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20/03/2019  

Pesquisa desenvolve gel antibacteriano

Bia Botelho

Projeto de Mestrado aprofunda estudos anteriores e combina de forma inédita óleo de orégano e prata para criar gel bactericida, já patenteado

Larissa Ciappina de Camargo e os professores Renata Kobayashi e Gerson Nakazato: o gel é uma alternativa para combater superbactérias, presentes no ambiente hospitalar

Óleo essencial de orégano e nanopartículas de prata aplicados em gel mostraram excelente atividade antibacteriana, auxiliando no combate, inclusive, de bactérias consideradas multirresistentes, e de outros microrganismos. A combinação dos três compostos é inédita e rendeu ao Laboratório de Microbiologia, do Centro de Ciências Biológicas, o depósito de pedido da sua 15ª patente no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) no início de fevereiro. A formulação é uma alternativa para evitar infecção em feridas e queimaduras e tem potencial para ser aplicada tanto em humanos quanto em animais.

A pesquisa é realizada pela mestranda Larissa Ciappina de Camargo, no Programa de Pós-graduação em Microbiologia, com orientação da professora Renata Kobayashi (Departamento de Microbiologia). Ela está no primeiro ano do Mestrado e as pesquisas com os compostos tiveram início há cinco, quando a estudante estava na Iniciação Científica (IC).

Essa pesquisa com gel é continuidade de outro estudo realizado anos antes pela estudante Sara Scandorieiro, durante o Mestrado no mesmo Programa. Na ocasião, foi descoberto que a combinação entre óleo de orégano e nanopartícula de prata era de grande potencial antibacteriano, o que rendeu o registro de patente em 2014. Larissa participou da pesquisa como estudante de IC e no Mestrado identificou um componente ao qual essa combinação pudesse ser aplicada, desenvolvendo então o gel com propriedades antimicrobianas.

A pesquisadora explica que a prata já é utilizada como bactericida e, dentre os metais, é a que melhor apresenta atividade antimicrobiana, além de ter potencial de cicatrização. O orégano, da mesma forma, é muito potente no combate à ação de bactérias. Utilizados em conjunto, os componentes atuam sinergicamente, potencializando sua ação, em que menores quantidades possuem a mesma eficiência. Um dos pontos fortes, segundo Renata, é que a combinação desses dois compostos torna mais difícil a seleção de bactérias multirresistentes. Outro ponto é a aplicação tópica, ou seja, na pele, sendo forma mais segura do que a via oral ou intravenosa, por exemplo.

O gel não foi descoberto logo no início da pesquisa. Primeiro, foram realizados testes com loção oleosa, depois tentativa com pomada e creme, mas sem sucesso nos resultados. A indicação de utilização de um gel veio do Centro de Tratamento de Queimados do Hospital Universitário da UEL (HU). Em visita ao local, profissionais disseram que precisavam de um produto mais aquoso, como um gel, que fosse mais fácil de aplicar e também de retirar, para fazer a higienização das feridas nos pacientes queimados. Após testes e misturas, a combinação deu certo e a aplicação em roedores comprovou que o produto criado trazia bons resultados.

O produto pode atuar na prevenção e profilaxia para infecção em queimaduras. "Essa combinação é uma alternativa para combater essas superbactérias, presentes no ambiente hospitalar. Antes da pessoa desenvolver a infecção, aplica-se o produto para evitar que tenha infecção por aquela porta de entrada", afirma Larissa.

Os pesquisadores veem grande potencial no produto desenvolvido, porque hoje no mercado o que há é a sulfadiazina de prata, produto que deve ser evitado por quem tem alergia à substância, pode causar argiria, pela qual o paciente fica com a pele azulada devido ao acúmulo de prata no organismo, além de mais facilmente selecionar bactérias resistentes à prata. "O gel vem como um substituto para o que se tem atualmente", afirma a orientadora.

Nessa combinação, por exemplo, a nanopartícula utiliza quatro vezes menos prata - o que diminui a toxidade do produto. Segundo Gerson Nakazato, professor responsável pelo Laboratório de Microbiologia e que realiza estudos em nanotecnologia, pela quantidade inferior de prata, a pesquisa mostrou que o gel não gera acúmulo de prata na corrente sanguínea, fígado, rim, cérebro e testículo dos animais tratados.

APRENDIZADO

Larissa é formada em Biomedicina na UEL e, para a Pós-graduação, precisou aprender teorias das Ciências Farmacêuticas, Ciências Fisiológicas, Histologia e Patologia. "Quando se faz o projeto pedacinho por pedacinho aprende-se muito no final. Para mim foi muito válido. Conseguimos reunir várias disciplinas num projeto, o que abriu portas para outros projetos do laboratório", afirma a estudante.

Para a orientadora, é possível ver a evolução da aluna nesses anos, com a Iniciação Cientifica, o Trabalho de Conclusão de Curso e agora no Mestrado, para conseguir patentear a pesquisa. Ela destaca a proatividade de Larissa: "Isso é fundamental na pesquisa. É muito gratificante para nós um aluno no Mestrado ter uma patente e três artigos em potencial". Com essa pesquisa, o objetivo é produzir os seguintes artigos: um sobre a metodologia utilizada para avaliar a atividade antimicrobiana de produtos; outro, sobre a atividade da nanopartícula, e outro ainda sobre a atividade do óleo de orégano.

A qualificação e defesa da dissertação devem ser feitas em agosto desse ano. Pesquisadora e orientadora pensam na realização de ensaios clínicos em pacientes com feridas, como escaras e úlceras de pressão, mas antes há a necessidade da aprovação pelo Comitê de Ética Humana da UEL.

PATENTE

O pedido de patente foi depositado como "Formulação semissólida contendo nanopartículas de prata e óleo essencial de orégano", no nome dos seguintes pesquisadores: Audrey Alesandra Stinghen Garcia Lonni, Érica Pelegrin Figueiredo, Gerson Nakazato, Larissa Ciappina de Camargo, Marcelly Chue Gonçalves, Renata Katsuko Takayama Kobayashi, Sara Scandorieiro e Nelson Eduardo Duran Caballero.

A pesquisa foi desenvolvida em co-autoria com a Universidade de Campinas, parceira da UEL desde 2013, com o início das pesquisas em nanotecnologia no Laboratório de Microbiologia. Segundo Gerson Nakazato, tudo isso foi possível pela parceria com o professor Nelson Duran, da Unicamp, que trouxe essa tecnologia e compartilhou ensinamentos de como utilizá-la.

Os pesquisadores contam que são cerca de 10 anos até a patente ser concedida. O depósito da patente é feito por meio da Agência de Inovação tecnológica (AINTEC) e, a partir desse momento, qualquer empresa pode comprá-la. Ela é propriedade da Universidade e retorna em forma de royalties à UEL e parceiros. Segundo eles, o grande desafio e também dificuldade agora é tornar a patente um produto comercializado no mercado.

Esta matéria foi publicada no Jornal Notícia nº 1.390. Confira a edição completa:




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