Professor Fábio Lanza , do CCH, e mestrando Vinícius dos Santos Moreno Bustos
A população em situação de rua aumentou 314% em Londrina desde o último levantamento divulgado em 2008. É o que mostra a "Pesquisa POP Rua", que identificou 930 pessoas em situação de rua atualmente - contra 296 da pesquisa anterior. Os resultados da pesquisa, realizada em conjunto pelo Ministério Público de Londrina, em parceria com a Defensoria Pública, UEL e Unopar, foram apresentados na Promotoria, em audiência na última segunda-feira (29).
Dependência de substâncias psicoativas (42,3%), conflitos familiares (30,9%) e desemprego (25,5%) são os três principais motivos que levam as pessoas para as ruas. Além disso, mais de 81% afirmam querer sair da rua. O resultado da pesquisa mostra que a maioria dos entrevistados é do sexo masculino, na faixa etária economicamente ativa, de 20 a 59 anos, com Ensino Fundamental incompleto. Além disso, 30% dos entrevistados nasceram em Londrina.
Os questionários foram aplicados no mês de outubro do ano passado, em ruas de Londrina, centros de referências, mocós, praças, abrigos, casas de internação e serviços de saúde - Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Em breve, o relatório completo será disponibilizado para consulta no endereço laboratorios/religiosidade .
A UEL foi representada na pesquisa por meio do Projeto de extensão Práxis Itinerante, coordenado pelo professor Fábio Lanza, do Departamento de Ciências Sociais, do CCH. A aplicação dos questionários contou com a participação dos estudantes do curso Ciências Sociais e Pós-graduação em Sociologia.
O professor Fábio Lanza considera que a quantidade de respostas representa uma amostragem da população de rua. "Com certeza mais de mil pessoas estão em situação de rua na cidade", constata. Para ele, Londrina é uma cidade de grande potencial econômico e tecnológico, mas que, em contraponto, "o progresso anda de mãos dadas com a extrema pobreza".
Atualmente, os moradores em situação de rua são assistidos pelo Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP), da Prefeitura de Londrina, que oferece 20 refeições e 30 banhos por dia. O professor questiona, entretanto, se o espaço é suficiente para atender as cerca de mil pessoas em situação de rua.
"É preciso desnaturalizar a concepção de que a pessoa pode se tornar morador de rua. Isso é um equívoco no projeto societário", ressalta Fábio Lanza, que defende a relevância da pesquisa em Sociologia, visando a contribuição para projetos sociológicos que possam melhorar a qualidade de vida do município.
Com as informações em mãos, o professor observa que é de responsabilidade das lideranças políticas e dirigentes do município replanejarem as políticas públicas da cidade, que envolvem os âmbitos do trabalho, educação, moradia, saúde, com foco nas pessoas em situação de rua.
Para o mestrando Vinícius dos Santos Moreno Bustos, do programa de Pós-graduação em Sociologia, integrante da equipe, a pesquisa é importante, em especial porque enriquece a formação profissional dos sociólogos. "Ela sai do teórico e vemos as contribuições desse trabalho, que pode melhorar a sociedade com políticas públicas efetivas", afirma.
Equipe - Além do professor Fábio Lanza e de estudantes do curso de Ciências Sociais, a equipe é formada pelo professor Rozinaldo Antonio Miani, do Departamento de Comunicação, do Centro de Educação, Comunicação e Artes (CECA), pela assistente social do Ministério Público, Adriana Azevedo, pelo professor da Unopar e psicólogo da Defensoria Pública em Londrina, Clodoaldo Porto Filho, e pela assistente social da Defensoria Pública, Nara Damião dos Santos Lucena.