ainda é insuficiente, implicando na necessidade de deslocamento desta população para outros bairros, principalmente os centrais. Se por um lado as regiões mencionadas podem apresentar aspectos semelhantes do adensamento populacional, é nos aspectos socioeconômicos e educacional que encontramos as maiores disparidades entre elas.

O IBGE considerou como alfabetizada a pessoa com idade superior a cinco anos, capaz de ler e escrever um bilhete simples, embora, a idade reconhecida para ingresso da criança na primeira série do ensino fundamental é o ano em que ela completa sete anos. Este fato altera significativamente a forma de calcular o percentual de analfabetismo.

Segundo o Censo 2000, Londrina possui 34.725 analfabetos correspondendo a 8% da população total, porém, muitos estão entre aqueles que poderiam ser beneficiados por programas estatais, tais como o “Paraná Alfabetizado”, da Secretaria de Educação do Estado. Este programa atende 47 mil alunos em 344 municípios do Paraná, em uma população de analfabetos estimada em 650 mil, demonstrando o quanto às ações públicas estão distantes das reais necessidades sociais.

A situação do analfabetismo no meio urbano em Londrina não chega a ser muito grave, ainda que deva ser alvo das atenções tanto do Estado, quanto da população em geral. Em 50% dos setores censitários, concentrados no Centro Histórico e bairros adjacentes, dispostos ao longo de um eixo central noroeste-sudeste, o índice de analfabetismo é inferior a 7,4%. Os bairros, onde essa questão é mais grave, encontram-se nas periferias norte e sul, atingindo entre 10 e 29% da população. Estes índices podem ser considerados bons se comparados com outras cidades e regiões do país, mas, não deixam de ser surpreendentes para uma cidade situada entre as mais desenvolvidas do Sul do Brasil.

O analfabetismo está relacionado com a pobreza e índices sócio-econômicos mais baixos, e possivelmente também, com migração rural-urbana, já que se concentra em zonas periféricas e marginais de ocupação mais recente, as quais receberam um contingente significativo de migrantes da zona rural e de cidades menores do que Londrina. A redução do índice de analfabetismo para 3%, o que é considerado razoável pela Organização das Nações Unidas para Educação Ciência e Cultura - UNESCO significa incorporar 43 mil novos estudantes (estimados pelo Censo IBGE 2000) nos próximos 5 anos, o que representa um grande desafio para a sociedade londrinense.

O mapa apresenta uma síntese das variáveis escolaridade e renda a partir de uma classificação ascendente hierárquica, cujo objetivo foi estabelecer uma tipologia em 7 classes homogêneas:

1. Os Centrais Pouco Discrepantes – A Média das Médias, como por exemplo, no bairro Antares, Universidade e Esperança;

2. Os Mais Ricos e Bem Atendidos pelas Escolas Particulares, localizados em parte do Centro Histórico e nos bairros Bela Suíça e Tucanos;

3. Os de Escolaridade e Renda Muito Baixas, exemplo dos bairros Olímpico e Cidade Industrial;

4. Os de Escolaridade e Renda baixas, tais como nos bairros Eldorado, Perobinha, Lon Rita e Piza;

5. Os de Escolaridade e Renda Médias, em bairros Heimtal e Saltinho;

6. Os de Escolaridade Média e Renda baixa, nos bairros Vivendas do Arvoredo e Ideal, e;

7. Os Desassistidos localizados principalmente, nos bairros União da Vitória e parte do Olímpico.

A interpretação das 7 classes, assinaladas na legenda da figura 58, baseia-se nos gráficos de barras da legenda (e séries estatísticas da Tabela de Medidas Métrica Euclidiana Comum, elaborada no programa Philcarto, não apresentadas, dado o caráter eminentemente estatístico dos dados). As barras representam os desvios em relação à média para o conjunto das variáveis. Quanto maior for o desvio, maior será a presença ou ausência da variável analisada. As barras à direita representam desvios positivos, e, as da esquerda, desvios negativos em relação à média. Esta tipologia indica uma necessidade de atuação do poder público no sentido de diminuir as desigualdades sociais apontadas.

Uma das decorrências da desigualdade social é a violência urbana praticada por crianças e adolescentes, uma realidade no cotidiano das cidades brasileiras. Em Londrina esse problema vem se manifestando num crescimento significativo e têm sido alvo de preocupação da sociedade como um todo. A região central da cidade e a região norte, no entorno da Avenida Saul Eikind, são os locais mais afetados por este problema social. Este tipo de violência urbana não se restrige apenas a áreas onde há uma concentração de riquezas (variedades de atividades comerciais, prestadoras de serviços e bancos) um maior fluxo de pessoas, mas a cidade como um todo.

Ao analisar os diferentes tipos de atos infracionais, Teixeira (2007) constatou que o maior número de casos está relacionado a roubo, furto e tráfico de drogas. Furto e roubo se constituem em crimes contra o patrimônio e geralmente estão relacionados às questões de moradia e de renda, segundo as justificativas destes adolescentes, uma vez que estes se baseiam nela ao declarar seus desejos e anseios aos bens de consumo. A violência não está restrita apenas às ruas da cidade, mas atinge o ambiente escolar das 76 escolas estaduais de Londrina, 58 ou (76%) têm registro de casos de violência, sendo que em 30 escolas os atos ocorreram em 2007. Estes números foram informados pela Associação dos Professores do Paraná de Londrina, sendo a maioria dos casos referentes à agressão de alunos contra professores e funcionários ou de alunos contra alunos.

Os dados referentes às infrações cometidas por crianças e adolescentes na cidade de Londrina foram obtidos juntamente ao CIAAD (Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Infrator), por meio do projeto de pesquisa Violência sexual, violação de corpos e mentes de crianças e adolescentes (SUGUIHIRO et al, 2005). Esses dados revelam que no período de seis anos o número de infrações cometidas por crianças e adolescentes na cidade praticamente triplicou, passando de 176 em 1999, para 470 em 2004 (Gráfico 1).

 

 

 

Gráfico 1 - Número de infrações cometidas por crianças e adolescentes na cidade de Londrina. De 1999 a 2004

 

 

As ocorrências das infrações cometidas em 1999 se deram principalmente, nos bairros Centro Histórico e Shangri-lá, como também nos bairros Cinco Conjuntos e Vivi Xavier (MARCHETTI, M.; ARCHELA, 2007). Nos anos seguintes infrações cometidas por crianças e adolescentes expandiram-se por diversos bairros da cidade, sendo mais significativas no Bandeirantes, região oeste, Cafezal e Saltinho na região sul e Interlagos e Antares na região leste. Em 2004 as ocorrências aumentaram em número e em área de atuação destacando-se os bairros Cinco Conjuntos, Centro Histórico, Fraternidade, Leonor e Parque das Indústrias. Também apareceram casos registrados nos bairros Hemital, Parigot de Souza, Pacaembu, Indústrias Leves, Bandeirantes, Aeroporto, Quebec, Tucanos, Olímpico, Parque das Indústrias e União da Vitória.