Mirian Vizintim Fernandes Barros; Rosely
Sampaio Archela; Omar Neto Fernandes Barros; Hervé Théry; Neli Aparecida
de Mello. Lúcia Helena Batista Gratão
O rio Tibagi situado à leste do município de Londrina, recebe os rios
tributários localizados na área urbana e em seu entorno. Ele é um dos
principais formadores da bacia hidrográfica do rio Paranapanema que
desemboca na bacia do rio Paraná.
Uma bacia hidrográfica pode ser definida como a área da superfície
terrestre que drena água, sedimentos e materiais dissolvidos para um
determinado ponto de um canal fluvial. Pode ser composta por apenas um ou
por milhares de canais fluviais, alguns metros quadrados ou milhares de
quilômetros. A área de uma bacia é delimitada pelos divisores de água a
partir das curvas de nível.
A área urbana de Londrina é formada pelas seguintes
bacias hidrográficas: Jacutinga, Lindóia, Cambé, Limoeiro, Cafezal e Três Bocas. Os ribeirões Jacutinga e Três Bocas são os limites ao norte e ao sul, respectivamente.
A direção dos canais fluviais das bacias dos ribeirões Jacutinga e
Lindóia, ao norte, é no sentido oeste-leste enquanto que as demais bacias:
Cambé, Limoeiro, Cafezal e Três Bocas estão orientadas no sentido
noroeste-sudeste.
A área total ocupada pelas bacias hidrográficas no interior da área urbana
é de 245,52 km2, enquanto que a extensão total dos cursos de
água é de cerca de 240 km. A bacia do Cafezal, localizada na porção sul,
possui a maior área (67 Km2) e estende-se por aproximadamente 72 km,
concentrando um maior número de canais à jusante, delineando um relevo
mais movimentado em relação ao restante da área urbana. A
bacia hidrográfica do ribeirão Lindóia é a segunda em área, porém, não
apresenta a mesma abundância de canais. Seus rios totalizam
aproximadamente, 43 km de extensão.
O padrão geral de drenagem tanto das bacias como das sub-bacias é o padrão
paralelo resultante do forte tectonismo que afetou a área em épocas
remotas, fazendo com que os cursos d’água seguissem as diáclases e
fraturas do basalto. No entanto, em alguns trechos das bacias localizadas
ao sul da área urbana ocorre o padrão dendrítico, decorrente da
movimentação do relevo.
A expansão e a ocupação urbana forçaram a canalização de várias nascentes
e de algumas partes dos cursos d’água. No entanto, o ribeirão
Água Fresca afluente do ribeirão Cambé, primeira fonte de abastecimento da
cidade, ainda permanece em boas condições, pois, não apenas as
instituições gestoras se preocupam com sua qualidade, como também a
própria população. Como ele se encontra muito próximo do Lago Igapó, um
dos pontos de lazer da cidade, tornou-se uma das áreas prioritárias das
ações governamentais e associativas.
Na medida em que a cidade se expandiu, o manancial do ribeirão Cambé,
tornou-se insuficiente, e foi substituído pelo ribeirão Cafezal, situado
mais ao sul e distante da cidade, posteriormente também o rio Tibagi foi
incorporado ao abastecimento da cidade. Estes dois mananciais superficiais
são responsáveis pelo abastecimento de água em Londrina, além
dos mananciais subterrâneos do Aqüífero Serra Geral e do Aqüífero Guarani.
Atualmente, a grande maioria dos centros de reservação de Londrina opera
distribuindo água captada do Sistema Tibagi, no entanto, em caso de
necessidade, um reservatório do Sistema Cafezal pode receber água do
Sistema Tibagi e vice e versa. O Ribeirão Cafezal atende basicamente dois
centros, o centro de reservação Bandeirantes, com a maior capacidade de
reservação da cidade e o centro de reservação Higienópolis, responsável
por atender a região central da cidade. Além dos sistemas Tibagi e
Cafezal, o sistema de abastecimento conta com a participação dos poços
tubulares profundos que captam água do Aqüífero Serra Geral, localizados
na região norte no bairro Vivi Xavier e a sudeste no bairro União da
Vitória. Segundo dados operacionais da Sanepar em dezembro de 2006 a
distribuição do volume de água produzido foi de 55% do Tibagi, 37% do
Cafezal e 6% de poços tubulares profundos.
No que se refere à rede hidrográfica urbana, observa-se um
grande número de canais fluviais de primeira ordem, responsáveis pela
alimentação dos principais ribeirões. Do ponto de vista da expansão
urbana, estes canais fluviais requerem grandes cuidados, tanto em relação
à preservação das nascentes, como em relação ao controle do uso das
margens, pois é geralmente nestas áreas, que ocorre a implantação do
sistema viário.
A hierarquia da rede de drenagem proposta por Strahler (1994), denomina os
menores canais, sem tributários como os de primeira ordem, desde sua
nascente até a confluência. Os canais de segunda ordem surgem da
confluência de dois canais de primeira ordem, e só recebem afluentes de
primeira ordem. Quando há o encontro entre dois canais de segunda ordem,
surge um canal de terceira ordem, que pode receber tanto tributários de
primeira como de segunda ordem. Ao encontrar-se com outro canal de
terceira ordem, surge um canal de quarta ordem que poderá receber canais
de ordem inferior, e assim sucessivamente.
A formação dos lagos artificiais denominados Lago Igapó I, II, III e IV e
do complexo de Lagos da zona norte da cidade, refletem as modificações de
visão do que deve ser valorizado ou não no processo de constituição e
crescimento populacional. Por um lado, incorpora a valorização de
elementos naturais da paisagem com a revitalização de áreas verdes, antes
degradadas por meio de diferentes tipos de exploração e por outro, a
necessidade de implantação de opções de áreas de lazer para a população.
O Lago Igapó tem sua origem em um represamento realizado em 1957 no
ribeirão Cambé que nasce a oeste da cidade de Londrina, próximo ao
município de Cambé. Grande parte do seu curso percorre a área urbana de
Londrina seguindo em direção leste. O lago transformou-se em uma das áreas
de lazer da cidade embora, a princípio, tenha sido projetada como uma
solução para um problema de drenagem do ribeirão Cambé, dificultada por
uma barragem natural. Sua implantação trouxe uma valorização para a região
centro-sul, tornando-a uma das mais belas áreas de lazer e de
embelezamento paisagístico, sendo classificada como o cartão postal da
cidade.
Elementos artificialmente construídos, que valorizam a natureza são parte
integrante da qualidade ambiental e alimentam o imaginário de que
paisagens urbanas naturalizadas e bem cuidadas agregam valor aos espaços.
Para compreendermos a constituição e o surgimento do complexo Lago Norte,
é necessário relembrar seu processo de formação. Esta região possui
aproximadamente 108.000 habitantes que são distribuídos por 118 conjuntos
habitacionais que se apresenta como uma área praticamente, independente da
região central.
Do ponto de vista natural, a densidade hidrográfica existente na região
favorece a formação do complexo. O ribeirão Lindóia é um dos cinco
principais ribeirões que atravessa a cidade e juntamente com os ribeirões
Jacutinga e Quati localizam-se na Zona Norte da cidade. A nascente do
ribeirão Lindóia está localizada também entre a divisa de Londrina e Cambé,
que depois de percorrer dezenas de conjuntos habitacionais da Zona Norte
se une ao ribeirão Quati para formar o ribeirão Ibiporã. Por estar
localizado na área urbana também sofre constante degradação. Atualmente
seu leito encontra-se desmatado e suas margens ocupadas por conjuntos
habitacionais.
Muitas dessas áreas de fundo de vale são irregularmente ocupadas por uso
residencial. Apesar dos riscos que essa população está sujeita, devido à
falta de rede de água e esgoto, da presença de animais domésticos e das
péssimas condições ambientais, as pessoas continuam a viver nestas áreas.
A revitalização dos fundos de vale, com a recuperação das áreas
degradadas, proporcionando um ambiente mais arborizado, mais ameno e mais
saudável, contribui para a melhoria da paisagem e valorização do espaço
urbano bem como, uma opção de lazer próximo ao local de moradia.
O projeto do complexo reforça a idéia da necessidade de reduzir o déficit
de vegetação em fundo de vale com a implementação de paisagismo adequado.
REFERÊNCIAS
STRAHLER, A.N.; STRAHLER, A. H. Geografia
Física. 3 Ed. Barcelona: Ediciones Omega, 1994.
Atlas
Ambiental da Cidade de Londrina. 2008. Disponível em http://www.uel.br/atlasambiental |