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11/03/2020  

Compostos são alternativas para tratar a Leishmaniose (LTA)

Reinaldo C. Zanardi

O professor Wander Rogério Pavanelli e a professora Ivete Conchon Costa testam a concentração dos compostos para verificar se matam a forma promastigota infectante do parasito e também a forma amastigota (intracelular)

Pesquisadores da UEL testam vários compostos - naturais e sintéticos - para tratamento da doença, cujos primeiros medicamentos datam dos anos 40

O Brasil registrou 17.528 casos novos de Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) em 2017. O coeficiente de detecção da doença é de 8,44 casos por 100 mil habitantes. O perfil epidemiológico da doença revela que 44,7% dos casos estão na região Norte, 72,7% são em homens, 7,9% em crianças menores de 10 anos, 67,1% dos pacientes eram pardos. As informações são do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis, da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.

A evolução clínica da doença revela que, em 2017, 69,8% das altas dos pacientes foram por cura, 3% abandonaram o tratamento e foram registrados 15 óbitos de pacientes por LTA. O primeiro medicamento para tratamento da doença, na maioria dos casos (85%), foi o antimoniato de meglumina, desenvolvido nos anos 40. Por isso, um grupo de pesquisadores da UEL está debruçado sobre pesquisas de compostos para novas alternativas terapêuticas.

O professor Wander Rogério Pavanelli e a professora Ivete Conchon Costa, ambos do Departamento de Ciências Patológicas, lideram o projeto de pesquisa "Uso de compostos naturais e sintéticos como alternativa terapêutica para o tratamento da leishmaniose".

Participam do projeto cerca de 30 pesquisadores de quatro programas de pós-graduação: Patologia Experimental (Centro de Ciências Biológicas), Química (Centro de Ciências Exatas), Fisiopatologia Clínica e Laboratorial, e Ciências da Saúde (ambos do Centro de Ciências da Saúde), além de alunos de Iniciação Científica.

Wander Pavanelli afirma que os medicamentos para o tratamento da leishmaniose já foram eficientes e que, atualmente, há cepas do parasito resistentes, além dos efeitos colaterais aos pacientes. Nas pesquisas, o trabalho investiga o papel de compostos naturais e sintéticos na ação leishmanicida, ou seja, que elimina ou reduz a leishmania, que transmite a doença.

Entre os compostos naturais estão o ácido grandiflorênico e o caurenóico, presentes no margaridão; o ácido cafeico, em frutas e verduras; a quercetina, na maçã e vinhos; diferentes extratos de pequi; o própolis e o óleo de orégano. Já entre os artificiais estão o complexo de rutênio, nanopartícula de prata e nitroprussiato de sódio. Para o fornecimento desses compostos, a UEL mantém parceria com as universidades federais de Santa Catarina (UFSC), Ceará (UFCE) e Estadual Paulista (UNESP), de Botucatu.

Wander Pavanelli explica que, em um primeiro momento, os pesquisadores testam a concentração dos compostos para verificar se matam a forma promastigota infectante do parasito e também a forma amastigota (intracelular). "Pode ser que mate a leishmania e seja prejudicial para a célula humana. Por isso, temos de pesquisar essa ação também", diz o professor. Essa etapa é chamada de análise in vitro. Depois de verificada a ação leishmanicida nas formas promastigota, amastigota e se não prejudica a célula humana, a pesquisa passa para a análise in vivo.

Esta etapa consiste na pesquisa em camundongo, mimetizando na cobaia a cepa encontrada no ser humano. Ao surgirem as lesões, características da leishmaniose, é realizado o tratamento com os compostos já testados na primeira fase. Os pesquisadores confirmaram a eficiência do própolis e os resultados já estão publicados. A eficiência da quercetina e do óleo de orégano também está confirmada, mas os resultados estão em fase de publicação. Wander Pavanelli cita a revista internacional PlosOne, referência para as pesquisas da área.

Depois de confirmada a ação no tratamento das lesões do camundongo, parte-se para testar em células humanas. Isso, em um primeiro momento, é realizado na modalidade in vitro, a partir do sangue. A professora Ivete Conchon Costa está entusiasmada com o resultado das pesquisas e, principalmente, da pomada à base de óleo de orégano.

A pesquisadora lembra que o tempo da Ciência corre em ritmo diferente. Da descoberta da ação de um composto até chegar ao paciente, como produto final, leva-se cerca de 15 anos. As pesquisas da UEL estão um pouco mais da metade desse tempo. "O óleo de orégano, além de matar o parasito, ajuda na cicatrização da inflamação e não é tóxico", diz Ivete Costa. O projeto de pesquisa também estuda a doença de Chagas.

Além da leishmaniose e Chagas, o projeto inclui pesquisas com a toxoplasmose, com a professora Idessania Nazareth da Costa; esquistossomose, com o professor Francisco de Abreu Oliveira; ambos do Departamento de Ciências Patológicas do CCB; e câncer, com a professora Carolina Panis, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), em Francisco Beltrão. As pesquisas também incluem a nanopartícula de prata associada a outros compostos, reduzindo a citotoxicidade. Esse estudo tem a participação do professor Pedro Hermes de Araújo, da UFSC.

Manoela Gonçalves é estudante do 3º ano, em nível de Doutorado, do Programa de Pós-Graduação em Química da UEL, e desenvolve pesquisas que se baseiam na "biotransformação do ácido grandiflorênico e avaliação do potencial tripanocida e leishmanicida desses compostos". Tripanocida é a ação de eliminar ou reduzir o Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas. Ela desenvolve a parte biológica da sua pesquisa, orientada pelo professor Nilton Arakawa, no Laboratório de Imunoparasitologia de Doenças e Câncer do CCB, com acompanhamento dos professores Wander Pavanelli e Ivete Costa.

"Essa participação ajudou em tudo na minha formação, porque toda a parte biológica do meu projeto sou eu mesma que faço. Os alunos do laboratório me ajudaram muito desde o começo. Cheguei aqui sem saber o que era um macrófago e, hoje, desenvolvo as técnicas e participo ativamente dos artigos do laboratório", diz a pesquisadora, graduada em Tecnologia em Processos Químicos, pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), campus de Apucarana. "Os responsáveis pelo laboratório me receberam de braços abertos aqui e mesmo não sabendo nada de parasito, tive todo respaldo, me capacitando a entender ainda mais esse universo biológico", completa. 

Esta matéria foi publicada no Jornal Notícia nº 1.406. Confira a edição completa:




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