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Entre Uvas, Letras e Histórias     

Academia e política se misturam na vida de Alcides Vitor de Carvalho, professor de letras da Universidade Estadual de Londrina desde sua fundação

Na garagem de Alcides Vitor de Carvalho alguns galões com aproximadamente 35 litros de vinho cada um aguardam o seu “período de gestação”: são nove meses de espera até que ele fique pronto.  O cheiro do álcool fica no ar neste canto da casa do professor aposentado da Universidade Estadual de Londrina. Plantar uva e fazer vinhos é um prazer para o professor, que só o faz para a família e amigos.

Alcides, mineiro de Carvalhópolis, veio para Londrina após passar pelo Rio Grande do Sul, onde estudou por 12 anos; Adamantina, interior de São Paulo, e Arapongas, onde trabalhou. Na cidade começou a fazer o curso de Letras na Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Londrina.

Em 1971 a UEL foi reconhecida pelo governador da época, Paulo Pimentel. Cinco instituições da cidade se uniram para formar a UEL, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras; Faculdade de Direito; Faculdade de Odontologia; Faculdade de Medicina e Faculdade de Ciências Econômicas.

Alcides havia assumido como professor na Faculdade assim que se formou. Com a criação da Universidade ele ajudou a criar o Departamento de Letras no Centro de Letras e Ciências Humanas, o CLCH.

A época era de Ditadura Militar e Alcides participava da política. No ano de 1968 o professor esteve no 30º Congresso Nacional da União Nacional dos Estudantes em Ibiúna, representando Londrina. O Congresso acabou com a prisão de mais de 800 estudantes. Alcides estava entre eles.

“Fiquei no presídio Tiradentes por muito tempo. Aí numa perseguição política posterior de não poder trabalhar, uma espécie de vigilância muito de cima,(...) eu estava numa situação complicada e em 1973 eu fui para fora (França) e aproveitei para fazer o mestrado”, relembra.

O professor recebeu uma bolsa do governo francês para cursar mestrado e doutorado em literatura popular brasileira, desde que continuasse vinculado à UEL. Após três anos fora, Alcides voltou para o Brasil. Como a sua pesquisa de doutorado era sobre literatura de cordel, ele viajou pelo país recolhendo material.

Alcides não voltou para a França para defender sua tese e doou parte do material para a UEL. Hoje a Universidade tem um acervo com cerca de 3.500 folhetos de literatura de cordel. A coleção, que fica na Biblioteca Central, pode ser consultada por todos e possui o nome do professor.

Em 1979, Alcides foi um dos fundadores do Sindiprol (Sindicato dos Professores de Londrina) e presidiu a entidade de 1982 até 1985. No inicio, o sindicato reunia professores e servidores de outras instituições superiores da região, não apenas da UEL. Acides estima que o Sindiprol chegou a ter dois mil filiados na época.

Como ex-presidente do sindicato, o professor relembra da greve de 45 dias que aconteceu em 1984, pedindo aumento de 150% em alguns casos. O governador, José Richa (1982-1986) cortou o salário dos servidores, que organizavam feiras em frente ao Centro de Ciências Biológicas para agüentar a situação. Com isto o governo acabou cedendo às exigências.

Alcides aposentou-se na Universidade Estadual de Londrina em 1993, quando assumiu a Secretaria de Cultura de Londrina na gestão do prefeito Luiz Eduardo Cheida (PT), de 93 a 97. Depois da secretaria, Carvalho assumiu por quatro anos a Casa da Cultura da UEL, responsável pelo Festival Internacional de Londrina, pelo Festival de Música, pelo Teatro Ouro Verde e pela Orquestra Sinfônica da UEL.

Depois de um ano sem dar aulas, ele voltou a lecionar na Faculdade Pitágoras nos cursos de comunicação. Alcides conta um pouco deste encanto que o levou de volta as salas de aula,“(...) ser professor é bom porque a cada semestre renova a turma, você tem que se preparar de novo, enriquece a gente, quero dar aula até os 80, 90, até 100 (...) enquanto der.”  


Poliana Lisboa de Almeida

 

Ficha Técnica

Categoria: Docente

Nome Completo: Alcides Vitor de Carvalho

 

 

 
 
       
 
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