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03/10/2018  

O avatar das habilidades motoras

José de Arimathéia

"Não bastava desenvolver um instrumento, era preciso testá-lo para realmente saber se poderia ou não funcionar e contribuir", diz a professora Inara Marques, que orientou Rodrigo Spinosa

Em pesquisa de Doutorado, professor desenvolve modelo virtual para ajudar a avaliar o desenvolvimento motor infantil

O professor Rodrigo Martins de Oliveira Spinosa (Departamento de Design) atua no curso de Design Gráfico e Design de Moda com Computação gráfica, onde ministra a disciplina de Técnicas Digitais de Imagem, Modelagem 3D e Programação Visual. Ele levou este conhecimento para o Doutorado em Educação Física da UEL e desenvolveu um produto inédito: um modelo virtual para ser aplicado em testes de avaliação do desenvolvimento motor infantil.

Trata-se do Digimove, ou Demonstrador Digital de Habilidades Motoras. Na prática, é um avatar, um atleta virtual que mostra às crianças os movimentos que elas devem fazer. No caso da pesquisa, dois movimentos específicos: salto horizontal (locomoção) e arremesso (controle de objetos). A tese se restringiu a dois, mas as possibilidades são infinitas. Foram quatro meses para desenvolver o Digimove, em parte na base da experimentação, até o domínio da tecnologia de Realidade Aumentada, informou Rodrigo.

O teste de habilidades motoras é bem conhecido na área de Educação Física e, até hoje, tem usado modelos ao vivo, ou seja, pessoas que fazem os movimentos (pode ou não ser um atleta) para que as crianças imitem. O problema é que modelos ao vivo se cansam, e podem não realizar os movimentos com a performance desejada. Também podem ficar doentes, lesionados, ou impedidos de comparecer por qualquer razão. Já o modelo virtual, inédito, jamais se cansa e pode repetir exatamente o mesmo movimento incontáveis vezes.

Além de desenvolver o avatar, Rodrigo o testou em alunos do Colégio de Aplicação da UEL. Participaram 140 crianças de 3 a 11 anos, em uma coleta de dados realizada no pátio da escola entre outubro e dezembro do ano passado. O pesquisador destaca a parceria com o Colégio, que contribuiu muito com a pesquisa. "Tivemos a oportunidade de fazer uma reunião com os pais para falar da pesquisa e conseguir pessoalmente deles o termo de consentimento assinado", exemplifica.

Orientado na tese pela professora Inara Marques (Departamento de Educação Física), fundadora e coordenadora do Gepedam (Grupo de Estudos e Pesquisas em Desenvolvimento e Aprendizagem Motora), o pesquisador instalou um tablet num suporte, no pátio do Colégio, e chamou as crianças de uma a uma, para que olhassem o modelo virtual e depois se dirigissem a um espaço delimitado contíguo para repetir os movimentos.

Para manter um alto grau de objetividade e fidedignidade aos dados, Rodrigo não avaliou a performance das crianças. Quem fez isso foram integrantes do Gepedam. As crianças fizeram o mesmo teste duas vezes numa semana com o modelo digital e na outra com modelo ao vivo e os resultados foram expressivamente positivos: o modelo digital é tão eficiente quanto o vivo. Para a professora Inara, estes resultados são muito importantes, não só pelo ineditismo do instrumento, mas pelo avanço do conhecimento na área. "Não bastava desenvolver um instrumento. Era preciso testá-lo para realmente saber se poderia ou não funcionar e contribuir", destaca. Ela citou, como exemplo, o TGMD-3 (sigla em inglês para Teste de Desenvolvimento Motor Grosso 3), um instrumento validado e conhecido que avalia o desenvolvimento motor de crianças e a contribuição que o modelo virtual pode lhe dar.

Extraterrestre

O modelo virtual é um jovem do sexo masculino, com porte atlético, e que veste uma camiseta do Gepedam. Mas não há restrições para sua aparência. Inara e Rodrigo contam que até um ET foi criado para demonstrar os movimentos. "Pensamos que um ET poderia chamar a atenção das crianças", disse Rodrigo. Mas no final a opção foi mesmo por um ser humano, para ser mais próximo da referência dos alunos. Nada impede, porém, que se produza um modelo do sexo feminino, jovem ou idoso, alto ou baixo, calvo ou com cabelo longo - ou até mesmo um ET. Igualmente, o modelo pode executar qualquer movimento que se deseje avaliar, como caminhar, saltar, correr ou rebater uma bola. As possibilidades didáticas são inúmeras. Tanto professores quanto pesquisadores, técnicos e atletas podem utilizar o instrumento. Tudo é uma questão de promover ajustes no avatar conforme os objetivos pretendidos. A orientadora da tese usa uma metáfora comentada na Banca para o trabalho de Rodrigo: "Ele produziu uma Ferrari, mas começamos testando-a como se fosse um Fusca". A figura dá uma ideia do potencial do instrumento criado.

A multiplicação do conhecimento produzido já está em curso. Rodrigo coordena um projeto de pesquisa, desde o ano passado, com alunos de Iniciação Científica, que justamente amplia os estudos para ajustar o modelo virtual para teste de habilidades especiais. Além disso, apresentou parte da pesquisa num evento científico em Bauru (em agosto), tem dois artigos encaminhados para publicação e já iniciou o registro do instrumento na Agência de Inovação Tecnológica da UEL (AINTEC).

O avatar é um atleta virtual que mostra às crianças os movimentos que elas devem fazer

Gepedam

O Grupo de Estudos e Pesquisas em Desenvolvimento e Aprendizagem Motora foi criado em 2004 com o objetivo de reunir pesquisadores e estimular pesquisas sobre o comportamento motor de indivíduos de diferentes grupos e faixas etárias. Preocupa-se com os procedimentos e métodos de avaliação motora em crianças e desenvolve estudos em diversas linhas de pesquisa, como análise biomecânica de habilidades motoras, aprendizagem, desenvolvimento e controle motor.

A pesquisa do professor Rodrigo é um dos vários projetos já desenvolvidos ou em curso no Grupo. Só para citar alguns, um deles avaliou crianças com dificuldades motoras, e outro pesquisou a influência do peso dos objetos conforme a idade em sua manipulação.

A professora Inara observa que o Gepedam recebe alunos de graduação e pós-graduação, de várias áreas, que agregam seus conhecimentos específicos e somam no final das contas. Ela afirma que foi gratificante trabalhar com o Rodrigo e que a área do Design também ganha.


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