Caracterização do Sistema Aqüífero Guarani

* Osmar José Gualdi

Características Geológicas

A denominação Aqüífero Guarani é do geólogo uruguaio Danilo Anton, em memória do povo indígena
da região.

O Aqüífero Guarani é um pacote de camadas arenosas que se depositaram na bacia sedimentar do Paraná ao longo do Mesozóico (Período Triássico, Jurássico e Cretáceo Inferior) entre 200 e 132 milhões de anos, sendo constituído pelas formações geológicas Pirambóia (no Uruguai Buena Vista) e Botucatu (Misiones no Paraguai; Tucuarembó no Uruguai e na Argentina), com espessura média de 250 metros.

Formação Botucatu – arenitos eólicos avermelhados, de granulação fina à média, uniforme, com boa seleção de grãos foscos com alta esfericidade, teor de argila inferior a 10%.

Formação Pirambóia – arenitos de granulometria média à fina depositados em ambiente fluvio-lacustre e eólicos, apresentando do topo para a base, teores de argila acima de 20%.

Características Físicas

O aqüífero é um enorme reservatório de águas subterrâneas de área estimada de 1,3 milhões de km², que se estende pelo Brasil (840.000 km²), Argentina (355.000 km²), Uruguai (58.500 km²) e Paraguai (58.500 km²). A área de afloramento na bacia é de 150.000 km², superfície por onde infiltra a água que alimenta o manancial.

Cerca de 90% estão recobertos por espessos derrames de lavas basálticas, o que lhe oferece características típicas de um aqüífero regional confirmado.

No Brasil abrange os estados de Mato Grosso o Sul, Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná, Goiás, Minas Gerais, Santa Catarina e Mato Grosso. Apenas uma capital Campo Grande, MTS é abrangida pelo aqüífero.

No estado de São Paulo abrange área de 155.800 km², sendo 15% em área livre, situada a leste, por onde há recarga e 85% em área confinada, a oeste, recoberta pelos derrames de basaltos da Formação Serra Geral.

Reserva e Potencial Explotável

As reservas ativas ou reguladoras foram calculadas em 160 km³/ano ou 5 mil m³/s, representando o potencial renovável que circula no aqüífero. Nem toda reserva renovável pode ser explotada porque:

- Os poços de extração devem Ter um distanciamento mínimo entre si de quilômetros;
- Deve se evitar grandes rebaixamentos do nível d’água por bateria de poços.

O potencial explotável refere se em torno de 25% da reserva ativa ou 40 km³/ano, o que corresponderia a cerca de 30 vezes a demanda total de água dos 15 milhões de habitantes da região de ocorrência do manancial.

As águas do aqüífero de boa qualidade química atendem múltiplos usos, com indústria, irrigantes, lazer e em especial no setor público atende a quase totalidade do abastecimento de Ribeirão Preto, 50% de Araraquara e de São Carlos e 40% de São José do Rio Preto, com poços atingidos no estado profundidade até de 1600 metros.

Característica Hidrodinâmica

As características hidráulicas do aqüífero, indicam valores médios do coeficiente de permeabilidade da ordem de 3m/dia; coeficiente de armazenamento entre 10-³ e 10-6, porosidade estimada em 15 a 20%; Transmissividade entre 150 e 800 m²/dia. A velocidade de circulação das águas é muito baixa, variando de 0,75 a 0,50 cm/dia no sentido regional do fluxo. A linha piezométrica virtual, correspondente aproximadamente à cota 450 metros; linha que delimita o domínio de artesianismo. Será surgente o poço perfurado em cota abaixo desta, tendo alcançado no poço do Pereira Barreto, produção de 1 milhão de litros/hora.

Qualidade das Águas

Na área de recarga a leste e ao longo de uma faixa contígua de cerca de 60 km, as águas são bicarbonatadas cálcicas e cálcio-magnesianas, com pH ácido inferior a 7,0 e o resíduo seco com teor abaixo de 200 mg/l.

Na região de maior confinamento a Oeste, as águas tornam-se bicarbonatadas sódicas e calcosulfatadas sódicas, o pH é alcalino, e os valores de resíduos seco variam de 200 a 600 mg/l.

* Osmar José Gualdi

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geológo: Universidade Julio Mesquita Filho - Rio Claro - SP
Graduação em Geologia ( 1974 - 1977 );

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Gerenciou pesquisa geotécnica em diversas obras de Usinas Hidroelétricas, nos rios Paranapanema, Pardo e Tietê de execução da CESP e como Geólogo Responsável (DAEE) da Seção Técnica de-Geologia e Geotecnia da Residência de Obras de Juquiá;

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Planejamento e gerenciamento de programa para investigação geológica-geotécnica, em obras de barragens, canais - Bacia do Rio Juquiá, Vale do Ribeira;

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Estudo Geológico de campo de áreas de reservatórios de Itatinga e Itapanhaú - Mogi das Cruzes;

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Desenvolve estudos e projetos de Poço Tubular Profundo de pequenas e grandes dimensões, proferiu várias palestras sobre Águas Subterrâneas;

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Assistente Técnico de Direção, fiscal de água, inspetor do CREA.

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