Entrevista com a artista Natália Andrelino

Instalação “Ilha” de Natália Andrelino na exposição “Quando vier por favor me avise”.
Natália Andrelino é uma das artistas que estão expondo seus trabalhos na exposição “Quando vier por favor me avise”, aberta até o dia 15 de agosto.
Enviamos para ela algumas perguntas para que nós todos possamos conhecê-la melhor e conhecer suas referências.
COMO UM TRABALHO COMEÇA?
Algumas vezes algo que leio ou que descubro me inquieta e me faz querer transcender aquilo de alguma forma, de fazê-lo desabrochar. Outras vezes é o material que faz esse papel de propositor, um objeto ou um suporte que chega até mim e me faz pensá-lo e a querer desdobrá-lo também. Muitas vezes começo algo a partir de um material sem saber o que vai surgir e é o processo que me guia.
QUE ARTISTAS OU TEÓRICOS VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTES? POR QUE?
Há muitos artistas ao longo da história da arte que considero importantes, mas atualmente, tenho olhado para o trabalho de alguns artistas mais contemporâneos, como por exemplo Brígida Baltar, Vânia Mignone, Tunga, Marina Abramovic, Francesca Woodman, Kiki Smith, só para citar alguns. Também tenho como referencia Clarice Lispector que, mesmo sendo da literatura, faz muita ponte com meu trabalho. Cada um deles possui suas particularidades que reconheço em mim e uns aos outros. Muito importante para mim também é conhecer novos artistas, principalmente jovens como eu que estão começando e divulgam seu trabalho através da internet – minha principal fonte de pesquisa.
O QUE VOCÊ ESTÁ LENDO?
Estou sempre lendo alguma coisa, e muitas vezes mais de uma ao mesmo tempo. No momento estou lendo os livros “O olho e o espírito” de Maurice Merleau-Ponty, “Escritos de artistas anos 60/70” organização de Glória Ferreira e Cecilia Cotrim, “Ao encontro da sombra” organizado por Connie Zweig e Jeremiah Abrams , e “O lado ativo do infinito” de Carlos Castaneda.
QUE TIPO DE COISA CHAMA SUA ATENÇÃO NO MUNDO?
Me interesso pelo comum e pelo não comum. O mundo é cheio de coisas e objetos e todos eles tem o poder de prender a nossa atenção. Às vezes eles nos levam a outro lugar, fora da realidade em que estão. Faça uso deles desta forma, não para representar o mundo, mas para transcendê-lo. Também procuro olhar para as coisas mais ínfimas, etéreas, sutis. A beleza que elas emanam é do Ser, da vida, de um eterno Estado de Graça.
O QUE VOCÊ ESTÁ PRODUZINDO AGORA?
Continuo experimentando e investigando objetos e também estou trabalhando com fotografia.
QUE SITES VOCÊ COSTUMA VER?
Na internet ando por muitos lugares e gosto de recolher imagens que me tocam e as reúno em um blog pessoal. São imagens de uma atmosfera especifica que correm pela internet, frames de filmes, trabalhos de outros artistas, muitas vezes desconhecidos, que me servem como alimento. É como um lugar separado do mundo, com um aspecto de delírio, de estranheza, que me leva para outros lugares.
QUE MÚSICAS VOCÊ OUVE?
Ouço coisas diferentes umas das outras, me divido entre o passado e o contemporâneo.
QUE EXPERIÊNCIA COM ARTE FOI IMPORTANTE PARA VOCÊ?
Acredito que a minha formação foi um período muito importante de total contato com arte, desde nas salas de aula como nas viagens acadêmicas quando visitamos muitas exposições e museus importantes, o que me enriqueceu muito. A experiência desta atual exposição também foi uma fase importante no meu trabalho, pela nova dimensão da instalação e por todas as discussões que ela gerou em mim.