A artista Fernanda Galvão reside em São Paulo (AC) respondeu algumas questões feitas pela DaP a respeito de sua produção e de seu trabalho “Jgiwblows”. A obra integra a exposição Tu não te moves de ti, a quarta do edital Arte Londrina 7.

 

“O vídeo foi feito a partir da realização de uma escultura de papel machê com cerca de 1m de altura, filmada num estúdio de chroma key. Um corpo revestido pela textura “Corpo Lunar”, um revestimento composto por areia rosa e vermelha, flocos de isopor e resina impermeabilizante que se encontra também sobre uma ilha de areia cor de rosa.
De atmosfera sci fi, a edição de JGIWBLOWS se inicia com planos detalhes das texturas cor de rosa e vão numa crescente deefeitos – que sugerem catástrofes naturais, como terremotos, ventanias e desmoronamentos -, até o ápice, quando então uma erupção de fumaça magenta é expelida por uma cratera. Logo após essa explosão, a calmaria que usualmente sucede essas catástrofes, se faz presente na ilha e vemos então, Frederico, um coelho rosa.”

– Fernanda Galvão

 

COM QUEM TEM AS MELHORES CONVERSAS SOBRE O QUE TE INTERESSA COMO ARTISTA?

Com meus amigos. Divido um ateliê no Largo do Arouche, o “Largo” com outros 5 artistas. O Pepe Lemes e a Júlia Braga são com certeza as pessoas com quem mais falo. Fora do ateliê, a Rafaela Foz também é uma pessoa muito importante, com que sempre converso e troco muito. 

 

COMO UM TRABALHO COMEÇA?

Acho que no meu caso varia muito. As vezes um trabalho puxa outro. Muitas vezes vem da minha relação com o espaço e com materiais específicos, que quando colocados juntos formam um corpo. Penso sempre em como juntar as coisas, como juntar materiais diferentes, seja pela matéria, pela luz, calor etc. Geralmente fico produzindo muitos objetos, ou formas estranhas, que se transformam em outras coisas quando justapostas. Tendo a olhar essas coisas para entender o que elas podem virar. Outros trabalhos partem de desenhos e projetos. Assisto muitos filmes e tento sempre pesquisar artistas que me interessam. 

 

QUE ARTISTAS OU TEÓRICOS VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTES? POR QUÊ?

Em geral olho muito para cinema. Blade Runner, tanto o antigo como o 2049 são filmes que gosto muito.  Artistas que tenho visto muito ultimamente são a Mika Rottenberg, Pierre Huyghes e o Michael Dean. 

 

O QUE VOCÊ ESTÁ LENDO?

1984 do George Orwell.

 

QUE TIPO DE COISA CHAMA SUA ATENÇÃO NO MUNDO?

O vento, a paisagem, a forma das coisas. Elementos que aparentam ser coisas que não são. Cenografia, arquitetura, cinema… A vida em geral, tento sempre estar atenta e curiosa. 

O QUE VOCÊ ESTÁ PRODUZINDO AGORA?

Uma escultura, para um filme que estou roteirizando.

 

QUE MÚSICA VOCÊ OUVE?

Gosto muito dos anos 80. Tears For Fears, The cure. Gosto de jazz, rock, Caetano, Elis e por ai vai.

 

QUE EXPERIÊNCIA FOI IMPORTANTE PARA QUE VOCÊ SE ENTENDESSE COMO ARTISTA?

Sempre gostei muito de ir a museus, e de construir coisas. Minha mãe e minhas tias sempre me incentivaram muito a produzir.  Aos 11 anos fiz meu primeiro curso de pintura, depois dos 12 aos 17 anos e ai finalmente, entrei no bacharelado em artes visuais na FAAP.  

 

“AS COISAS APARENTAM SER O QUE NÃO SÃO NA REALIDADE”? 

Isso é algo que me chama muito atenção. Me interessa esse jogo de percepção, no qual as coisas se mostram diferentes do que aparentam ser. Isso acontece muito na cenografia. Por exemplo, quando um objeto aparenta ser todo construído num ponto de vista, mas na realidade tem somente uma lateral. Ou quando uma paisagem aparenta ser gigantesca num vídeo ou foto, mas na realidade foi feita num espaço de 1x1x1m. Me interessa esse lugar do ilusório, da mentira.

 

O QUE PRETENDE AO CONSTITUIR NARRATIVAS INTERPLANETÁRIAS E DE MONSTROS EM SEUS TRABALHOS?

Criar outros mundos tóxicos e contagiosos -além do nosso -, que exacerbam a cor rosa, de maneira radioativa e perversa, como um agrotóxico, ou radiação ingerido durante muitos anos, que causam danos e efeitos colaterais adversos.