Nepag é referência em pesquisas sobre genética e melhoramento da produção e criação de peixes ornamentais
Com o objetivo de melhorar a parte imunológica e a saúde de peixes, o Núcleo de Estudo e Pesquisa em Aquicultura e Genética (NEPAG), vinculado ao Departamento de Zootecnia, do Centro de Ciências Agrárias (CCA), é destaque em função do investimento em pesquisas realizadas sobre genética e melhoramento na produção e criação de peixes ornamentais.
Segundo o professor Nelson Mauricio Lopera Barrero, do Departamento de Zootecnia, coordenador do NEPAG, a produção de peixes no Brasil supera em números a criação de outros animais, sendo que todos os anos são descobertas novas espécies no país. Ele aponta que a crescente movimentação do setor determina o empenho do grupo no desenvolvimento de pesquisas na área.
Recentemente, as pesquisas do NEPAG definiram pela primeira vez marcadores moleculares dos peixes ornamentais Mato-grosso (Hyphessobrycon eques) e Acará-bandeira (Pterophyllum scalare), espécies nativas brasileiras. O estudo consiste em obter informações da variabilidade e estrutura genética de populações naturais e estoques de organismos aquáticos, que viabilizaram aplicações científicas e técnicas nas áreas de produção animal e conservação.
Estudos com peixes ornamentais viabilizam aplicações científicas e técnicas nas áreas de produção animal e conservação
O professor conta que a criação de peixes ornamentais também aumentou nos últimos 10 anos. São espécies selecionadas pela exuberância das cores e formas, além da facilidade de manutenção em cativeiro, por não requerer muito espaço e utilizar técnicas simples. O valor agregado às espécies também cresce. O mercado é impulsionado pelos chamados aquariofilistas, pessoas que têm como prática a criação de peixes em aquário, em casa ou restaurantes, por exemplo. Segundo o professor, há carpas exóticas que são vendidas no valor de R$ 25 mil.
Por realizar estudos em Aquicultura, que abrange a criação de organismos aquáticos para consumo ou para processos industriais, as linhas de pesquisa, ensino e extensão do NEPAG são definidas da seguinte forma: Produção e manejo de peixes, Análise da expressão gênica em peixes, Biotecnologia aplicada à produção animal, Genética molecular na piscicultura e na conservação, Pesquisa em manejo, controle e utilização do Mexilhão-dourado (Limnoperna fortuneios), Pesquisa e produção de peixes ornamentais.
Criado em 2012, o NEPAG possui atualmente mais de 25 projetos de pesquisa, ensino e extensão. Eles são desenvolvidos por alunos da graduação, pós-graduação, pesquisadores de outros Departamentos do CCA e CCB, além de parcerias com outras universidades brasileiras ? Universidade Estadual de Maringá (UEM), Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP).
Ao todo são mais de 40 artigos publicados em diversas revistas científicas de impacto desde a criação, média de 6,6 artigos por ano.
Mexilhão-dourado - De acordo com o professor Nelson Barrero, as pesquisas na área de genética são baseadas na utilização de técnicas moleculares para análise e desenvolvimento de novas ferramentas e conhecimentos. Outro destaque é o trabalho desenvolvido pelo grupo com protocolo de extração de DNA, visando a construção de marcadores moleculares específicos para Mexilhão-dourado, molusco invasor que causa grandes problemas ambientais e econômicos nos rios Paranapanema e Tibagi.
A pesquisa foi realizada pelo doutorando Felipe Pinheiro de Souza, no Laboratório de Pós-graduação do Departamento de Zootecnia, no CCA. Pesquisa semelhante foi realizada com o peixe Piracamjuba, espécie típica do Rio Paraná, que está em extinção. A finalidade da criação dos marcadores moleculares é a preservacação da espécie.
Também são desenvolvidas pesquisas em nutrição animal, a partir de experimentos na alimentação de peixes ornamentais. A doutoranda Pâmela Juliana Furlan Murari desenvolve pesquisa com a espécie Mato-grosso. Ela usa diferentes quantidades dos aditivos nutricionais Beta-glucano na alimentação dos peixes, com o objetivo de analisar a interferência no crescimento, na glicose sanguínea e na histologia do intestino.
O experimento é feito por 42 dias, em um aquário de sistema estático de água, no Laboratório de Análise de Alimentos (LANA), no CCA. A partir do próximo ano, o doutorando Ed Christian Suzuki de Lima fará experimento semelhante com a espécie Acará-bandeira. O estudo será ampliado para 52 dias e analisará, além do crescimento, a histologia do intestino e fígado dos animais. Outro ponto de diferença será a utilização do sistema de circulação de água, que permite o reuso e maior economia do recurso hídrico.
Equipe do NEPAG
Congresso - Além de pesquisas conjuntas com instituições brasileiras, as pesquisas científicas do NEPAG também são desenvolvidas com universidades internacionais. Recentemente, o professor Nelson esteve na Universidade Francisco de Paula Santander (Colômbia). Ele participou do II Congresso Internacional de Producion y Gestion Ambiental (CATATUMBARI), com palestra sobre as tecnologias de gestão ambiental no cultivo de peixes.
Na ocasião, apresentou os sistemas produtivos em recirculação e em bioflocos, técnicas que serão utilizadas em 2019 para as pesquisas da UEL, com foco no reuso de água. Segundo o professor, os dois sistemas utilizam o mínimo possível de água, ou seja, de 100% do que se poderia usar, eles gastam apenas 10%. Portanto, a mesma água é utilizada em todo ciclo e só se perde o que evapora. "Por isso é efetivo na questão ambiental", afirma.
O professor afirma que no sistema de recirculação, por ser um sistema fechado e sem contato com o ambiente externo, o nível de contaminação por doença é praticamente nulo. Segundo ele, o sistema de bioflocos também apresenta grande vantagem, em especial redução do volume de ração utilizada na alimentação dos peixes, porque os bioflocos servem de alimentos, como a ração natural.
Intercâmbio - A UEL e Universidade Francisco de Paula Santander firmaram convênio de intercâmbio e, no próximo ano, a partir de maio, professores, estudantes de graduação e de pós-graduação colombianos estarão em Londrina para realizar pesquisas nas áreas de genética e aquicultura. Em setembro, os pesquisadores da UEL visitarão a Colômbia para a troca de experiência.