Professores Isaias e Andréa Simão, atuaram também com intervenção nutricional com óleo de peixe, azeite de oliva, soja eprobióticos
Resultado de pesquisa realizado dentro do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da UEL foi tema de uma reportagem no jornal britânico Daily Mail, na edição do último dia 18 de fevereiro, com o título Cranberry juice could help toeasearthri-tispain (Suco de cranberry poderia ajudar a atenuar a dor na artrite).
A matéria é assinada pela correspondente, Victoria Allen, que fez entrevista por e-mail com o professor e pesquisador do Departamento de Clínica Médica do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UEL, Isaias Dichi, sobre o estudo que sugere que meio litro/dia de suco de cranberry de baixa caloria pode ajudar mulheres com artrite reumatoide. O cranberry é uma fruta vermelha, também conhecida por oxicoco, que vem se tornando famosa no Brasil por seus benefícios à saúde.
Estima-se que a doença atinja cerca de 2 milhões de pessoas no Brasil. Sem causas definidas, a artrite reumatoide é doença autoimune, crônica e afeta as articulações, principalmente das mãos e dos pés. Com incidência maior em mulheres, tende a se manifestar entre os 30 e os 50 anos de idade. Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, a artrite reumatoide (AR) é uma doença sistêmica que não se restringe somente às articulações, mas atinge também órgãos internos como pulmão e coração. A disseminação para outros órgãos se deve à própria característica inflamatória da AR e os medicamentos usados no tratamento, quando utilizados em doses altas e por muito tempo.
De acordo com a pesquisa realizada, pacientes do sexo feminino que tomaram o suco de cranberry por três meses mostraram menores níveis de anticorpos que atacam o sistema imune e danificam as articulações. Elas relataram menos inchaço e sensibilidade à dor. Os antioxidantes presentes no cranberry previnem algumas das reações que causam dor e rigidez matinal nas pacientes com artrite reumatoide.
As doenças do sistema osteomuscular (que inclui a artrite reumatoide) e do tecido conjuntivo são a segunda causa de gastos com auxílio-saúde no País, com 19,1% dos casos. Em primeiro lugar, com 31%, estão as lesões. Transtornos mentais e comportamentais respondem pela terceira causa, com 8,9% dos gastos. Os dados são da Secretaria de Previdência do Ministério da Fazenda e estão no 1º Boletim Quadrimestral sobre Benefícios por Incapacidade de 2017. O boletim analisou a concessão de auxílio-saúde de 2012 a 2016.
O texto do Daily Mail que remete à pesquisa de Londrina relata parte da tese de doutorado de Nataly Simões Bandiera Thimoteo, com orientação do professor Isaias e coorientação da professora Andréa Name Colado Simões. As pesquisas com suco de cranberry na UEL começaram em 2010 e têm trazido resultados também ligados à Síndrome Metabólica.
Um dos estudos, de Tathiana Name Colado Simão (in memorian), em 2012, demonstrou que o consumo do suco por 60 dias, além de bem tolerado pelos pacientes, foi capaz de melhorar alguns fatores de risco cardiovascular. A Síndrome Metabólica é um transtorno patológico complexo que inclui resistência à insulina, hipertensão arterial, adiposidade visceral e dislipidemia, aumentando o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
Pacientes do sexo feminino que tomaram o suco de cranberry por três meses mostraram menores níveis de anticorpos que atacam o sistema imune e danificam as articulações
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O grupo de pesquisa coordenado pelos Professores Isaias (Departamento de Clínica Médica) e Andréa Simão (Departamento de Patologia, Análises Clínicas e Toxicológicas) atua também com intervenção nutricional com óleo de peixe, azeite de oliva, soja eprobióticos.
Desde que as pesquisas iniciaram, o trabalho multiprofissional conta com os seguintes especialistas: Nataly Simões BandieraThimóteo e Elis Fatel (nutricionistas), Tatiana Mayumi Veiga Iryioda e Isaias Dichi (médicos); Daniela Frizon Alfieri, BrunnaEmanuella França Rego, Bruna MiglioranzaScavuzzi, Marcel Alysson BatistiLozovoy e Andréa Name.
Além da UEL, por meio do Laboratório de Pesquisa emImunologia Aplicada; Departamento de Clínica Médica e Departamento de Patologia, Análises Clínicas e Toxicologia, os pesquisadores são ligados ao Departamento de Reumatologia e Imunologia da Universidade de Michigan (EUA) e Departamento de Nutrição da Universidade Federal Fronteira Sul (Brasil).
NUTRIÇÃO DA UEL
O professor Isaias Dichi é um dos responsáveis pelo projeto do curso de Nutrição da UEL, aprovado na universidade em 2010 e autorizado pelo governo do Estado em dezembro de 2018. A primeira turma será ofertada a partir de 2020, junto com o novo curso de Biotecnologia. O projeto de criação de Nutrição também é assinado por Jane Bandeira Dichi, Clísia Mara Carreira e Lucia Miglioranza.
O decreto que autoriza oficialmente o curso foi assinado dia 12 de dezembro pela então governadora Cida Borghetti. A nova graduação atenderá 40 alunos, em período integral e duração de quatro anos. De acordo com o reitor Sérgio Carvalho, o curso causará baixo impacto financeiro, uma vez que será possível utilizar parte da infraestrutura que a Universidade já dispõe.
O profissional de Nutrição tem atuação relacionada à área de saúde, indústria, prestação de serviços, agricultura e pesquisa. O curso será ligado academicamente ao Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UEL. As matérias específicas de Nutrição no vestibular serão Biologia, Química e Português.
*Jornalista da Rádio UEL FM
Esta matéria foi publicada no Jornal Notícia nº 1.393. Confira a edição completa: