Desenhar é uma situação para (bem) perceber que não se tem um desenho. Talvez seja mais apropriado admitir que o desenho nos aciona e acolhe: o desenhar é possibilidade para nossa entrega, para servir, como um gesto amoroso. Depois da ousadia em admitir que podemos fazê-lo, nos oferecemos seguindo adiante, estendendo a linha em seu ponto obscuro, parando e retomando o movimento. Pensando nas imagens de cegueira descritas por Derrida, é como se fôssemos desdobrando o próprio espaço no tatear temerário das mãos. Assim, sem poder reivindicar posse, controle ou autoridade, mesmo no vazio, no escuro, na hesitação de todo risco, tal entrega é sua própria recompensa, já que, nela, participamos do desenho. 

 

Diego Rayck (Florianópolis/SC) é artista e professor adjunto da Ufes desde 2016, atuando no ensino de artes nas áreas de desenho e gravura em outras instituições desde 2004. Possui Bacharelado em Artes Plásticas e Mestrado em Artes Visuais pela Udesc e Doutorado em Arte Contemporânea pela Universidade de Coimbra. 

 

https://ufes.academia.edu/DiegoRayck 

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Diego Rayck. Gordon Matta-Clark. Splitting, 1974, 2013. Tinta sobre papel, 7 x 10 cm.

Diego Rayck. William Anastasi. Untitled (hands), 1967, 2014. Tinta sobre papel, 7 x 10 cm.

Diego Rayck. Robert Smithson. Partially buried woodshed (in process), 1970, 2013. Tinta sobre papel, 10 x 10 cm.

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