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09/04/2019  

Projeto discute Novo Urbanismo

José de Arimathéia

"O desafio hoje é entender o presente, que tem uma legibilidade complicada", defende o professor Jurandir Guatassara

Em 1991, o arquiteto Oscar Niemeyer presidiu o Congresso Internacional de Urbanismo em Maringá, que reuniu alguns dos mais expressivos teóricos do território urbano para debater o tema "Cidade e Governo". O objetivo foi, de acordo com os registros do próprio evento, "discutir, em fórum interdisciplinar, a ação do governo na construção da cidade".

O evento teve grande repercussão na época, inclusive por ter antecipado discussões do Congresso Brasileiro de Arquitetos, realizado dois meses depois, mas sem tantos nomes conhecidos. Porém, a memória do Congresso de Maringá sobreviveu apenas em registros gravados em fita cassete. Para recuperar essa memória e transformá-la em material didático (apostilas, textos, ilustrações e peças audiovisuais) para uso em sala de aula e pesquisas, o professor Jurandir Guatassara Boeira (Departamento de Arquitetura e Urbanismo) coordena o projeto de ensino "Novo Urbanismo em pauta - arquitetos, governos e cidades", em execução desde 2016 e com término previsto para o próximo mês de agosto.

Segundo o professor, que ministra várias disciplinas, como Introdução à Arquitetura (1o ano do curso), o projeto tem foco na docência e objetiva atualizar a trajetória histórica do pensar e agir sobre as cidades pós movimento moderno, pouco abordado na literatura até os dias de hoje. A ideia é responder perguntas como "No século XXI, que tipo de cidades são formadas a partir da revolução digital?".

NOVO URBANISMO

O Novo Urbanismo surgiu como reação ao Modernismo na Arquitetura, nos anos 80. Se este último, por exemplo, planejava as cidades pensando na proeminência do automóvel, o novo modelo passou a defender projetos de vizinhanças para pedestres, sustentabilidade ambiental, áreas livres, valorização do regional e áreas mistas de trabalho e habitação. O Congresso abordou exatamente estes pontos: reforma urbana e gestão democrática das cidades, metrópoles e aglomerados urbanos, planejamento da cidade, transportes e circulação urbana, revitalização urbana, habitação, saneamento, ação do poder público no desenho da cidade, cidade e meio ambiente, arborização e áreas verdes urbanas.

Tanto a Europa quanto as Américas, incluindo o Brasil, sofreram nos anos 70 e 80 grandes migrações para centros urbanos (êxodo rural), o que resultou em cidades inchadas e formação de favelas. Mas a História não parou por aí: o final do século trouxe a ruptura da tensão entre Ocidente e Oriente, a fragmentação dos países do Leste Europeu, entre outros fatos. O novo milênio veio com revolução digital, que naturalmente impacta na urbanização. Como ficam, por exemplo, os espaços de encontro nas cidades atuais? As moradias têm ficado menores; os edifícios religiosos já não se destacam na paisagem urbana; a percepção de insegurança aumentou, assim como uma preocupação ecológica; os shoppings concentram lojas e serviços e oferecem conforto e segurança. Mas mesmo eles concorrem com as facilidades do comércio virtual.                       
      
Os novos urbanistas olham para os efeitos dos processos de urbanização e se perguntam: o que as sociedades querem de suas cidades agora?
      

Os novos urbanistas, de acordo com o professor Guatassara, olham para os efeitos dos processos de urbanização e se perguntam: o que as sociedades querem de suas cidades agora? Por que tal área se deixou deteriorar e como revitalizá-la? Então propõem projetos que oferecem atrativos a esta sociedade. Recuperar áreas degradadas são prioridade para o Novo Urbanismo, algo que já vem acontecendo na Europa sistematicamente desde os anos 60.

Guatassara lembra que a nova urbanização (ou seja, a produção de cidades atuais) independe do urbanista, porque a sociedade reage e cria suas próprias soluções. Por isso, o desafio é justamente entender o presente, que possui legibilidade complicada. Neste presente, na opinião do professor, tem grande influência o avanço da tecnologia de informação. "A juventude entende o mundo de outra forma. Que mundo ela tem na cabeça? A sociedade mudou e não é aquela que queremos, mas a que os jovens querem", explica.

O professor entende que tais mudanças levarão a rupturas no modo de vida de fazer as coisas, criando novas necessidades e novos olhares sobre as cidades. Naturalmente, tudo isso reflete também numa mudança estética - novos materiais, por exemplo, trazem mudanças nos projetos e construções. A criação de "máquinas pensantes" também provoca transformações. Guatassara pondera se, no futuro, a tecnologia irá substituir grande parte da mão de obra hoje, necessária para erguer uma casa. Porém, logicamente as mudanças não serão visíveis em todo lugar, pois certas atividades ainda serão realizadas de forma muito parecida como são hoje. "O impacto será diferente em diferentes lugares", resume o professor.

Esta matéria foi publicada no Jornal Notícia nº 1.391. Confira a edição completa:




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