APRESENTAÇÃO

É com alegria que chegamos ao fim do percurso deste décimo número da Revista Estação Literária, publicando, enfim, o vagão 10C. Seguindo nossa tentativa não muito rigorosa de uma divisão temática entre os três volumes, agrupamos desta vez os artigos que investigaram as formas literárias do tema da errância. Poderíamos resumir nossa intenção editorial da seguinte forma: neste volume, o leitor encontrará leituras das manifestações estéticas da errância.

Ao contrário do volume 10A, onde a ênfase dos artigos era, em maior ou menor medida, entender e desenvolver noções teóricas em torno da errância, para então aplicá-las à analise do texto literário, o vagão 10C toma o caminho inverso: agora, os artigos analisam como as obras articulam, dentro de si, o tema da errância. Se antes a errância era ponto de partida teórico, agora ela é o objeto da análise. Nós, editores, sabemos que a diferença é sutil, e quase imperceptível, se se levar em conta que não é possível delinear o objeto sem se valer de conceitos que o recortem. Mas nosso critério levou em consideração muito mais uma diferença na ênfase dos artigos do que na substância das análises.

O leitor que se aventurar pelo último vagão deste volume compreenderá como o texto literário articula a errância para criar efeitos estéticos e de sentido: assim, a imagem dos cegos errantes de Saramago metaforiza a cegueira do homem na pós-modernidade; os peregrinos cristãos de Gil Vicente e João Cabral de Melo Neto constroem a imagem da vida enquanto uma viagem; Paulo Leminski desconstrói a linguagem em seu Catatau, articulando assim uma estética nômade.

Ao fim de nosso trabalho editorial, gostaríamos de agradecer àqueles que contribuíram para que este número de nossa revista, o maior até agora, tenha sido publicado. A todos os pareceristas, aos articulistas e aos leitores, a nossa gratidão. E até a próxima viagem.

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Comissão Editorial 

Revista Estação Literária