3. Decolonialidades na Comunicação
Investiga as decolonialidades nos processos de comunicação. Estuda a circulação de representações e presenças plurais e diversas de pessoas, minorias e comunidades subalternizadas. Propõe o fim das histórias únicas e disrupturas discursivas e historiográficas nas políticas de aparição, novas narrativas, fabulações, ficcionalizações e friccionalizações não hegemônicas. Estuda a desconstrução das discursividades repetidas e (re)atualizadas, que (re)produzem estigmas sociais eurocentrados, patriarcais, capitalistas, neoliberais e necropolíticos. Pesquisas pensadas nas encruzilhadas interseccionais de sexualidades, gêneros, etarismos, raças, etnias, capacidades, localizações geopolíticas, corporalidades dissidentes entre outras. Propõe a produção de conhecimentos localizados a partir dos afetos, dos corpos, dos saberes ancestrais, das ruas e dos movimentos de resistência e desobediência.
Projetos de Pesquisa
Corpas Gordas: gordofobia, resistências e ativismos
Maria Luísa Jimenez
Corpas gordas: gordofobia, resistências e ativismos propõe contextualizar a construção sociocultural em que a ciência da saúde coloca as corporalidades gordes, a concepção equivocada da binaridade entre saúde e doença, a pré condição na qual um corpo para ser belo, saudável e feliz tem que estar magro e a manutenção da magreza com estratégias dolorosas e violentas, escolhas alicerçadas por uma cobrança social violenta, respaldada no que se considera saúde. Acabamos associando o discurso biomédico como decisivo na manutenção, a qualquer custo, de um corpo magro. Desde que chegamos ao mundo, a saúde nos é associada à preocupação com a gordura e à busca feroz pela magreza, um pilar que contribui fortemente para a estigmatização do corpo gordo em sociedade, preconceito denominado por gordofobia. Esse entendimento acaba impulsionando mais estigmatização, tristeza e violências contrariando o que podemos entender por um corpo com saúde, propulsionando patologias aos corpos que não se encaixam nos cânones do que é considerável “normal”, “belo”, “limpo” e “saudável”. A partir da Pesquisa Gorda – Estudos transdisciplinares das corporalidades gordas, rompemos paradigmas e construímos novos entendimento sobre temas como corpas, doença e saúde, saudável, normal e patológico, “obesidade”, estigma, medicalização, patologização, estudos cuirs, feminismo gordo descolonial, corpos dissidentes, racismo, homofobia, transfobia, gordofobia, interseccionalidades, epistemologias subalternas, capacitismo, etarismo, saúde colonizadora, descolonialidade, artivismo, escritas afectivas, entre outros, fazem parte de nossos estudos.
Autoritarismos e estereótipos na comunicação: passado, presente e futuro
Márcia Neme Buzalaf
Como os autores vinculados à perspectiva pós-colonial podem colaborar na identificação dos mecanismos autoritários e na estruturação de estereótipos feitos pelos meios de comunicação? Esta é a pergunta que norteia este Grupo de Pesquisa. A busca por quebrar as narrativas hegemônicas vem sendo traçada em diferentes esferas do conhecimento, amplificando as falas que ainda são dominadas por práticas comunicativas que mascaram a pluralidade de representações sobre o passado, o presente e o futuro. Busca-se pressupostos conceituais pós-colonialistas para compreender os processos sociais envolvidos nas diferentes narrativas em relação aos dois temas propostos ? autoritarismos e estereótipos -, especialmente nas construções midiáticas. O objetivo é desenvolver uma leitura interpretativa crítica de diferentes meios comunicativos a partir, principalmente, de obras da nigeriana Chimamanda Adichie, da indiana Gayatri Spivak, do palestino Edward Said, do indiano Homi Bhabha e dos brasileiros Ruy Braga e Lilia Schwarcz, entre outros, a fim de contribuir para a solidificação das teorias pós-coloniais nas pesquisas de comunicação. Palavras-chave: Autoritarismos; Estereótipos; Mídia, História; Pós-colonialismo.
Comunicação e Diversidades nos Contextos Organizacionais
Marcielly Cristina Moresco
A partir da produção acadêmica, científica e ativista dos Estudos de Gênero, Feministas, Étnico-Raciais e da Comunicação, o projeto tem como objetivo investigar discursos e práticas comunicacionais nas políticas de diversidade e inclusão (de gênero, sexual, étnico-racial, de deficiências e de corporalidades dissidentes) das melhores empresas para se trabalhar no Paraná. Espera-se compreender como as organizações estão promovendo as questões de gênero e outras diversidades em sua comunicação e em sua cultura organizacional, e como ocorrem as práticas comunicacionais das políticas de combate às desigualdades.
A produção audiovisual como articuladora de sentidos de identidade e interculturalidade
Mônica Panis Kaseker
Interessa a este projeto de investigação tomar como objeto de estudo, em especial, as produções audiovisuais que tratam da questão indígena. Com a internet, atores sociais considerados periféricos passaram a ocupar lugares de fala antes inexistentes. Por meio de blogues, portais, páginas ou canais próprios, muitos grupos de interesses em comum têm se organizado em comunidades virtuais e elaborado suas próprias narrativas sobre seus modos de viver, necessidades e anseios. É o caso dos povos indígenas, que têm ampliado sua participação na rede, a exemplo de iniciativas como a webrádio Yandé e até mesmo de organizações como o Instituto Socioambiental que articula uma rede de informações sobre o tema. Torna-se necessário avançar no estudo dessas práticas comunicativas que ajudam na articulação e integração cultural dos saberes indígenas, suas lutas e direitos, assim como na sua visibilidade social. O audiovisual consiste em uma forma de comunicação eficaz diante da forte vocação oral dos povos indígenas, especialmente porque a capacidade expressiva das imagens engloba aspectos fundamentais da comunicação indígena: a oralidade e a corporalidade.
Contranarrativas radicais produzidas por homens e mulheres transexuais e travestis: a construção de novos sentidos, a partir de meios de comunicação contra-hegemônicos, populares, comunitários, democráticos e participativos
Reginaldo Moreira
O projeto de pesquisa tem como objetivo investigar as produções insurgentes de contranarrativas à mídia hegemônica, pela população de homens e mulheres transexuais, como também de travestis, compreendendo as possibilidades de mídia radical participativa, democrática, popular e/ou comunitária de construção de novos sentidos, uma vez que essa população é, via de regra, estigmatizada pela mídia hegemônica. A possibilidade de ocupações, acessos e criações desses coletivos, considerados subalternos pela maquinaria do capital, pode revelar novas imagens, até então invisibilizadas, marginalizadas, silenciadas e estigmatizadas; interferindo no imaginário social, para diminuição e/ou deslocamentos de preconceitos e estigmas, mostrando as potencialidades insurgentes das maquinarias do desejo, produtores de outros sentidos, possibilidades, visibilidades e dizibilidades. O acesso às novas tecnologias, considerado um dispositivo para a produção de novos significados em disputa nas narrativas midiáticas, podem potencializar empoderamentos desta população, a partir da participação, produção de conteúdo e expressão de seus modos de ver, pensar e agir no mundo. As antigas narrativas hegemônicas, únicas e verticalizadas, sem possibilidades dos contrapontos dos que vivenciam as realidades sociais na própria pele, gradualmente e de maneira irreversível, vão ganhando espaço com o acesso às tecnologias e às possibilidades dessa minoria produzir conteúdo e gerar novos pontos de vista de suas realidades, validando seus saberes e suas experiências de vida. A pesquisa investigará as possibilidades das revelações desses novos pontos de vista ao imaginário social, por meio do olhar da própria população excluída e marginalizada. O projeto analisará a construção das novas narrativas, como reveladoras de pluralidades, diversidades, singularidades e diferenças, em que se permita à população de homens e mulheres transexuais e travestis, participantes dos processos de comunicação, dizerem: nós temos um lugar no mundo! Nós existimos!