Minicurso 01 – A análise cinematográfica por meio do esquema quaternário de Canevacci
Apresentar ao acadêmico a metodologia de análise fílmica proposta por Massimo Canevacci em sua obra Antropologia do Cinema: do mito à indústria cultural (1990). A asserção do autor projeta a estrutura fílmica por meio dos eixos Pater, Filius, Diabolus e Spiritus. Pater é a origem que move a história, o poder dentro da narrativa cinematográfica; Filius é o herói em constante viagem dentro da trama, ele busca tornar-se Pater; para isso, contará com o apoio de Spiritus, um elemento geralmente feminino que poderá ter uma natureza dupla; Diabolus irá opor-se a Filius e tentará impedir seu triunfo. Na religião, Pater é Deus, Filius é Cristo, Spiritus é o Espírito Santo e Diabolus é Satanás. A identificação de tais elementos, propostos por Canevacci, permite decodificar obras cinematográficas. Para a apreensão da metodologia, analisar-se-á as películas Ele está de volta (Er Ist Wieder Da, David Wnendt, 2015) e A outra história americana (Coming of age, Tony Kaye, 1999). A obra de Wnendt exibe o retorno de Adolf Hitler nos dias atuais e a recepção da população germânica a ele; já o filme de Kaye conta a história de um neonazista e suas redes criminosas nos Estados Unidos. As duas películas evidenciam a presença fascista na sociedade contemporânea mesmo após décadas do fim da 2ª guerra mundial.
Sobre a ministrante:
Renata Aparecida Frigeri é doutoranda em Comunicação pela Univ. Estadual Paulista (UNESP/Bauru) e mestra também em Comunicação pela Univ. Estadual de Londrina (UEL). É professora da Faculdade Pitágoras de Londrina.
Minicurso 02 – Análise da fotografia moderna brasileira
A fotografia moderna brasileira tem sido objeto de atenção de pesquisadores da fotografia nos últimos anos. A retomada do interesse por essa estética fotográfica é muito importante, dizendo respeito a uma nova forma de entender e de procurar estabelecer parâmetros para o que foi nossa expressão moderna fotográfica, que por muito tempo foi considerada à parte da produção e da própria história da fotografia nacional. Pretendemos abordar o surgimento dessa estética no Brasil no interior dos fotoclubes, ao lado da necessidade que estes tinham de estabelecer para a fotografia o estatuto de arte. Torna-se também de grande importância ressaltar a presença da fotografia moderna nas décadas de 1930 a 1950 ao lado das artes plástica modernas na busca pela criação de um público para essa arte através de meios que divulgassem sua produção, como a criação de clubes como o intuito de apresentarem exposições, cursos sobre arte moderna, aquisições de livro sobre o tema para bibliotecas públicas e privadas e o surgimento de uma crítica voltada à essa produção. Dessa forma, pretendemos abordar e analisar a fotografia moderna como parte integrante de um movimento mais amplo, que se refere à arte moderna brasileira, e que culmina com a criação de espaços novos e importantes para sua divulgação, como, por exemplo, o Museu de Arte de São Paulo (MASP).
Sobre a ministrante:
Priscila Miraz de Freitas Grecco é doutora em História pela Univ. Estadual Paulista (UNESP/Assis) e professora nas Faculdades Integradas de Ourinhos (FIO).
Minicurso 03 – Análise de representações em quadrinhos: Palestine, de Joe Sacco
Em dezembro de 1987, nos territórios ocupados pelas Forças de Defesa de Israel (FDI) na Cisjordânia e da Faixa de Gaza, irrompe o movimento popular palestino contra a violência que segue desde a Guerra da Palestina de 1948. Pouco mais de três anos após o início das manifestações no Oriente Médio, o jornalista estadunidense Joe Sacco segue por conta própria para os territórios ocupados a fim de realizar a cobertura dos eventos por uma perspectiva totalmente parcial palestina. Nos poucos mais de dois meses que permaneceu na Palestina, o jornalista coletou entrevistas com uma diversidade de palestinos interessados em relatar suas experiências. O resultado desta peregrinação pelos territórios ocupados foi à história em quadrinhos (HQ’s) denominada Palestine. Com seu estilo apropriado tanto do bigfoot estadunidense como do underground nos anos de 1970, Sacco relatou o cotidiano dos palestinos em seu convívio com a FDI. Além disso, nas entrelinhas de seu trabalho, as mais variadas representações podem ser observadas na arte do fazer das histórias em quadrinhos. Sendo Palestine também uma crítica ao fazer jornalismo, visto que Sacco critica por inúmeras vezes a qualidade pífia dos meios de comunicação nos Estados Unidos, e por mais que busque oferecer a contrabalança de uma mídia tendenciosa pró-Israel, seu trabalho não está isento de preconceitos e expectativas, o que de certa forma, também se torna mais um produto estratégico do campo de produção simbólica dos meios de comunicação. Assim, analisar Palestine colabora na compreensão de como as apropriações táticas tornam-se produto estratégico para o consumo.
Sobre o ministrante:
José Rodolfo Vieira é mestrando do Programa de Pós-graduação em História da Univ. Estadual de Londrina (UEL).
Minicurso 04 – As imagens em manuscritos iluminados: miniaturas medievais
A produção de imagens sempre foi uma forma de expressão humana; localizadas em seus ambientes de utilização elas podem nos dizer muito sobre um período. Observando iluminuras, encontramos um papel importante desempenhado pela visualidade no medievo. Também chamadas de miniaturas, as imagens feitas em manuscritos, aliam a ilustração e a ornamentação por meio de pintura em cores, ouro e prata, de letras iniciais, flores, folhagens, figuras e cenas, em combinações variadas, ocupando ou não parte do espaço reservado ao texto e estendendo-se pelas margens, em barras e/ou molduras. Ainda que a produção de manuscritos iluminados fosse cara e restrita, foram confeccionados muitos exemplares durante os séculos medievais; feitos com pele de animais e pigmentos naturais, esses códices contaram com as pinturas de imagens para agregar ainda mais valor, e apresentam o uso da imagem junto ao texto em relações diversas. Os esforços crescentes na área de disponibilização desses materiais na internet possibilitaram um alargamento dos estudos visuais através dessas imagens tão ricas. Conhecer as iluminuras e inseri-las nos estudos imagéticos abre possibilidades para uma compreensão da diversidade visual construída pelo homem ao longo do tempo.
Sobre a ministrante:
Pamela Wanessa Godoi é mestra em História pela Univ. Estadual de Londrina (UEL) e pesquisadora/membro do Laboratório de Estudos dos Domínios da Imagem (LEDI).
Minicurso 05 – Breve introdução aos estudos de iconografia e iconologia: o significado das imagens ESGOTADO!!
O Minicurso tem o objetivo de apresentar a iconologia e a iconografia como método de análise de imagens para a História da Arte, ao mesmo tempo em que pode ser usado pelos historiadores da cultura. Assim, para cada material de pesquisa, uma metodologia distinta é sugerida ou criada a partir das necessidades e das questões levantadas pelo historiador. A interdisciplinaridade é um dos caminhos mais frutíferos para quem se aventura pelos caminhos das imagens. Se Aby Warburg (1929) estivesse vivo, ainda se sentira pouco a vontade com a teimosa insistência das fronteiras entre as disciplinas humanísticas . Para o pensador alemão, as perguntas sobre o “Homem” devem ser respondidas levando em consideração o máximo de contribuições possíveis, sendo a imagem uma delas. Aby Warburg extrapolava a obra de arte, ele ia além, buscando compreender a imagem, aquilo que se encontrava por trás do suporte artístico. Warburg pensou em uma “memória social” que atuava em determinados momentos da história ocidental. Por sua vez, Erwin Panofsky pensou a Iconologia, uma metodologia que falava do significado nas artes visuais, buscando conectar a obra a um contexto social. Dessa forma, o minicurso pretende realizar uma introdução a esses conceitos, mostrando os prós e os contras da metodologia de interpretação das imagens.
Sobre a ministrante:
Kellen Cristina Silva é doutoranda em História pela Univ. Federal de Minas Gerais (UFMG) e mestra em História pela Univ. Federal de São João Del Rei.
Minicurso 06 – Do cérebro eletrônico ao PC: História e representação visual dos computadores
Vivemos ao longo das últimas décadas o processo de naturalização social do uso da informática, no qual o uso de processamento de dados deixou de ser uma tecnologia restrita a grandes usuários (bancos, indústrias, governos). Esse fenômeno tomou grande impulso a partir da década de 1980 com o advento da micro computação e do Personal Computer (PC) que permitiu à população em geral um maior acesso à informática, que desde então tem ocupado mais espaços (públicos e privados) no tecido social. A proposta deste minicurso é oferecer uma perspectiva panorâmica desta revolução tecnológica por meio da análise da história e da historiografia da informática. Trabalharemos, neste sentido, a partir de três eixos: em primeiro lugar, uma análise bibliográfica sobre o tema enfatizando os pontos de vista da história da ciência e história empresarial; no segundo momento traremos da trajetória da informática, tento em um contexto mais geral, a história da computação comercial dos anos 1950 aos anos 1990, quanto no contexto específico deste processo no Brasil; por fim, trataremos da história da informática por meio de imagens, como desenhos industriais, fotos, manuais técnicos, propagandas.
Sobre o ministrante:
Lucas de Almeida Pereira é doutor em História pela Univ. Estadual Paulista (UNESP/Assis), docente do Instituto Federal de São Paulo (IFSP/Suzano) e pós-doutorando da Univ. Federal do ABC (UFABC).
Minicurso 07 – Fotografia e fotojornalismo na América Latina
No breve século XX o fotojornalismo cumpriu importantes papéis no registro e documentação visual da História, bem como na veiculação de imagens-informação e nas constituições de um imaginário social e de um “olho de época”. Na América Latina não foi diferente. Do México ao Chile, das revoluções Mexicana e Cubana às ditaduras militares no Cone Sul, o trabalho do fotojornalista balizou do simples registro inerente ao cotidiano profissional à denúncia e oposição, da conformação de um imaginário social à desconstrução de regimes, líderes e discursos sociais e políticos. Neste minicurso, os professores e pesquisadores Sampaio Barbosa (UNESP/Assis) e Favatto Jr. (UEL) propõem a apresentação do itinerário percorrido em quase um século pela fotografia de imprensa na América Latina, ressaltando não somente notórios trabalhos fotojornalísticos do Brasil, do Chile, de Cuba e do México, como também propondo a reflexão sobre a gama de aportes teóricos e a multiplicidade de suportes metodológicos de compreensão e análise desse importante e fascinante instrumento da Cultura Visual Moderna em suas íntimas intersecções com a História Política e a História Social de nuestra América.
Sobre os ministrantes:
Carlos Alberto Sampaio Barbosa é doutor em História pela Univ. de São Paulo (USP), membro do Laboratório de Estudos dos Domínios da Imagem (LEDI) e professor do Depto. de História da Univ. Estadual Paulista (UNESP/Assis).
Barthon Favatto Jr. é doutorando em História pela Univ. Estadual Paulista (UNESP/Assis), membro do Laboratório de Estudos dos Domínios da Imagem (LEDI) e professor do Depto. de História da Univ. Estadual de Londrina (UEL).
Minicurso 08 – Lendo e reconstruindo a imagem: entre o acervo fotográfico familiar e a experiência de construção de um saber mediado e interdisciplinar em sala de aula
O minicurso se propõe a pensar a fotografia que compõe os acervos de famílias como objeto de estudo e problematização em ensino. A partir de uma compreensão do papel mediador do professor em sala de aula, pretende-se estimular o debate e a reflexão sobre os empregos destas representações imagéticas no desenvolvimento de aulas em perspectivas interdisciplinar. Neste sentido, o que se tem como proposta é o recorte temático da ação pedagógica, problematizada na imagem fotográfica e suas múltiplas narrativas. Pretende-se neste minicurso, voltar-se a professores dos mais diversos segmentos e níveis de ensino, estimulando nestes uma reflexão sobre as possibilidades de exploração da cultura material presente no cotidiano dos alunos como fonte de estudo e desenvolvimento de conhecimento histórico e cultural. Pautado em uma proposta teórico-prática, este minicurso se propõe a uma descoberta coletiva de possibilidades de ensino tanto a nível de extensão e pesquisa, quanto a ação significativa em sala de aula.
Sobre o ministrante:
André Camargo Lopes é doutor em História pela Univ. Estadual Paulista (UNESP/Assis), mestre em História pela Univ. Estadual de Londrina (UEL) e professor da Secretaria Estadual de Educação do Paraná.
Minicurso 09 – O carnaval carioca contado por suas imagens: da fotografia das ruas à criação de um desfile de Escola de Samba
O carnaval carioca é reconhecido como uma das mais dinâmicas festas populares realizadas em um grande centro urbano. Embora historicamente apresente aspectos que separam espaços conforme os níveis socioeconômicos de sua população, é inegável o seu poder de romper com as fronteiras sociais. A memória das manifestações carnavalescas foi sendo preservada ao logo dos séculos XIX/XX e XXI por diversos Meios: fotográfico, fílmico, e digital. Explorar esta história através destas imagens revela que a cultura popular pode ser redimensionada através destes discursos que resgatam memórias que são importantes também para compreendermos o presente. A pesquisa e elaboração de um desfile, documentada em duas diversas etapas atualiza o poder da imagem, seja como ponto de partida para inspirações, seja como produto final de uma valiosa documentação.
Sobre a ministrante:
Helenise Monteiro Guimarães é doutora em Artes Visuais pela Univ. Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e docente da Escola de Belas Artes da Univ. Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Minicurso 10 – Televisão e História: Brasil e França em perspectiva comparada
O conhecimento histórico sobre a televisão como um meio de comunicação social possui contornos distintos de acordo com o país escolhido. Quando olhamos para a produção historiográfica brasileira sobre o tema, constatamos que ainda são poucos os historiadores que se arriscam a pesquisar as imagens fugidias do meio. Na direção oposta, a historiografia francesa tem, há pelo menos duas décadas, uma produção constante e consistente, iniciada com a renovação da história política na década de 1980 e intensificada nas décadas seguintes com a ampliação dos objetos da história cultural e uma legislação que consolidou o acesso às fontes. Pretende¬-se, a partir de uma perspectiva histórico-comparatista, apresentar um panorama sobre as principais questões teórico-metodológicas imbricadas na relação entre história e televisão no Brasil e na França. Bem como realizar um exercício mais prático com o visionamento e análise de alguns excertos de programas, buscando explorar os elementos que o historiador pode problematizar ao trabalhar com o audiovisual televisivo como fonte e objeto de pesquisa e ensino.
Sobre o ministrante:
Wellington Amarante Oliveira é doutorando em História pela Univ. Estadual Paulista (UNESP/Assis) e mestre em História pela mesma instituição.
Minicurso 11 – Usos políticos do Cinema: a Era de Ouro mexicana e a Política da Boa Vizinhança norte-americana
Temos como objetivo, neste mini-curso, abordar os usos político-ideológicos do cinema nos Estados Unidos, durante o período conhecido como Política de Boa Vizinhança, e no México, durante a Era de Ouro. Nos Estados Unidos, a representação do outro latino-americano está historicamente associada à produção e reafirmação de estereótipos, os quais se voltam mais para características físicas e comportamentais, e menos para a localização geográfica. Durante os anos 40, no entanto, a necessidade de aproximação estimulou a busca pelo conhecimento da região localizada ao sul do Rio Grande, e a produção de filmes e animações pela Disney passaram a ter o objetivo de mostrar uma suposta unidade americana, estrategicamente importante para a participação dos EUA na II Guerra Mundial. Já no México, a década de 1940 marcou o auge do período conhecido como Era de Ouro, caracterizado pela intensa produção e distribuição de melodramas com viés claramente nacionalista. As imagens, símbolos e representações do México pós-Revolução Mexicana, presentes na pintura muralista, ocuparam as telas do cinema produzido por Emilio Fernandez e Gabriel Figueroa, renomados diretor e fotógrafo cinematográficos. Em ambos casos, os usos político-ideológicos do cinema se fazem presentes, assim como a construção de uma imagem, de si ou do outro. Dessa forma, para muito além da busca ingênua por uma neutralidade ou fidelidade nas representações, abordaremos o filme como um recurso privilegiado para a compreensão das visões de mundo, identidades, valores e imaginário de uma sociedade, além da importância deste para a consolidação de projetos políticos. Tanto o contexto histórico, quanto a própria linguagem cinematográfica serão utilizados para a compreensão mais ampla dos períodos abordados e das fontes fílmicas apresentadas.
Sobre a ministrante:
Andréa Helena Puydinger de Fazio é doutoranda em História pela Univ. Estadual Paulista (UNESP/Assis), mestra em História pela mesma instituição e docente do Departamento de História da Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES).