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Thaís Arcangelo é uma das seis artistas que estão participando da exposição “Quando vier por favor me avise” na DaP, enviamos algumas perguntinhas para ela, para que todos nós possamos conhecê-la melhor e a seus trabalhos.

 

COMO UM TRABALHO COMEÇA?

Começa quase sempre com um rabisco, linhas bem soltas e que geralmente formam o cabelo/cabeça de um personagem feminino. Acho que a essência do desenho surge aí nesse primeiro momento, do que essa figura parece ter trazido com ela de algum lugar já definido. Difícil explicar de onde vem o contexto criado a seguir, mas deve ser a mistura de todas as outras coisas que vivem na minha cabeça.

QUE ARTISTAS OU TEÓRICOS VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTES? POR QUE?

Dos artistas plásticos gosto muito do Samico, Klimt e Toulouse-Lautrec e alguns muralistas jovens como Escif, Seth, Pedro Saci e Rimon Guimarães.
Pela parte teórica fui muito tocada pelo Maciunas quando estudei anti-arte. Tomei uma frase dele como guia,  passei anos da minha vida dando quase nenhuma atenção pros desenhos que fazia e criei um deboche interno pra ideia de artista. A partir daí vi que minhas aspirações estavam bem mais para arte-educação, para trabalhar com crianças uma ideia de arte mais próxima da vida. Foi uma abertura muito importante para as possibilidades dentro da minha formação, pois interpretei a negação da arte como um caminho inusitado para ensiná-la, muito mais no sentido de estimular a fruição do mundo, a percepção sensível da realidade, do que apenas da Arte – com A maiúsculo – institucionalizada historicamente. Apesar de hoje eu dar muito mais valor pro meu próprio fazer artístico, ainda sinto que minha produção é só mais uma coisa que eu gosto de fazer, sem muitas pretensões. Continuo querendo muito mais produzir vivências junto com “pessoinhas“ do que Arte sozinha.

“a chuva que cai é anti-arte, o rumor da multidão é anti-arte, um espirro é anti-arte, um vôo de borboleta, os movimentos dos micróbios são anti-arte. Essas coisas também são belas e merecem tanta consideração quanto a arte. Se o homem pudesse, da mesma maneira que sente a arte, fazer a experiência do mundo, do mundo concreto que o cerca (desde os conceitos matemáticos até a matéria física) ele não teria necessidade alguma de arte, de artistas e de outros elementos ‘não produtivos'”. Ou seja, um estado de arte sem arte, onde tudo torna-se material indispensável para a “experiência do mundo”, MACIUNAS.

O QUE VOCÊ ESTÁ LENDO?

“ A vida secreta das plantas” de Peter TOMPKINS e Christopher BIRD

QUE TIPO DE COISA CHAMA SUA ATENÇÃO NO MUNDO?

“Ruídos” nas paisagens cotidianas: mato que brota no concreto, pixações, falas soltas de crianças e as pessoas no geral me interessam muito, porque nunca deixam de me surpreender.

O QUE VOCÊ ESTÁ PRODUZINDO AGORA?

Estou terminando um mural encomendado para a AESLO. Quando acabar vou me empenhar na produção de alguns produtos que crio a partir dos desenhos, pra Astronave de Papel. Em paralelo vou continuar uma série de desenhos que faço a partir de fotos de meninas, recebidas pela internet , e pretendo transformá-los em lambe-lambes pra espalhar pela cidade.

QUE SITES VOCÊ COSTUMA VER?

Gosto de me perder em perfis de ilustradores / artistas no flickr. Acho bacana porque os trabalhos lá não perdem a referência, dá pra ver tudo o que as pessoas produzem de uma vez só, além do que favoritam, o que vira  um portal  pra universos de tantos outros trabalhos que na maioria das vezes são pouco conhecidos, mas interessantíssimos !

QUE MÚSICA VOCÊ OUVE?

Ouço um pouco de tudo, mas vou citar T. Rex , como a banda mais querida dos últimos tempos .

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