Reunião entre representantes das entidades responsáveis pela pesquisa
A pesquisa que constatou o aumento de 296 (2008) para 930 (2019) pessoas em situação de rua, em Londrina, servirá de base para levantamento a ser realizado em Curitiba. Os professores da UEL Fábio Lanza, do Departamento de Ciências Sociais, do Centro de Letras e Ciências Humanas (CCH), e Rozinaldo Miani, do Departamento de Comunicação, do Centro de Educação, Comunicação e Artes (CECA), foram convidados para evento do Ministério Público do Estado do Paraná (MPE), no qual farão o relato da experiência de Londrina.
O convite para expor a pesquisa partiu do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Proteção aos Direitos Humanos, do MP do Paraná. Em correspondência ao professor Fábio Lanza, a assistente social Keity da Cruz afirma que o Ministério Público do Estado articula, junto à Câmara de Vereadores de Curitiba, a realização de uma pesquisa sobre população em situação de rua. O evento será no próximo dia 14.
"Conseguimos abrir uma caixa que estava bem guardada. As pessoas não se davam conta da dimensão desse problema. A partir da experiência de Londrina, podemos expandir o debate para outros locais", diz Fábio Lanza. A pesquisa Pesquisa POP Rua teve a participação da UEL, do Ministério Público de Londrina, da Defensoria Pública, do Centro Pop (Secretaria Municipal de Assistência) e da Unopar. Os resultados foram apresentados no final do mês de abril.
A socióloga Clarice Junges, do Centro Pop, afirma que a pesquisa considerou propostas de pessoas em situação de rua, refletindo suas expectativas. "A grande preciosidade desse trabalho é a voz da pessoa que vive na rua. Essa fala é de uma riqueza impressionante", afirma Clarice.
André Luis Barbosa representa o Movimento Nacional dos Moradores de Rua. Ele critica a falta de intersetorialidade das políticas. "O Centro Pop é o serviço mais acessado porque as outras secretarias não existem". O assistente social Marco Antonio da Rocha, do Ministério Público de Londrina, concorda com Barbosa. "Falou em morador de rua, lembra-se em assistência social, mas a política tem de ser intersetorial. Não se tira alguém da rua sem as ações de várias secretarias".
O professor Fábio Lanza destaca o papel do estado no enfrentamento dos problemas sociais. "Defendemos a ampliação das políticas públicas. Deve-se fortalecer o Sistema Único de Saúde, o Sistema Único de Assistência Social, o sistema de proteção psicossocial, os programas habitacionais. Essas políticas estão falhando. Se a pessoa acaba na rua é porque não deram conta de prevenir essas questões".
Resultados - Os três principais motivos que levam uma pessoa a viver na rua, segundo a "Pesquisa POP rua", são a dependência de substâncias psicoativas (42,3%), os conflitos familiares (30,9%) e o desemprego (25,5%). A maioria dessa população é do sexo masculino, na faixa etária de 20 a 59 anos. A grande maioria (81%) diz querer sair das ruas.