Professor Sérgio Ruffo Roberto, do Departamento de Agronomia, e Youssef Khamis, do Agricultural Research Center, Plant Pathology Research Institute - Cairo (Egito)
Composto para desenvolver produto comercial não tóxico e sem resíduo, que visa o combate de doenças da pós-colheita de uva e de outras frutas. Esse é o resultado de um projeto de pesquisa desenvolvido na Universidade Estadual de Londrina (UEL). O professor Sérgio Ruffo Roberto, do Departamento de Agronomia, do Centro de Ciências Agrárias (CCA), está à frente do projeto.
O professor explica que o composto consiste em nanopartículas (partes microscópicas) à base de sílica (substância encontrada em minerais, areia e silicatos) e quitosana (presente no exoesqueleto de crustáceos). Esse material é a essência para um produto que vai combater o mofo cinzento, doença que atinge frutas depois de colhidas (pós-colheita). O mofo é causado pelo fungo botrytis cinérea.
Sérgio Ruffo afirma que a doença causa prejuízos a produtores e, também, ao processo de exportação de frutas no Brasil. Ele estima, por exemplo, em 17 dias, o período entre carregar um navio e a carga chegar à Europa. "Essa doença fúngica [causada pelo botrytis cinérea] desenvolve-se nas frutas, mesmo a 1ºC em câmaras refrigeradas".
Professor visitante - O trabalho para desenvolver o composto envolve outros pesquisadores, como Youssef Khamis, do Agricultural Research Center, Plant Pathology Research Institute, do Cairo (Egito). Ele está na UEL, na condição de professor visitante do exterior. Também integram a pesquisa o professor Admilton Oliveira, do Departamento de Microbiologia, do Centro de Ciências Biológicas (CCB); e o professor César Augusto Tischer, do Departamento de Bioquímica e Biotecnologia, do Centro de Ciências Exatas (CCE).
O professor e pesquisador Youssef Khamis está associado ao projeto de pesquisa Mode of action of salt solutions to control botrytis cinerea in table grapes for domestic and export markets, coordenado pelo professor Sérgio Ruffo, com fomento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Khamis também ministra a disciplina Tópicos Especiais em Agronomia - Doenças Pós-colheita (Uvas e Citrus), do Programa de Pós-Graduação em Agronomia.
Youssef explica que o composto para combater a doença fúngica teve de cumprir alguns protocolos como a publicação do resultado em revista científica. O trabalho, assinado por ele e pelos professores da UEL, está na edição 141 (agosto de 2019) do International Journal of Biological Macromolecules. A publicação é editada pela Elsevier, empresa de Amsterdã (Holanda), fundada em 1880.
Ele explica que a patente do composto já foi requerida com depósito no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Para isso, é necessário realizar uma busca e verificar se não existe patente a partir desse composto. "Realizamos testes com a sílica e a quitosana separadas e, depois, combinadas. A ligação química das duas substâncias tem grande eficiência", afirma o professor visitante. "Esse composto não é tóxico, nem deixa resíduo no meio ambiente como os fungicidas e pesticidas normalmente usados".
Sérgio Ruffo afirma que o desenvolvimento do produto em escala comercial depende de parcerias com empresas e que envolve outros setores da universidade, como a Incubadora Internacional de Empresas de Base Tecnológica (Intuel). "As cooperações internacionais são muito valiosas e todo mundo sai ganhando".
Desenvolvido originalmente para combater o mofo cinzento da uva, o composto - cuja forma final é um pó - pode ser usado em outras 200 variedades como morango e frutas cítricas. "A aplicabilidade do produto é grande", comenta o professor Sérgio Ruffo.