Matemática Essencial

Ensino Fundamental, Médio e Superior no Brasil

Geometria
Pirâmides
Daniela Harmuch e Ulysses Sodré

Material desta página

1 O conceito de pirâmide

Consideremos um polígono contido em um plano (por exemplo, o plano horizontal) e um ponto \(V\) localizado fora desse plano. Uma pirâmide é a reunião de todos os segmentos que têm uma extremidade em \(P\) e a outra num ponto qualquer do polígono. O ponto \(V\) recebe o nome de vértice da pirâmide.

Exemplo: As pirâmides do Egito, também eram utilizadas para sepultar faraós, bem como as pirâmides no México e nos Andes, que serviam para finalidades de adoração aos seus deuses. As formas piramidais eram usadas por tribos indígenas e mais recentemente por escoteiros para construir barracas.

2 Elementos de uma pirâmide

Em uma pirâmide, podemos identificar vários elementos:

  1. Base da pirâmide é a região plana poligonal sobre a qual se apoia a pirâmide.
  2. Vértice da pirâmide é o ponto isolado \(P\) mais distante da base da pirâmide.
  3. Eixo: Quando a base possui um ponto central, isto é, quando a região poligonal é simétrica ou regular, o eixo da pirâmide é a reta que passa pelo vértice e pelo centro da base.
  4. Altura é a distância do vértice da pirâmide ao plano da base.
  5. Faces laterais são regiões planas triangulares que passam pelo vértice da pirâmide e por dois vértices consecutivos da base.
  6. Arestas Laterais São segmentos que têm um extremo no vértice da pirâmide e outro extremo num vértice do polígono situado no plano da base.
  7. Apótema é a altura de cada face lateral.
  8. Superfície Lateral é a superfície poliédrica formada por todas as faces laterais.
  9. Aresta da base é qualquer um dos lados do polígono da base.

3 Classificando pirâmides pelo número de lados da base

Pirâmide triangular Pirâmide quadrangular Pirâmide pentagonal Pirâmide hexagonal
base: triângulo base: quadrado base: pentágono base: hexágono

4 Pirâmide Regular reta

Pirâmide regular reta é aquela que tem uma base poligonal regular e a projeção ortogonal do vértice V sobre o plano da base coincide com o centro da base.

  1. \(R\) é o raio do circulo circunscrito,
  2. \(r\) é o raio do círculo inscrito,
  3. \(l\) é a aresta da base,
  4. \(ap\) é o apótema de uma face lateral,
  5. \(h\) é a altura da pirâmide,
  6. \(al\) é a aresta lateral, e
  7. as faces laterais são triângulos isósceles congruentes.

5 Área Lateral de uma pirâmide

Às vezes podemos construir fórmulas para obter as áreas das superfícies que envolvem um determinado sólido. Tal processo é conhecido como a planificação desse sólido. Isto pode ser realizado se tomarmos o sólido de forma que a sua superfície externa seja feita de papelão ou algum outro material.

No caso da pirâmide, a ideia é tomar uma tesoura e cortar (o papelão d)a pirâmide exatamente sobre as arestas, depois reunimos as regiões obtidas num plano que pode ser o plano de uma mesa.

As regiões planas obtidas são congruentes às faces laterais e também à base da pirâmide.

Considerando uma pirâmide regular cuja base tem \(n\) lados e indicando por \(A(face)\) a área de uma face lateral da pirâmide, então a soma das áreas das faces laterais recebe o nome de área lateral da pirâmide e pode ser obtida por:

\[A(lat) = n\;A(face)\]

Exemplo: Seja a pirâmide quadrangular regular que está planificada na figura anterior, cuja aresta da base mede \(6\operatorname{cm}\) e o apótema mede \(4\operatorname{cm}\).

Como \(A(lat)=n\;A(face)\) e como a pirâmide é quadrangular temos \(n=4\) triângulos isósceles, a área da face lateral é igual à área de um dos triângulos, assim:

\[\begin{align} A(face) &= \frac{b\;h}{2} = \frac{6{\times}4}{2} = 12 \\ A(lat) &= 4(12) = 48\operatorname{cm}^2 \end{align}\]

Exemplo: A aresta da base de uma pirâmide hexagonal regular mede \(8\operatorname{cm}\) e a altura \(10\operatorname{cm}\). Calcular a área lateral.

Tomamos a aresta com \(a=8\operatorname{cm}\) e a altura com \(h=10\operatorname{cm}.\) Primeiro vamos calcular a medida do apótema da face lateral da pirâmide hexagonal. Calcularemos o raio \(r\) da base.

Como a base é um hexágono regular temos que \(r=\frac12 a\sqrt{3}\), assim \(r=4\sqrt{3}\) e pela relação de Pitágoras, segue que o apótema é obtida com \((ap)^2=r^2+h^2\), logo:

\[(ap)^2= (4\sqrt{3})^2+10^2 = 148 = 4{\times}37\]

assim

\[ap = 2\sqrt{37}\]

A área da face e a área lateral, são dadas por:

\[\begin{align} A(face) & = \frac{8{\times}2\sqrt{37}}{2} = 8\sqrt{37} \\ A(lat) & = n\;A(face) = 6(8)\sqrt{37} = 48\sqrt{37} \end{align}\]

6 Área total de uma pirâmide

A área total de uma pirâmide é a soma da área da base com a área lateral, isto é:

\[A(total) = A(lat) + A(base)\]

Exemplo: As faces laterais de uma pirâmide quadrangular regular formam ângulos de \(60\operatorname{^0}\) com a base e têm as arestas da base medindo \(18\operatorname{cm}\). Qual é a área total?

Já vimos que \(A(lat)=n\;A(face)\) e como \(\cos(60^\circ)=\frac12 lado/a\), então \(1/2=9/a\) donde segue que \(a=18\), assim:

\[A(face) = \frac12 b h = \frac12 18(18) = 162\]

Como \(A(lat) = 4{\times}162 = 648\) e \(A(base) = 18^2 = 324\) concluímos que:

\[A(total) = A(lat) + A(base) = 648+324 = 970\]

Exemplo: Um grupo de escoteiros quer obter a área total de suas barracas, as quais têm forma piramidal quadrangular.

Para isso, eles usam medidas escoteiras. Cada dois passos de um escoteiro mede \(1\m\). A barraca tem \(4\) passos escoteiros de lado da base e \(2\) passos de apótema. Calcular a área da base, área lateral e a área total.

\[A(base) = 2{\times}2 = 4\m^2, \quad A(lat) = 4(2)(1) = 8\m^2\]

Logo, a área total da barraca é

\[A(total) = A(lat) + A(base) = 8 + 4 = 12\m^2\]

7 Volume de uma Pirâmide

O volume \(V(pir)\) de uma pirâmide pode ser obtido como um terço do produto da área da base pela altura da pirâmide, isto é:

\[V(pir) = \frac13 A(base)\;h\]

Exemplo: Fulana tem um perfume contido em um frasco com a forma de uma pirâmide regular com base quadrada. A curiosa Fulana quer saber o volume de perfume que o frasco contém. Para isso ela usou uma régua e tirou duas informações: a medida da aresta da base de \(4\operatorname{cm}\) e a medida da aresta lateral de \(6\operatorname{cm}\).

Como \(V(pir)=\frac13 A(base) h\), devemos calcular a área da base e a medida da altura. Como a base tem forma quadrada de lado \(a=4\operatorname{cm}\), logo \(A(base) = a^2 = 4^2\operatorname{cm}^2 = 16\operatorname{cm}^2\).

A altura \(h\) da pirâmide pode ser obtida como a medida de um cateto de um triângulo retângulo cuja hipotenusa é dada pela altura \(L=6\operatorname{cm}\) da aresta lateral e o outro cateto \(Q=2\sqrt{2}\) que é a metade da medida da diagonal do quadrado. Dessa forma \(h^2=L^2-Q^2\), se onde segue que \(h^2=36-8=28\) e assim temos que \(h=2\sqrt{7}\) e o volume é \(V=\frac13 16{\times}2\sqrt{7}=\frac{32}{3} \sqrt{7}\).

8 Seção Transversal de uma pirâmide

Seção transversal de uma pirâmide é a interseção da pirâmide com um plano paralelo à base da mesma. A seção transversal tem a mesma forma que a base, isto é, as suas arestas correspondentes são proporcionais. A razão entre uma aresta da seção transversal e uma aresta correspondente da base é dita razão de semelhança.

Notas sobre seções transversais:

  1. Em uma pirâmide qualquer, a seção transversal e a base são regiões poligonais semelhantes. A razão entre a área da seção transversal e a área da base é igual ao quadrado da razão de semelhança.
  2. Ao seccionar uma pirâmide por um plano paralelo à base, obtemos outra pirâmide menor (acima do plano) semelhante em todos os aspectos à pirâmide original.
  3. Se duas pirâmides têm a mesma altura e as áreas das bases são iguais, então as seções transversais localizadas à mesma distância do vértice têm áreas iguais.
  4. \(V(sec)\) é o volume da seção até o vértice (volume da pirâmide menor),
  5. \(V(pir)\) é o volume da pirâmide (maior),
  6. \(A(sec)\) é a área da seção transversal (base da pirâmide menor),
  7. \(A(base)\) é a área da base da pirâmide (maior),
  8. \(h\) é a distância do vértice à seção (altura da pirâmide menor), e
  9. \(H\) é a altura da pirâmide (maior).

Assim:

\[\frac{V(sec)}{V(base)} = \frac{A(sec)}{A(pir)} \frac{h}{H}\]

e

\[\frac{A(sec)}{A(base)} = \frac{h^2}{H^2}\]

Então:

\[\frac{V(sec)}{V(base)} = \frac{h^3 }{H^3}\]

Exemplo: Uma pirâmide tem a altura medindo \(9\operatorname{cm}\) e volume igual a \(108cm^3\). Qual é o volume do tronco desta pirâmide, obtido pelo corte desta pirâmide por um plano paralelo à base da mesma, sabendo-se que a altura do tronco da pirâmide é \(3\operatorname{cm}\)?

Como

\[\begin{align} V(pirMenor)/V(pir) &= h^3 /H^3 \\ V(pirMenor)/108 &= 6^3 /9^3 \\ V(pirMenor) &= 32 \end{align}\]

então

\[V(tronco) = V(pir) - V(pirMenor) = 108\operatorname{cm}^3 - 32\operatorname{cm}^3 = 76\operatorname{cm}^3\]