Mediações com turmas da Escola Municipal Norman Prochet a partir do trabalho de Thaís Arcangelo

Nos dias 5, 6 e 11 de agosto, recebemos a visita de algumas turmas da Escola Municipal Norman Prochet. Quem os trouxe foi a Nicole Venturini, que dá aulas para eles e também é do PIBID vinculado à DaP.
Os estudantes, junto com ela e a escola, farão uma pintura nos muros da escola, e para dar algumas referências de arte urbana, a Nicole tomou como base o trabalho da Thaís Arcangelo.
Ela nos enviou um texto contanto sobre essa experiência com os alunos:
Embora a exposição “Quando vier por favor me avise” conte com o trabalho de várias artistas, o foco dessa mediação foi o trabalho da artista Thais Arcângelo, passando pelas outras artistas conforme a curiosidade dos estudantes.
A Escola Municipal Norman Prochet está engajada em um projeto de pintura mural, e coordenando esse projeto, não pude deixar de proporcionar-lhes a experiência com o espaço da Dap, bem como, do trabalho da Thais, que dialoga com a cidade, espaço buscado por ela em muitos trabalhos, trabalhando em grandes dimensões. Os estudantes do quinto ano, que começarão a pintura do muro de sua escola esse ano, já estão tendo, através de oficinas ministradas na escola, experiências um tanto expansivas, como por exemplo, levar de casa para a escola um objeto do cotidiano que lhe é importante afetivamente, e pintá-lo em grande dimensão, aumentando sua visibilidade, compartilhando com os colegas.
Os estudantes disseram gostar de tudo na exposição, e alguns questionaram a instalação (isso é arte?). Conversei com eles mais um pouco sobre arte urbana, e eles apontaram vários lugares onde localizam imagens produzidas na cidade nos rabiscos, pinturas, colagens, perto da escola, de suas casas. Faz parte do convívio de todos nós. Questionaram a legalidade de tal ação, e esclarecemos a diferença entre uma intervenção urbana considerada como arte e outra considerada como uma expressão que não tem essa preocupação (pixação ou grafite?). Há artistas que buscam questionar esse lugar: de quem é esse lugar onde vivemos, afinal? E necessitam intervir nele, atingir as pessoas no cotidiano, usar o mundo como suporte.
A Dap é um espaço expositivo de trabalhos artísticos, e alguns artistas buscam extrapolar os limites desse espaço, colocando sua arte nas ruas, lugar onde muitas pessoas passarão e terão contato. Assim, conscientizei-os, também será o trabalho que farão no muro da escola. Criarão algo e tornarão isso visível no cotidiano de quem passar perto de lá. As artistas de “Quando vier por favor me avise”, assim como os artistas de modo geral, sempre criam a partir de algo que lhes interessa no mundo, estando isso claro ou não. A Carolina Panchoni, por exemplo, vê beleza e potência nos pássaros mortos. A Suellen cria resgatando situações e imagens da infância, experiências muito particulares.
No muro, seja trazendo claramente ou não o que é particular de cada um para a pintura, o que criarem serão algo deles, visível para o público, afetando o cotidiano das pessoas.
Para toda essa discussão fazer ainda mais sentido, atravessamos a rua em busca de visualizar na cidade a grande pintura da Thais Arcângelo perto da Dap. No meio do caminho observavam stencils e pixações. Em uma das visitas das três turmas, tivemos a sorte de encontrar a Thais pintando o muro, o que foi muito empolgante para eles… Puderam também conversar com ela, que ao saber que realizarão tal ação no muro da escola deles, aconselhou: “Pintem bem grande, com os braços!”
Nicole Venturini
Alguns estudantes conversando com a artista Thaís Arcangelo!