O LEQUE DA GLOBALIZAÇÃO

O processo simultaneamente social, político, econômico e cultural, nas suas repercussões transnacional, nacional e local que vem sendo chamado de globalização, tem sido enfocado de diversos modos ao longo dos oito simpósios sobre Comunicação e Cultura no Terceiro Mundo, desde a sua primeira realizaçao em 1992.

Uma leitura atenta da programação do conjunto dos eventos revelam, porém que o fio condutor das palestras tem sido mesmo um leque variado de abordagens em torno de aspectos reunidos em um conceito abrangente de cultura, aplicado à realidade dos países periféricos em relação à geopolítica e economia do mundo atual.

O Brasil, na sua dimensão nacional e local, tem sido a unidade geopolítica mais enfocada, vindo em seguida a Africa e Ásia tomadas como espaço de interrelações e experiências historico-sociais. E as temáticas visitadas variam, por exemplo, de temas abrangentes como "Comunicaçao e Cultura no Brasil" (palestra para a qual foi convidado o professor Virgilio Noya Pinto/USP) e "Globalização, Regionalização e o Papel da Imprensa na África" (a cargo do professor Fernando Mourão,também da USP), até exposições como "Política Cultural para o Município de Londrina", num aproveitamento do debate político em um ano eleitoral, pelos candidatos a prefeito em 1992, Wilson Moreira e Eduardo Cheida, envolvidos na Campanha Política para as eleições para a Prefeitura Municipal de Londrina.

A tônica geral dos eventos, porém, foi a presença de personalidades reconhecidas do mundo acadêmico, como o geógrafo e professor Milton Santos da USP(que abriu o 5º evento em 1998, com o tema " Globalização e Mapeamento do Mundo") e o historiador Carlos Guilherme Mota, que esteve no 3º Simpósio em 1996.Destaca-se também a presença de profissionais em evidência no campo da mídia como os jornalistas Boris Casoy e José Simão, ambos da Folha de S. Paulo (em 1992).

A participação de palestristas de grande prestígio porém foi diminuindo ano após ano, talvez pela crise econômica pela qual passa o Paraná e a Universidade em particular. De um total de treze convidados de São Paulo, Rio Grande do Sul e da capital, Curitiba, em 1992, o evento passou a receber apenas um convidado de fora da cidade a partir do quarto evento.

Outro apontamento refere-se à temática da globalização, que só esteve ausente da programação no ano passado e foi o único assunto em 1998, no 5º Simpósio. Do mesmo modo, como se deu a transmutação semântica de "internacional" para "global" no debate acadêmico, mais ou menos na mesma época; já a partir do 3º simpósio (1996) o vocábulo se impôs.

Carly B. Aguiar
Colaboraram Fernanda Corazza e Mariana Veloso