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“Gosto de orientar alunos”

 

O engenheiro chileno, Raul Jorge Hernan Castro Gomez, acredita que ensinar é mais que ficar dentro da sala de aula.

Quando está aqui no Brasil, Raul é perguntado sobre seu sotaque. Quando está no Chile, país natal, seu sotaque é abrasileirado. “No Brasil, tenho sotaque espanhol. Perguntam-me da onde sou. Mas quando chego ao Chile, não tenho mais o sotaque de lá, tenho sotaque brasileiro”, conta o entrevistado naturalizado brasileiro, já com seus cabelos e barbas brancas.

Raul nasceu no Chile. É formado em Engenharia de Alimentos, pela Pontifícia Universidade Católica do Chile. “Toda minha vida trabalhei com microbiologia. (...) Depois fui empregado no setor da bacteriologia. Fiz um mestrado em microbiologia aplicada, depois um doutorado na área de microbiologia”. Concluiu um pós doutorado em na mesma área. “Faz mais de 20 anos que trabalho com a área de microbiologia”, complementa Raul.

No Chile, Raul trabalhou no Instituto Tecnológico do Chile. Esse instituto fazia um trabalho voltado para a população. Recebeu um convite para vir ao Brasil trabalhar na Universidade Federal de Lavras (MG), através de um contato de um amigo. Aceitou o convite rapidamente. É que na década de 70, o Chile passava por uma ditadura extremamente violenta. O ditador era Augusto Pinochet e ficou no poder até o ano de 1989. Uma dos mais agressivos governos da América Latina e estima-se que foram mais de 40 mil vítimas, dentre eles, desaparecidos e mortos. Trabalhar em setores voltados para a população, com um valor social já era motivo de investigação por parte do governo chileno.


Os altos índices econômicos dos anos de ditadura chilena seguiam a mesma proporção dos índices de violência. Raul conta que teve amigos de trabalho que foram interrogados ou que não voltavam para o trabalho depois de serem intimados pela polícia política. Conhecidos desapareceram. Em 1988, houve um plebiscito no Chile para a população voltar à democracia ou continuar o governo de Pinochet. A vitória foi da democracia. Raul ainda vai ao Chile visitar parentes e amigos, mas não quer voltar a morar lá. Agora, “sou brasileiro e não mais chileno”, diz.
Depois de um tempo em Minas Gerias, foi convidado para participar do departamento de pós graduação de Ciência e Tecnologia de Alimentos, que faz parte do Centro de Ciências Agrárias (CCA). Isso foi em 1986. Inicialmente, o departamento que Raul atuou na UEL, era chamado de Departamento em Tecnologia de Medicamentos. Englobava o curso de Farmácia e setor de pós graduação. “Mas agora eles tem outro departamento, que de Ciências farmacêuticas, que faz parte da saúde (CCS). Mesmo assim, este departamento continua dando aulas (...) no curso de farmácia”, explica Raul.


Com 70 anos, está na coordenação de um curso da especialização da UNOPAR. Ainda trabalha na UEL como professor sênior no mesmo departamento que foi contratado. Já deu aulas na pós graduação e para os últimos anos de Agronomia, Veterinária e Zootecnia. Lecionou aulas de semiologia, microbiologia de alimentos. NaUNOPAR, trabalha em algo mais especifico, biotecnologia aplicada à área de laticínios, no setor de pós graduação de leite e derivados.


Na UEL ainda tem dois doutorandos que orienta. Até o final do ano, eles terminam suas orientações. O contrato como sênior na Universidade tem duração de três anos e o de Raul Jorge termina este ano. Quem é responsável pela continuidade do sênior na Universidade é o chefe de departamento, e seu contrato pode ser renovado por mais três anos. “No meu caso, eu entrei como sênior no programa de pós graduação. (...) Dar aulas, ter aluno para orientar”, conta Raul.

Começou trabalhar na UNOPAR em 2014, a convite de um ex aluno, que atualmente é pró reitor de pesquisa e pós graduação da faculdade. “Já que estava aposentado, decidi vir para cá. (...) É um programa novo, que está se formando”, conta Raul. “As coisas vão aparecendo e eu fui fazendo. Tenho muito mais afinidade com o setor produtivo. Mais do que a academia. Mas não significa que não gosto da academia. Gosto da área de pesquisa”, conta o aposentado e conclui, “gosto de orientar alunos, formar alunos”. Ele conta que prefere orientar alunos em pesquisas dos que dar aulas, pois normalmente os alunos não se interessam pelos temas que ele leciona. “Sempre dei aula nos últimos anos da graduação. Em agronomia e zootecnia. Como era de outro departamento, achava que os alunos ficavam um pouco perdidos ou não se interessavam muito pela disciplina”. Por isso completa, prefere “ensinar do modo de orientar uma dissertação, uma pesquisa (...) porque é um pessoal mais interessado, que vem atrás”.

 

Marina Gallo

 


 


 

 
 
       
 
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