Projeto propõe uso de larvas para experimentos, com economia de tempo e de recursos
A UEL sedia a partir de hoje (3) o curso internacional "Métodos Alternativos à Experimentação Animal em Testes Toxicológicos e no Estudo da Relação Parasito-Hospedeiro". O curso, que prossegue até o dia 14, no LABESC, é integral em nível de pós-graduação, e ministrado por professores do Centro de Ciências Biológicas (CCB), além de convidados da Universidade Federal de Santa Catarina, e da Argentina.
Com carga horária de 80 horas, 32 de aulas teóricas e 48 de atividades práticas, ao todo são 10 vagas. O professor Ricardo Sérgio Couto de Almeida, do Departamento de Microbiologia, do CCB, teve projeto selecionado pelo edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O professor explica que o edital do CNPq, em parceria com o Ministério de Ciências, Tecnologia e Inovação (MICT) e o Centro Brasileiro Argentino de Biotecnologia, está entre os mais concorridos do país.
Além de introduzir conhecimentos gerais sobre modelos alternativos à experimentação animal para estudos toxicológicos e da interação Parasito-Hospedeiro, o curso visa atualizar os participantes acerca das técnicas de utilização de modelos alternativos, e também propiciar ao aluno a visualização da Toxicologia e as respectivas aplicações. O curso é direcionado inclusive a estudantes da Colômbia, Paraguai, Uruguai e Argentina.
São usadas larvas da mariposa Galleria mellonella como modelo no estudo de infecções bacterianas e fúngicas. Foram alcançados resultados similares aos obtidos em modelos mamíferos. Neste sentido, o curso tem a proposta de apresentar os avanços na área de testes alternativos.
Os participantes são graduados em Ciências Biológicas, ou nas seguintes áreas: Ciências agrárias (Medicina Veterinária, Zootecnia e Agronomia), Ciências da Saúde (Farmácia, Biomedicina, Medicina e Odontologia), além de ter concluído ou estar cursando uma pós-graduação stricto sensu. Entre os quatro brasileiros selecionados está o professor da Universidade de Fortaleza (Unifor), Ramon da Silva Raposo, que pertence à Comissão de Ética no Uso de Animais da Universidade.
Os participantes devem possuir experiência com modelos animais (vertebrados ou invertebrados) de investigação científica, sendo que estrangeiros precisam ter conhecimento básico na Língua Portuguesa, além de carta de anuência de um pesquisador (orientador ou não).
Histórico
O projeto "Modelos Alternativos de Infecção e Teste de Substâncias: larvas de Galleria Mellonella", desenvolvido no Laboratório de Micologia Médica e Microbiologia Bucal (NIP9) do Departamento de Microbiologia, do CCB, já comprovou que as larvas significam economia de tempo e de recursos.
Embora não seja exatamente novidade para a ciência, o uso de larvas de insetos em laboratórios ainda é pouco difundido e até mesmo pouco pesquisado no Brasil. Além da UEL, pelo menos outras duas Universidades, USP e UNESP, mantêm projetos do gênero.
O professor Ricardo Almeida iniciou estes estudos em 2009, nos Estados Unidos, quando participou de um curso de verão sobre Micologia Molecular, com o professor Eleftherios Mylonakis, considerado um dos pioneiros em métodos alternativos. De volta ao Brasil, o pesquisador buscou as primeiras larvas no Instituto Biológico de Campinas (SP), buscando dar início aos primeiros ensaios.
Hoje as larvas de mariposa são criadas no próprio laboratório, onde o professor desenvolve os estudos sobre a alternativa. Atualmente outros três laboratórios do CCB já estão utilizando as larvas, com bons resultados. A proposta é ampliar o raio de ação, fornecendo material para pesquisadores interessados.
