Dezembro de 2013 |
NOTA DOS EDITORES
Com grande satisfação, chegamos à publicação de mais um volume da Revista Estação Literária. Neste número 12, reunimos 37 trabalhos em um dossiê que contempla diferentes formas de se pensar os Malditos e Marginais na Literatura. Dentre os aspectos da nova edição que merecem atenção, destacamos três: Em primeiro lugar, contamos neste volume com a estimada contribuição do poeta, crítico, ensaísta e tradutor Claudio Willer. Pioneiro na disseminação dos estudos sobre o romantismo, o surrealismo e a geração beat no Brasil, além de tradutor de malditos como Lautréamont, Artaud, Kerouac e Ginsberg, Willer gentilmente nos oferece, em sua apresentação, um breve comentário sobre a importância dos artigos publicados em nosso dossiê para o campo dos estudos literários. Destaca-se também a primeira tradução publicada pela Revista. Traduzido por Maurício Arruda Mendonça e Volnei Edson dos Santos, “O castelo de Kafka. Itinerário de uma imagem” é um ensaio do italiano Sandro Barbera (1946-2009), renomado estudioso da Università di Pisa, que nos brinda, aqui, com uma reflexão sobre a aproximação entre a filosofia de Schopenhauer e o romance de Franz Kafka – talvez o maior entre os marginais de toda a história da literatura. Por fim, reiteramos aqui a importância do nosso Espaço de Criação, que já segue desde o volume 9 da revista. Novamente, editamos esse suplemento com o intuito de divulgar o trabalho criativo dos alunos e professores da área de Letras. A cada nova edição, portanto, temos a oportunidade de conhecer os contos, poemas e fotografias criados por pesquisadores brasileiros. Agradecemos a todos os autores e pareceristas que contribuíram para a publicação deste novo volume da Estação Literária. Sem vocês, nossa revista não seria possível.
Uma boa leitura a todos,
Comissão Editorial da Estação Literária
APRESENTAÇÃO
Octavio Paz, na coletânea de ensaios A outra voz[1], afirmou: “A poesia, na idade moderna, tem sido um alimento que a burguesia se mostrou incapaz de digerir”. E, mais incisivamente: “[...] um dos traços característicos da poesia moderna é sua decidida vontade minoritária. [...] Desde os grandes simbolistas, a poesia tem sido rebelião solitária, subversão no subsolo da linguagem e da história”. Para o notável poeta e ensaísta mexicano, tais poetas são “os filhos rebeldes da modernidade”. Observou, contudo, que suas obras ultrapassam esse confinamento, através do impacto e escândalo provocado por movimentos de poesia em rebelião, como aqueles dos românticos, simbolistas, vanguardistas, surrealistas. Representantes do que denominou, em Os filhos do barro[2], de “tradição da ruptura”. Um exemplo recente – embora objeto de restrições de Paz – é aquele dos integrantes da Geração Beat, cuja influência ultrapassou o campo da criação literária. A relação entre poesia – e, por extensão, a prosa com valor poético – e a sociedade moderna é, portanto, complexa e ambivalente. Inclui “casos” literários: os excêntricos, à margem em seu tempo, subsequentemente lidos e cultuados. Alguns, conforme mostra esta edição de Estação Literária, ainda à espera do reconhecimento e circulação que mereceriam: um deles, certamente, Pétrus Borel. O elenco de autores e temas aqui examinados vai desde arquétipos bíblicos, patronos históricos como Villon e Blake, do principal responsável pelo prestígio do termo “maldito”, Rimbaud, até contemporâneos como os recentes marginais e alternativos brasileiros e, merecidamente em dose dupla, José Agrippino de Paula. Trata dos modos de difusão, a exemplo dos fanzines; das vozes expressivas de minorias sociais, gêneros e etnias historicamente marginalizados; das tendências, como o grotesco e o culto à decadência; de movimentos como o surrealismo de Portugal, periférico em um primeiro momento, porém marcando, hoje, a produção poética daquele país – e, espera-se, de toda a lusofonia. Semelhante amplidão da pauta confirma, penso, que a contradição de poesia e sociedade, tal como observada nos trechos citados de Octavio Paz, sendo histórica, nada tem de circunstancial. Ao associar a boa criação literária à rebelião e inquietação, dá-nos instrumentos adicionais para combater um conformismo bem pensante, ainda tão-presente na literatura e fora dela.
Claudio J. Willer
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