DESENHO, ESTADO DE LIBERDADE

Um artista por dia, 57 artistas na DaP Londrina

O desenho procura ritmos, numa perspectiva expandida. Aquele que desenha tenta entender como as coisas se apresentam enquanto se tornam outra coisa, como são descobertas no exato momento em que parecem não ser o que sabíamos. Desenhar, como escrever, como olhar, é também um movimento de constituição, ao desenhar, alguma coisa está se formando, na percepção e na materialidade. O desenho é a constituição  de um tipo especial de consciência, talvez seja melhor pensarmos em um tipo diferente de consciência e acrescenta algo novo ao que sabíamos, ao que éramos. Neste sentido, desenhar, ver desenho é sempre uma experiência libertária.

DESENHO, ESTADO DE LIBERDADE é uma exposição que propõe um grande acordo entre artistas que desenham, que aceitaram um convite para estarem juntos, com diferenças e particularidades em suas produções. Parecia algo muito complicado juntar artistas de cenários tão diferentes, em momentos diferentes de suas carreiras, e aí reside o interesse da curadoria, a negociação, as tratativas, o acordo, a gentileza, a possibilidade, a desaceleração.

Os limites de um recorte baseado na linguagem não foram negados, principalmente porque há grandes expectativas a respeito da curiosidade de quem verá a exposição. A ideia de que aquele que se aproxima de uma obra de arte a toma para si e trava diálogos com ela é outra expectativa da curadoria que estimula o desrespeito às fronteiras da linguagem, para irmos de encontro aos objetos no mundo, nossas afetações e seus transbordamentos em significados novos. As diferenças provavelmente se acentuaram no agrupamento e as comparações serão inevitáveis, o que esperamos, gerará uma amplitude de questionamentos de como pode ser manifesta, saboreada, corporificada  a liberdade, onde as diferenças são então possibilidades de alteridade.

A Divisão de Artes Plásticas tem se empenhado para criar possibilidades de trocas on-line, o Edital Arte Londrina 8 e o projeto VOLTA, desenvolvidos durante a pandemia, foram iniciativas que se abriram para uma ação que deriva do trabalho do artista e se expandiram para territórios sem controle institucional, a partir dos interesses e sob a responsabilidade dos próprios artistas. Outras paragens se tornaram acessíveis, da rotina dos ateliês às relações e interações com outros artistas, com intercomunicações muito mais efetivas, deixando à vista as dimensões de seus comprometimentos. Para um público muito maior foi possível fazer parte, deixar algum registro, participando da constituição dos sentidos dos trabalhos.

DESENHO, ESTADO DE LIBERDADE é um grande agrupamento de artistas que reafirma a necessidade da arte em sua dimensão pública, quando o sensível se afirma como inevitável, inegociável e bem coletivo. 

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