O estudioso canadense da literatura, Northop Frye, costumava referir-se à universidade como "a casa de máquinas da sociedade". Se vivo fosse reconheceria, hoje, que tanto o "glamour" do fenômeno da globalização, quanto a sua "execração", passando pelo seu "questionamento dialético", deveriam encontrar, nessa instituição, o seu mais amplo espaço de discussão.

Está aí a principal validade desse exercício de jornalismo realizado pelos alunos do terceiro ano diurno de jornalismo, cujo resultado está diante do leitor. Quando optaram pela cobertura interpretativa do VIII Simpósio de Comunicação e Cultura no Terceiro Mundo, em maio, privilegiando assim a temática da globalização, para a tarefa finalizadora do semestre, assumiram a responsabilidade de fotografar um momento em que o assunto foi pensado, publicamente, na UEL.

Dois meses depois dessa decisão a realidade se incumbiu de confirmar seu acerto. O rosto feliz, que as grandes potências contemporâneas imprimem ao fenômeno, saiu, significativamente, deformado nas imagens que a mídia difundiu, principalmente, no mês de junho, sobre os embates entre pró e antiglobalizadores, no mundo desenvolvido. Se se fixa na violência presente nas manifestações e, principalmente, na sua repressão e nas perspectivas de restrições à liberdade de expressão, já ensaiadas e em andamento com vistas aos novos encontros dos padrinhos da mundialização em curso, a fisionomia que se desenha se aproxima teimosamente do que aprendemos a distinguir como máscaras mortuárias.

Como o leitor poderá perceber, no entanto, o conjunto das falas abrigadas pelo Simpósio não navegou em águas muito profundas, neste ano. Em outros momentos o evento promovido pelo Núcleo de Estudos Afro-Asiáticos foi mais longe. Apenas para citar um único exemplo, a esta altura, uma homenagem, em face do seu recente falecimento, vale lembrar, a vinda do geógrafo Milton Santos. Elucidando pontos chaves da trajetória da globalização, o notável pesquisador semeou inquietações e vontade de pesquisar o mapeamento do mundo de hoje.

É inegável, porém, que o esforço empreendido pelo Núcleo teve um grande mérito: o de ter sido, com as limitações que um evento desse tipo comporta, um espaço inspirador para a discussão de questões cruciais para o presente e futuro do Brasil, aqui, e na sua inserção internacional.

Quanto ao jornalismo que aqui se pratica, tem a palavra o leitor.

Carly B. de Aguiar (professora orientadora)