Tronco fossilizado foi doado e recolhido à Universidade, como material de importância científica
Um tronco fossilizado com aproximadamente 275 milhões de anos integra a paisagem do Campus da UEL, nas proximidades do Centro de Ciências Exatas (CCE), comprovando que o Norte do Paraná foi bastante diferente na chamada era paleozóica, marcada por montanhas, incursões e recuos de mares. O material foi encontrado em 2009, em uma propriedade rural, na divisa entre Tamarana e Ortigueira, no Norte do Paraná, por pesquisadores do Departamento de Geologia da UEL, durante uma incursão para mapeamento de cavernas. Em 2011 o tronco fossilizado foi doado e recolhido à Universidade, como material de importância científica.
O professor André Celligoi, do Departamento de Geociências, do CCE, explica que o fóssil é seguramente parte de uma árvore da espécie conífera, que sofreu um processo de silicificação. O processo permite uma alteração do estado original do material (madeira), que se torna rocha (quartzo). O curioso objeto pesa aproximadamente 500 quilos. De acordo com o professor, as coníferas são árvores que podem chegar a mais de 15 metros de altura, semelhantes aos pinheiros. Ele explica que a transformação da madeira em rocha ocorre quando existe contato com água, evidenciando o ambiente existente há cerca de 300 milhões de anos.
"Podemos afirmar que o fóssil é uma conífera, que nesta época estava aparecendo no planeta. Isto mostra que existiu uma formação rochosa, o último resquício de quando existiam as chamadas planícies de marés", explicou ele. Estas planícies podem ser definidas como áreas adjacentes a corpos de água costeiros que possuem baixa declividade e grande extensão, sendo alagadas (total ou parcialmente).
Nesta época o planeta era um misto de vários estuários, cobertos com grande volume de água. Por ser rocha, o material pode ser exposto ao tempo, já que é resistente às intempéries. "Para nós representa a realidade geológica, uma fotografia do passado", define o professor.
Coleta - O fóssil foi encontrado em meados de 2009 por uma equipe de professores e estudantes que mapeava cavernas na região norte. O material foi avistado pelo professor Ângelo Spoladore, do Departamento de Geociências, que naquela tarde estava acompanhado da professora Fernanda Leite e por dois estudantes, todos do Departamento. O professor não se lembra exatamente a data, mas se recorda que a equipe parou de carro em uma estrada, no interior de uma propriedade rural.
Quando caminhavam pela estrada eles avistaram um objeto de aparência e textura curiosa e imediatamente identificaram que se tratava de um fóssil. Segundo Spoladore, é possível que nesta região existam outros elementos de valor histórico e científico, mas a busca é dificultada pela topografia acidentada.
O transporte do fóssil foi feito por uma equipe do próprio Departamento que içou o objeto com ajuda de um tripé de metal e uma polia. O material foi trazido na caçamba de uma caminhonete e depositado na entrada do Centro de Ciências Exatas (CCE).
Texto: Pedro Livoratti - Foto: Daniel Procopio