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“Faça sua contribuição social”

Dedicada e muito apaixonada pela carreira acadêmica, Maria Aparecida Trevisan Zamberlan é um brilhante exemplo para os jovens ingressantes nessa caminhada

Paulista, natural de Presidente Prudente, Maria Aparecida sempre foi ligada à área acadêmica. Graduou-se em Pedagogia pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNESP - campus Presidente Prudente/SP. Seu Mestrado foi realizado de 1977 a 1979, e o Doutorado de 1980 a 1983, sendo os dois no Instituto de Psicologia da Universidade e São Paul, na área de Desenvolvimento Humano. E após dez anos, em 1993, iniciou seu Pós-Doutorado, que foi concluído em 1995, na USP, campus de Ribeirão Preto/SP.

A docente aposentada destaca que em sua trajetória universitária estudou a maior parte do tempo em escola pública, tendo sido bolsista da CAPES como estudante, e do CNPq por ser pesquisadora. “Viajava bastante para estudar, longe da minha família durante a semana e voltava nos finais de semana”, disse.

Quando chegou a Londrina no final de 1970, ela já havia se casado e, na época, lecionava em Araçatuba/SP na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Nivaldo era de Londrina e ele foi o único motivo pelo qual ela deixou São Paulo: “Eu vim só pelo fato de ter casado e querer realmente constituir minha vida ao lado do meu marido” [...] “Em 1970 foi aberto o edital para um concurso de Psicologia, onde se recrutavam profissionais para montar o quadro da Universidade”. Ela prestou o concurso e foi aprovada, e em março de 1971 ela começou a trabalhar na UEL.

“Houve um período de adaptação um pouco difícil, como eu vim de São Paulo para Londrina eu não conhecia ninguém aqui, tive que me acostumar com uma cultura nova. E como a Universidade estava começando, as dificuldades eram de cunho estrutural, como a ausência de laboratórios, falta de equipamentos, falta de auxiliares de pesquisa”.

No começo ela também sentiu muita falta do aspecto cultural na cidade: “Eu estranhava ter vindo de São Paulo, uma cidade que tem muitos eventos culturais, como peças de teatros, livrarias excelentes, bibliotecas. E aí cheguei aqui e não tinha quase nada”, explana.

“Mas havia uma garra, uma vontade de constituir uma Universidade, de discutir conceitos reais sobre ela. E havia grande envolvimento emocional com a Universidade, o desejo e a motivação de concretizar os projetos”, disse Maria. Só que existia outro lado que ela vivenciou também: “O que me chateava eram as brigas internas dentro dos departamentos e a competição dos departamentos entre si. Às vezes os conflitos internos no departamento refletiam na vida acadêmica”, frisa.

Aos sábados eles iam à UEL, fazer reuniões dos colegiados acadêmicos que estavam se constituindo. Ela participava do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) e Conselho Universitário (CU). “Éramos docentes, mas também participávamos destes conselhos acadêmicos, das reuniões do colegiado. Era um período de preparação dos currículos acadêmicos antes de consolidar o curso de Psicologia”, explica. 

Em 1972 o curso de Psicologia estava em andamento e ela trabalhou como professora e orientadora no Departamento de Psicologia por 25 anos, na área de Análise do Comportamento. “A maioria dos alunos desta área passou por mim, foram meus alunos”, ressalta.

Durante todos esses anos na UEL, Trevisan construiu amizades duradoras e importantes na sua vida. “Maria Nilce Missel era professora da Universidade também, e além de colega de trabalho, tornou-se minha amiga na vida particular. Tanto é que se tornou a madrinha da minha filha; somos comadres, além de amigas. Hoje trocamos e-mails e ligações”. Na área acadêmica, entre seus colegas de departamento estavam: Dr. José Aloysio Bzuneck, vice-reitor da Universidade; também a Professora Dra. Elsa Maria Pullin e a Professora Dra. Lourdes Ferreira Coutinho.

Uma experiência muito marcante em sua carreira dentro da UEL foi realizada no período de 1994 a 1998 em que ela foi Diretora de Avaliação Institucional na Assessoria de Planejamento e Controle. “Como diretora, a partir de um banco de dados de cada setor da Universidade, eu subsidiava o desenvolvimento de projetos de expansão acadêmica e física. Ao mesmo tempo eu era representante do Reitor em algumas situações; então eu conhecia cada departamento”, explica Maria Aparecida.

“Muitos departamentos achavam que esta Assessoria só servia para controlá-los, mas essa não era a realidade; a Assessoria precisava ter uma visão global da Universidade. Trabalhei ao lado do Reitor Jackson Testa e a Vice-Reitora Nitis Jacon e meu contato com eles era estritamente profissional”. Ela conta que trabalhar no setor administrativo de uma Universidade não é tarefa fácil, tinha conflitos, mas era muito interessante e estimulante.

“Essa experiência foi muito significativa na minha vida, eu gostei muito. Embora trouxesse aborrecimentos, ela me trouxe experiência e essa muito diferente da departamental”, explana Aparecida.

Nos últimos anos de UEL, continuou sendo orientadora e foi professora do Mestrado em Educação, no Departamento de Educação do Centro de Educação, Comunicação e Artes (CECA). Em todos esses anos, Maria Aparecida, fez diversas pesquisas na área familiar, e contribuiu com estudos significativos na sua área de atuação profissional.

Explicando porque que ela se aposentou, ela nos contou: “Eu tinha uma vida acadêmica intensa, eu escrevi livros, fiz várias publicações. Como pesquisadora eu tinha compromissos, fiz projetos de extensão, na área de intervenção social com crianças, adolescentes e famílias. Eu só me aposentei porque meu marido teve um AVC (Acidente Vascular Cerebral), ele já estava aposentado e a condição física dele exigia uma atenção especial, principalmente minha”.

Há aproximadamente um ano Maria Aparecida perdeu seu esposo. Foi casada por 40 anos com Nivaldo Zamberlan. Ele era aposentado pela UEL, onde trabalhou por 33 anos. Nivaldo era ortodontista e também docente do Centro de Ciências da Saúde da Universidade, tendo se aposentado em 2005. No ano passado recebeu homenagem póstuma pela Universidade, nos 50 anos de história da Odontologia na UEL.

“Eu conheci o Nivaldo numa festa alemã do Chopp que aconteceu em setembro de 1969; a festa era promovida por uma boate chamada Caneco. Foi por intermédio de uma amiga minha, que era de Londrina”, recorda Maria Aparecida.

Juntos construíram uma família composta por sua filha, Cassiana, que nasceu em 1974, e seguiu o exemplo do pai, tornando-se ortodontista. Ela tem dois filhos: o Arthur que tem três anos e meio e o Bruno, que é o mais novo com dois anos e meio”, orgulhosa, Maria Aparecida conta.

Maria Aparecida ressalta que ajudou o esposo na sua recuperação, na reaprendizagem da fala, do andar, do comer, e de outras necessidades. E juntos eles começaram a fazer fisioterapia e terapia ocupacional. “Como eu o acompanhava, nós dois fazíamos juntos. Ele fazia tecelagem, e eu passei a fazer pintura. Quando era universitária, eu tinha começado um curso de pinturas em tela, entretanto, a academia tomava todo o meu tempo, mas sempre gostei dessa área”, destaca. “Hoje eu me dedico a essas atividades: pintar, fazer escultura, cuidar das minhas flores”, complementa Zamberlan.

Comentando sobre seu companheiro: “Ele era uma pessoa maravilhosa”, disse Maria Aparecida. Como ela conta, ele era uma pessoa muito brincalhona e feliz, que faz tremenda falta em sua vida. Ela ressalta que ele tinha muitos hobbies, como o fotografar e a pescaria. “Todo feriado costumava sair para a pesca com os amigos, também da Universidade, dentre os quais o Dr. Yoneo Takahashi. Ele fez fotos lindas do Lago Igapó, da nossa chácara onde passávamos muitos finais de semana, da nossa filha e dos nossos netos”, recorda-se Maria Aparecida.

Maria Aparecida deixa um recado para as pessoas que estão ingressando na vida universitária: “Devemos notar a importância do ajustamento profissional, da carreira que exige identificação pessoal. Se somos bem sucedidos na carreira, também temos sucesso como pessoa, e então nos sentimos realizadas e com uma contribuição social efetivada. Entretanto, a primeira coisa que acredito que um estudante deva ter é consciência clara do que ele quer na Universidade”, diz Aparecida, discorrendo sobre a importância de o aluno saber o porquê e para que ele esteja fazendo um curso de graduação. 

“É importante a pessoa sentir que ela vai se ajustar àquela profissão, mas o adolescente ainda não tem essa consciência muito clara”. Ela acredita na importância de um trabalho preventivo de orientação vocacional e educacional nas escolas. Para ela: “nas escolas, no ensino médio, deveriam ser discutidas as possíveis carreiras e profissões, e também estender a discussão para a questão salarial, inclusive, para que seja feita a observação, se esse aluno tem qualidades e habilidades que permitirão que ele seja bem sucedido na profissão escolhida”.

“Outra coisa que acho extremamente importante é viver bem a vida universitária. É preciso viver esse contexto sócio-político-histórico-cultural, do qual o estudante não pode se alienar. Vida universitária para mim é participar de centros acadêmicos, pesquisas acadêmicas, grupos de teatro, coral, essas coisas que são mais que as salas de aula”, releva Trevisan.

Ela conta que orientou mais de quarenta trabalhos de iniciação científica de alunos de graduação, mais de vinte estudantes de mestrado na UEL e em outras instituições, e cinco de doutorado como orientadora e colaboradora do Programa de Pós-Graduação do campus de Marília, na UNESP.

“Conversando com uma aluna minha, ela estava contando que já está no segundo pós-doutorado, e eu perguntei se ela não pararia nunca, ela me respondeu: ‘o meu maior exemplo foi você’”, rindo e satisfeita com essa participação na vida dos alunos, Aparecida explana sobre alguns momentos de alegria de sua carreira. Orgulhosa de tudo o que já passou conta: “Encontro meus alunos e eles me agradecem por eu ter permitido a eles, esse convívio fora e além da sala de aula. Organizando e participando de encontros e congressos, acompanhei muito meus alunos”.

“Eu tenho saudade dos primeiros tempos de UEL, daquele envolvimento emocional, de como as pessoas se conheciam mais proximamente. E também tenho bastante saudade do meu trabalho administrativo na Assessoria de Planejamento e Controle, porque foi uma época bastante produtiva da minha vida e diferente de tudo aquilo que eu vinha fazendo. Mas por outro lado, já era a época de começar a me distanciar, eu dei muito de mim enquanto trabalhei, e achava que faltava um espaço na minha vida, no aspecto pessoal. A Universidade me absorvia muito, agora eu tenho esse espaço, mas por outro lado não tenho a Universidade”, comenta.

Lillian Cardoso

Livros Publicados

Interações Familiares - Teoria, Pesquisa e Subsídios a Intervenção - Maria Aparecida Trevisan Zamberlan e Zélia Maria Mendes Biasoli Alves (Volume 1 e 2)

Psicologia e Prevenção - Modelos de Intervenção na Infância e na Adolescência - Maria Aparecida Trevisan Zamberlan

Research on Family Resources and Needs Across the World - Participação de Maria Aparecida Trevisan Zamberlan, Publicado em Milão.

 


Ficha Técnica

Categoria: Docente

Nome Completo: Maria Aparecida Trevisan Zamberlan

Último Local em que Atuou: Departamento de Educação (CECA)

Natural de: Presidente Prudente - SP

Ano de Aposentadoria: 2007

 

 

 

 

 

 

 


 

 
 
       
 
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