O DESENHO COMO MEMBRANA:

Estrutura-estruturante de incontingências: com formas cheias, vazios, massas, tramas, manchas, pontos, sulcos, retas, paralelas, encruzilhadas e curvas; o desenho é uma rede de signos gráficos que indiciam algo. Algo que está além das linhas, que está no ar, no éter, na organização dos organismos e dos mecanismos, naquilo que olhamos e vemos sob potência de imagem – imagem porosa, intrincada e fluida, que em sua capacidade de transmissão de sentidos, partilha significados na pele visual da língua-desenho.

Enfaticamente o desenho e sua capacidade de evocar, de representar, de colocar-nos dentro do jogo do visível, o expande de linguagem gráfica a um campo imaterial de conhecimento e vida, onde ele próprio, mesmo antes de acontecer no papel, acontece em intuição, em pulsão sensível – acontece, sobretudo, no ato de ver e está ligado ao nosso imaginário produtor de imagens membranosas, ao nosso âmago imaginário que cria e recria as impressões do mundo em dada posição de ancoragem do corpo no campo visual, organizando nossas percepções em sistemas vivos e significantes. Traçáveis ou não. Ainda como um trabalho interno e externo, de reconhecimento sensível e de internalizações do mundo visível, o desenho desperta em nós muitas camadas membranosas de imagens: lembranças, fluxos e jorros de formas, percepções viscerais, padrões visuais que se embaralham e se ligam em embaraçadas teias de sentidos e significados, disponíveis ao pensamento para serem materializados pelos gestos em arrebentação.

 

Márcio Diegues (General Salgado-SP, 1988-): é artista e professor, pesquisa o desenho como fio condutor de suas relações com a paisagem e o espaço, desdobrando-o em gravuras, livros de artista, objetos, instalações, ações de coleta e obras site specific. Graduado em Artes Visuais pela UEL, Londrina, em 2012, e mestre em Linguagens Visuais pela EBA-UFRJ, em 2017. Foi selecionado Bolsista do Programa de Residência Artística Bolsa Pampulha 2013-2014, e, também, foi um dos artistas de destaque da Bolsa Iberê Camargo 2014. Atualmente reside no Rio de Janeiro e é doutorando no PPGARTES-UERJ, na linha processos artísticos contemporâneos; lecionou como professor assistente de desenho, gravura e pintura na UERJ, entre 2018-2021, e leciona como professor de Artes Visuais na Univeritas – RJ, e professor substituto no Departamento de Desenho da EBA-UFMG.

 

mdsacris.wixsite.com/marciodiegues

flickr.com/photos/marcio-diegues/

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ARREBENTAÇÃO – gravura em metal, 2019

Caderno de ondas

Caderno do Mar – A lunação das Marés – página panoramica

Caderno do Mar, 2017-2018. Nanquim sobre papel, cópia de gravura em metal e colagem, 25 x 50cm.; páginas panorâmicas de 25 x 100 cm.

processo – arrebentação 2020 menor

Processo do desenho instalativo – Arrebentação 2020, Galeria Ibeu-RJ.

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