Berenice Jordão: "A qualidade se constrói por meio de várias ações"

A gestão da reitora Berenice Quinzani Jordão e do vice-reitor, professor Ludoviko Carnasciali dos Santos completou seis meses nesta quarta-feira (10). Um período de transição política que coincidiu com eleições para presidente, governo de Estado e poder legislativo, cabendo à atual Administração da UEL iniciar uma gestão com um orçamento já aprovado e sem perspectiva de um aporte financeiro. Esse cenário, segundo a reitora, exigiu planejamento interno com o apoio das pró-reitorias no sentido de apontarem ações que pudessem ser executadas sem investimento adicional.

A partir de contatos com toda a Comunidade Universitária, por intermédio das chefias, foi possível coletar colaborações importantes para este planejamento. "Reiniciamos o trabalho de revisão do Planejamento Estratégico Institucional (PEI), que foi concluído nestes seis meses, e que vai para uma discussão final no início de 2015 nos Conselhos Superiores da UEL", destacou Berenice Jordão, acrescentando que nesse período também foi realizada a revisão do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), projetando a Universidade até 2020 a partir de propostas e sugestões da comunidade interna.

Na área pedagógica houve um planejamento dos cursos de graduação, além de uma discussão mais aprofundada da Educação a Distância que ainda precisa ser mais consolidada. "Está em fase final a primeira proposta de um curso de graduação à distância, que será na área de Computação e estamos com nove cursos de especialização (latu sensu) à distância encaminhados e já aprovados pelo MEC, que serão implementados em 2016 em diferentes áreas", disse a reitora.

A política de desburocratização da UEL iniciada na gestão passada ganhou novos contornos nesses últimos seis meses. "Consultamos todas as unidades para que apontassem sugestões para tornar mais ágil, dinâmica e eficiente a máquina burocrática da Universidade. Recebemos muitas propostas e agora estamos fazendo as reformulações necessárias, elegendo ações que serão prioritárias nesse processo", destacou.

Dentro de uma política mais ampla de gestão, a reitora ressaltou a criação do Sistema de Informação de Gestão e Gerenciamento da Universidade (SIGU) que está em processo de desenvolvimento e que vai dar mais consistência e direcionamento às ações na Instituição. No início de 2015, de acordo com ela, será implantada a nova página da UEL na internet que vai proporcionar mais visibilidade e interação com a comunidade interna e externa. Ainda nessa área, Berenice Jordão lembrou que o Portal da Transparência que já havia sido consolidado na gestão anterior, foi reconstruído neste segundo semestre no sentido de torná-lo mais eficiente.

Neste processo de reorganização foi dada ênfase à capacitação de pessoal dentro da Universidade. "Foram realizados encontros informativos e formativos com os novos diretores de Centros de Estudos, chefes de departamentos e a servidores que vão atuar em setores estratégicos com o objetivo de dinamizar os procedimentos administrativos. Essa capacitação foi iniciada este semestre, mas será uma ação contínua nesta gestão", observou a reitora Berenice Jordão.

Reposição de pessoal

Neste ano, a UEL completou 43 anos de criação. O que por um lado é motivo de comemoração, por outro gera preocupação. Grande parte dos servidores que ajudou a construir esta Instituição já se aposentou e outros estão em processo de aposentadoria e a reposição deste pessoal não ocorre na mesma proporção, gerando uma defasagem de recursos humanos no quadro de servidores da UEL. A reitora considera este o maior desafio da Instituição.

"Quando falo em maior desafio estou me referindo mais especificamente à reposição de vagas dos servidores técnico-administrativos, já que no caso dos docentes essa reposição ocorre de forma mais automática. No caso dos técnicos, além do processo ser longo, não temos a garantia de que a vaga seja reposta. Isso compromete as atividades rotineiras da Universidade e é falsa a ideia de que há setores onde existem técnicos ociosos e que poderiam ser remanejados. Todos as unidades estão vivenciando esta escassez de pessoal, pois a UEL cresceu em todos os setores", afirma Berenice Jordão.

Entretanto, a reitora reconhece que a falta de reposição é mais grave em algumas áreas como a zeladoria e a segurança, e nos setores de atendimento ao público como, por exemplo, o RU e a CEEI.  Ela lembra ainda que não podemos esquecer que há um envelhecimento natural dos servidores e a sobrecarga de trabalho acaba gerando afastamentos por motivo de saúde, o que é mais um agravante. "Estamos tendo que fazer mais com menos pessoal e sem que isso comprometa os serviços prestados à comunidade, o que é um desafio muito grande".

Graduação e pós-graduação

São duas áreas que, segundo Berenice Jordão, a UEL tem se projetado nacional e internacionalmente devido ao nível de qualidade dos cursos de graduação e pós-graduação. "E temos o desafio de não só manter esse nível, mas ampliá-lo ainda mais. Além dos rankgins nacionais e internacionais que classificam a UEL entre as melhores universidades do Brasil e do mundo, temos dois cursos de graduação, que são Medicina Veterinária e Enfermagem, com nível de excelência internacional, e programas stricto sensu com Conceito 6 pela Capes que também os colocam em nível de excelência, um patamar que a UEL ainda não tinha atingido",destaca a reitora.

Ela cita ainda que vários programas de mestrado com Conceito 3 subiram para 4, o que possibilita a abertura do doutorado. "Esse avanço é resultado de uma política de capacitação de docentes e investimentos na área. O reconhecimento de nossa pós-graduação está fazendo com que cada vez mais estudantes de países desenvolvidos como França e Canadá venham desenvolver projetos aqui na UEL", exemplifica.

Na graduação, a reitora destaca o trabalho do Grupo de Estudos e Práticas de Ensino (GEPE) premiado internacionalmente, que foi criado na gestão passada e tem feito uma reflexão sobre as práticas pedagógicas. "O GEPE é modelo dentro e fora do país. Além disso, temos um fórum que está discutindo o processo de ingresso na Universidade para discutir os melhores mecanismos de seleção". Ainda na graduação, ela ressalta que as atividades extensionistas têm um papel fundamental na qualidade do ensino, além de inserir a Universidade na sociedade. "Essa prática tem sido a vocação da UEL, mas ao longo dos anos nós temos aprimorado muito os mecanismos da extensão e a prova disso foi o aumento significativo nos projetos de extensão".

Ainda nesta área, a reitora destaca a política de internacionalização e mobilidade de estudantes e docentes da graduação e pós-graduação como um processo que já teve início, mas que precisa ser ampliado. "Consideramos essa política fundamental para consolidar nosso nível de excelência no ensino, na pesquisa e na formação profissional", afirmou.

Compromisso com a excelência

Este é o slogan da atual gestão da UEL, mas atingir a excelência sem autonomia financeira é um desafio que, segundo a reitora, precisa ser vencido. "Ampliamos a captação de recursos externos e conseguimos construir mais e dar mais suporte às atividades de ensino e pesquisa através de projetos individuais e institucionais. Mas também porque instauramos na Universidade uma autonomia de gestão dos recursos internos que são poucos, mas quando bem planejados acabam dando bons resultados", ressalta.

Berenice Jordão defende que a qualidade vai se construindo por meio de várias ações. "Não acredito que vamos atingir a excelência com um único projeto, mas sim com pequenas ações que se estendidas às diferentes unidades e potencializadas podem ter os efeitos desejados. Acreditamos que esse é o caminho para que possamos atingir o nível de excelência ao qual nos comprometemos", afirmou a reitora.