A pesquisadora Sabrina Lisboa, graduada em Biomedicina pela UEL, conquistou o prêmio "Para Mulheres na Ciência" 2018. O resultado da 13ª edição do prêmio, desenvolvido pela L'Oréal Brasil em parceria com a UNESCO no Brasil e a Academia Brasileira de Ciências (ABC), foi divulgado no último domingo (12). A seleção foi realizada com base na qualidade das pesquisas e análise de currículo, por um júri composto de quatorze pesquisadores, membros da ABC, um representante da L'Oréal Brasil e um representante da UNESCO no Brasil.
A entrega da premiação acontecerá em 4 de outubro, na sede da L'Oréal, no Rio de Janeiro. O prêmio "Para Mulheres na Ciência" é direcionado a jovens pesquisadoras, com o objetivo de promover a igualdade de gênero no ambiente científico e ao mesmo tempo transformar o panorama da ciência, favorecendo o equilíbrio dos gêneros no cenário brasileiro e global, incentivando a entrada de mulheres no universo científico.
Outro objetivo é identificar jovens cientistas talentosas no campo das Ciências da Vida, Ciências Físicas, Ciências Matemáticas e Ciências Químicas. Desde 2006, o prêmio já reconheceu o trabalho de mais de 80 pesquisadoras brasileiras, de diversas áreas de atuação que são contempladas com uma bolsa-auxílio no valor de R$ 50 mil para ser investida em sua pesquisa.
A pesquisadora está entre as sete selecionadas do total de 524 inscritos. Sabrina Lisboa conseguiu a premiação na categoria Ciências da Vida por estudar uma terapia mais eficaz para pacientes com Transtorno de Estresse Pós-Traumático. "A minha pesquisa é em Neurociências, na área de Neuropsicofarmacologia. O título do projeto com o qual eu ganhei o prêmio é Identificação de mecanismos epigenéticos induzidos por estresse que modulam a sinalização endocanabinoide e a resposta neuroimunológica como novos alvos farmacológicos no tratamento do transtorno de estresse pós-traumático (PTSD)", explica Sabrina Lisboa.
"O primeiro ponto importante deste prêmio é a visibilidade, o destaque, que ele dá para as mulheres na ciência brasileira. É importante para servir de exemplo para jovens garotas que queiram ser cientistas, e para mostrar que mulher pode fazer ciência aqui no Brasil e de muita qualidade! Este prêmio destaca que nós mulheres estamos cada vez mais decididas a ocupar espaços antes apenas destinados aos homens. Portanto, queremos e vamos nos destacar nas mais diversas áreas do conhecimento", enfatiza a ex-aluna da UEL.
Sabrina Lisboa, atualmente é pós-doutoranda no Departamento de Farmacologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade Estadual de São Paulo (USP), onde desenvolve projetos avaliando a relação entre o sistema endocanabinoide e sistema imune no controle da resposta emocional ao estresse em animais de laboratório. A condição de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), atinge cerca de 8% da população mundial e hoje é preciso combinar diversos medicamentos para o tratamento, o que aumenta os riscos de efeitos colaterais.
O grupo de pesquisa da pós-doutoranda procura, portanto, entender as alterações que acontecem no cérebro de quem desenvolve o TEPT por meio de modelos experimentais. A partir das descobertas, um dos medicamentos já avaliados como uma possível terapia é um composto sintético semelhante ao THC encontrado na cannabis.
Trajetória - A carreira científica de Lisboa começou durante a graduação no curso de Biomedicina na UEL, quando foi orientada pela professora Estefânia Moreira, do Departamento de Ciências Fisiológicas, do Centro de Ciências Biológicas (CCB). "Eu fui sua primeira aluna de Iniciação Científica. Esse período inicial foi muito legal, pois a professora me ensinou todas as técnicas e testes que usaríamos nos nossos experimentos. Ela foi a minha primeira referência direta de mulher (e mãe!) na ciência, um exemplo que eu queria seguir. Ela sempre me incentivou a fazer pesquisa", recorda a jovem pesquisadora.
Sabrina conta ainda que na época, a professora concordou que os experimentos fossem realizados dentro da Iniciação Científica. "A professora Estefânia também me incentivou a me inscrever no programa Aristides Pacheco Leão de Estímulo a Vocações Científicas da Academia Brasileira de Ciências e, por meio deste programa, pude conhecer grandes professores e pesquisadores na USP de Ribeirão Preto e, a partir daí, decidi fazer pós-graduação e seguir a carreira", relata a pesquisadora.