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Existe uma estreita relação entre vetores no espaço \(R^2\) e no espaço \(R^3\). Na verdade, o conceito de vetor geométrico nos espaços euclidianos é sempre realizado da mesma forma, o que difere são as aplicações mais ricas que existem em \(R^3\).
Definição: Um vetor (geométrico) no espaço \(R^3\) é uma classe de objetos matemáticos (segmentos de reta) que tem a mesma direção, mesmo sentido e mesma intensidade. Esta classe de equivalência de objetos com as mesmas características é representada por um segmento de reta desta família (representante).
O representante escolhido, quase sempre é o vetor \(v\) cuja origem é \((0,0,0)\) e extremidade é o terno ordenado \((a,b,c)\) do espaço \(R^3\), razão pela qual denotamos este vetor por: \(v=(a,b,c)\).
Se a origem do vetor não é a origem \((0,0,0)\in R^3\), realizamos a diferença entre a extremidade e a origem do vetor. Por exemplo, se um vetor \(v\) tem origem no ponto \((1,2,3)\) e extremidade no ponto \((7,12,15)\), o vetor \(v=(6,10,12)\), pois:
Existe uma definição mais ampla do conceito de vetor (nem sempre geométrica) que envolve uma gama variada de objetos matemáticos como: matrizes, conjuntos, funções, soluções de equações diferenciais, etc
Se \(v=(v_1,v_2,v_3)\) e \(w=(w_1,w_2,w_3)\), definimos a soma dos vetores \(v\) e \(w\), por:
Ponto Médio de um segmento: Dado um segmento de reta, cujas extremidades são também as extremidades dos vetores \(v_1=(x_1,y_1,z_1)\) e \(v_2=(x_2,y_2,z_2)\), o ponto médio deste segmento é dado por \(m=(x,y,z)\) onde
Centro de Gravidade de um triângulo: Consideremos os vértices de um triângulo, dados pelas extremidades dos vetores \(v_1=(x_1,y_1,z_1)\), \(v_2=(x_2,y_2,z_2)\) e \(v_3=(x_3,y_3,z_3)\). O centro de gravidade deste triângulo é dado pelo vetor \(g=(x,y,z)\) onde
Se \(v=(v_1,v_2,v_3)\) e \(w=(w_1,w_2,w_3)\) são vetores em \(R^3\), definimos a diferença entre \(v\) e \(w\), por:
Exercício: Dados os vetores \(v=(1,3,4)\) e \(w=(1,8,12)\), construir geometricamente os vetores \(v\), \(w\), \(-v\), \(-w\), \(v+w\) e \(v-w\).
Se \(k\) é um número real e \(v=(a,b,c)\) um vetor em \(R^3\), definimos o produto de \(k\) por \(v\), como:
Quaisquer que sejam os escalares \(a,b,c\) e os vetores \(v\) e \(w\) em \(R^3\), temos
O módulo ou comprimento do vetor \(v=(x,y,z)\) é definido por:
Um vetor unitário é o que tem o módulo (comprimento) igual a 1.
Exemplo: Existe um importante conjunto com três vetores unitários de \(R^3\):
Estes três vetores formam a base canônica para o espaço \(R^3\), o que significa que todo vetor \(v=(a,b,c)\) do espaço \(R^3\) pode ser escrito como combinação linear dos vetores \(i\), \(j\) e \(k\), assim:
Para obter um versor de \(v\), isto é, um vetor unitário com a mesma direção e sentido que um vetor \(v\), basta dividir o vetor \(v\) pelo seu módulo \(|v|\), isto é:
Para construir um vetor \(w\) paralelo a um vetor \(v\), basta multiplicar um escalar \(k\) pelo vetor v, isto é:
As três projeções ortogonais do vetor \(v=(a,b,c)\) sobre os planos \(X=0\), \(Y=0\) e \(Z=0\), são respectivamente, dadas por:
Exercício: Quais são os vetores que representam as projeções ortogonais do vetor \(v=(3,4,12)\)? Quais são os módulos de todos estes vetores? Esboce um gráfico com estes vetores.
Dados os vetores v\(=(v_1,v_2,v_3)\) e \(w=(w_1,w_2,w_3)\), definimos o produto escalar (ou interno) entre \(v\) e \(w\), como o escalar real:
Exemplos: O produto escalar entre os vetores \(v=(1,2,5)\) e \(w=(2,-7,12)\) é:
O produto escalar entre os vetores \(v=(2,5,8)\) e \(w=(-5,2,0)\) é:
Exercício: Faça um gráfico, com muito cuidado nas medidas e mostre as posições dos vetores \(v\) e \(w\) do último exemplo.
Quaisquer que sejam os vetores \(u\), \(v\) e \(w\) e o escalar \(k\):
O produto escalar entre os vetores \(v\) e \(w\) pode ser escrito na forma: \(v{\cdot}w = |v| |w| cos(t)\).
onde \(t\) é o ângulo formado pelos vetores \(v\) e \(w\). Este ângulo pode ser maior ou igual a zero, mas deve ser menor do que \(180\) graus (\(\pi\) radianos). Com esta última definição, podemos obter o ângulo \(t\), através do cosseno deste argumento \(t\).
Exercício: Realizar uma análise sobre o produto escalar de dois vetores, quando o ângulo \(t\) é nulo, quando é reto e quando é raso.
Exercício: Determinar o ângulo entre os vetores \(v=(1,1,0)\) e \(w=(1,1,1)\). Nunca se esqueça de construir um gráfico com esses objetos matemáticos.
Dois vetores \(v\) e \(w\) são ortogonais se o produto escalar entre ambos é nulo, isto é, \(v.w=0\).
Exercício: Dado o vetor \(v=(2,3,7)\), quais e quantos são os vetores ortogonais a \(v\) no espaço \(R^3\)? Construa geometricamente esta situação.
Dados os vetores \(v=(v_1,v_2,v_3)\) e \(w=(w_1,w_2,w_3)\), definimos o produto vetorial (ou exterior) entre \(v\) e$ \(w\), denotado por \(v{\times}w\), como o vetor obtido pelo objeto matemático que não é um determinante mas que pode ser calculado como se fosse um determinante:
onde \(i,j,k\) são os vetores unitários da base canônica de \(R^3\).
Exemplo: Dados os vetores \(v=(1,2,3)\) e \(w=(4,5,6)\), o produto vetorial entre \(v\) e \(w\) é dado por \(v{\times}w=-3i+6j-3k=(-3,6,-3)\), obtido a partir do determinante
. Observamos que o produto vetorial é um vetor em \(R^3\).
Tomando \(i=(1,0,0)\) e \(j=(0,1,0)\), que estão no plano do \(z=0\), o produto vetorial destes dois vetores é \(v{\times}w=(0,0,1)\) que é um vetor que está fora deste plano, daí a razão deste produto ser denominado exterior.
Em geral, o produto vetorial \(v{\times}w\) é um vetor ortogonal a \(v\) e também ortogonal a \(w\), isto é, o produto vetorial é ortogonal ao plano que contém os dois vetores \(v\) e \(w\).
O produto vetorial entre os vetores \(v\) e \(w\) pode ser escrito na forma:
onde \(t\) é o ângulo formado pelos vetores \(v\) e \(w\), e \(U\) é um vetor unitário que é paralelo ao produto vetorial \(v{\times}w\), logo \(U\) é perpendicular a \(v\) e também perpendicular a \(w\).
Tomando o módulo em ambos os lados da igualdade acima, obtemos:
Junto com esta última definição de produto vetorial, podemos obter o ângulo \(t\in[0,\pi]\), entre dois vetores \(v\) e \(w\), através de:
Área do paralelogramo: Sejam dois vetores \(v\) e \(w\) com um mesmo ponto inicial, de modo a formar um ângulo diferente de zero e também diferente de \(\pi\) radianos.
O módulo do produto vetorial entre \(v\) e \(w\) pode ser interpretado como a área \(A\) do paralelogramo que tem \(v\) e \(w\) como lados contíguos.
Área do triângulo: A metade do módulo do produto vetorial entre \(v\) e \(w\) pode ser interpretada como sendo a área \(A\) do triângulo que tem dois lados como os vetores \(v\) e \(w\), com origens no mesmo ponto, isto é:
Dados os vetores \(u=(u_1,u_2,u_3)\), \(v=(v_1,v_2,v_3)\) e \(w=(w_1,w_2,w_3)\), definimos o produto misto entre \(u\), \(v\) e \(w\), denotado por \([u,v,w]\) ou por \(u\cdot(v{\times}w)\), como o número real obtido a partir do determinante
Volume do paralelepípedo: O valor absoluto (módulo) do produto misto entre \(u\), \(v\) e \(w\) (nesta ordem) é o volume \(V\) do paralelepípedo que tem as 3 arestas próximas dadas pelos vetores \(u\), \(v\) e \(w\), sendo que estes vetores têm a mesma origem.
Assim:
Volume do tetraedro: Um sexto do módulo do produto misto entre \(u\), \(v\) e \(w\) representa o volume do tetraedro (pirâmide com base triangular) que tem as 3 arestas próximas dadas pelos vetores \(u\), \(v\) e \(w\), sendo que estes vetores têm a mesma origem.