ENTREVISTA COM O ARTISTA JONAS BARROS
O artista Jonas Barros, de Cuiabá (MT), participa da atual exposição da DaP, Tu não te moves de ti, a 4ª do Arte Londrina 7. Ele respondeu algumas questões feitas pela DaP acerca de seus trabalhos aqui expostos, Experimentos para bovinos e O barro e a meridiana claridade de um dia sul americano, e de seus processos de criação.
COM QUEM TEM AS MELHORES CONVERSAS SOBRE O QUE TE INTERESSA COMO ARTISTA?
Quando Passei a me Envolver com a arte, as melhores conversas aconteceram com os artistas aqui de Mato Grosso: Benedito Nunes, Dalva de Barros, Adir Sodré, Gervane de Paula e também com escritores, fotógrafos, jornalistas, artistas populares, feirantes, peões de fazendas, curadores e críticos como Aline Figueiredo e Ludmila Brandão. Outras conversas que tem sido muito interessante e graficante vem acontecendo com as crianças de 6 á 12 Anos, durante as aulas de desenho que periodicamente ministro em Cuiabá e nobres.
COMO UM TRABALHO COMEÇA?
Começa de várias maneiras, não existe um protocolo, regras ou receitas, quem dita o inicio do jogo é o olho e o coração do artista. Curiosamente costumo anotar palavras ou frases, pensando utilizar-las posteriormente, assim muitas vezes os títulos nascem antes que as obras.
QUE ARTISTAS OU TEóRICOS VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTES? POR QUÊ?
A construção dessa resposta é ampla, é difícil falar em poucos nomes, o artista contemporâneo necessita de um repertório muito amplo para construir seu trabalho. Áreas como humanas e exatas frequentemente fazemos uso além logicamente de toda a história da arte, mas tenho admiração: Dürer, da Vinci, Goya, Courbet, Duchamp, Klee, Warhol, Soto, Bacon, Martins Puryear, e Gerard Richter. No Brasil: Guignard, Flávio de Carvalho, Maria Martins, Bispo do Rosário, Antônio Dias, Oiticica, Tunga, Claudia Andujar e Juraci Dória. Tenho interesse pelos teóricos Mario Pedrosa e Clemente Greenberg.
O QUE VOCÊ ESTÁ LENDO?
Olhar, escutar, ler: Claude Levi Strauss
Conversa com curadores e críticos, de Renato Resende e Guilherme Bueno
Fotografia e império, de Natália Brizuela
Fotografia e pintura: Dois meios diferentes, de Laura Gonzales Flores
O abuso da Beleza, Artur Danto
Construtivismo, de George Rickey
Toada do esquecido e Sinfonia Equestre, de Ricardo Guilherme Dicke
O Fim da História da Arte, de Hans Belting
QUE TIPO DE COISA CHAMA SUA ATENÇÃO NO MUNDO?
Coisas extremamente simples e coisas extremamente sofisticadas, que a propósito, ambas estão contidas na mesma coisa.
O QUE VOCÊ ESTÁ PRODUZINDO AGORA?
Fotografando porteiras de fazendas, onde encontro nelas feições construtivistas. – fotografando tronco de arvores para depois recortar as fotos em formato de busto, nessa série quase todos autorretratos faço uma crítica ao desejo ocidental de monumentalidade – com madeira, couro, tintas e cola ,estou produzindo retratos de família abordando questões ligadas a identidade , gênero e valores antropológicos. – coletando pedras de calcário principalmente as que vejo nelas esculturas prontas. Para depois apresenta-las quase sem interferência. – restaurando alguns móveis da minha mãe, movido por forças afetivas.
QUE MÚSICA VOCÊ OUVE?
Milton, Belchior, Genesis, Paul Simon, Daby Balde, Djavan, Helena Meirelles, Adauto Santos, Vitor Ramil e Rádio Sabiá Miami.
QUE EXPERIÊNCIA FOI IMPORTANTE PARA QUE VOCÊ SE ENTENDESSE COMO ARTISTA?
Com certeza foi a oportunidade de passar 01 Mês em Paris em 1990. Visitei praticamente todos os museus e galerias daquela cidade. De tanto andar emagreci uns cinco quilos. A partir daí, passei a ter uma nova compreensão da vida e maior noção da complexidade do mundo da arte.
O QUE VOCÊ FAZ NA FAZENDINHA SÃO JOSÉ DO CURRALZINHO EM NOBRES – MT?
Eu trabalho fazendo todos os serviços necessários que envolve uma propriedade rural. Criar o Gado é antes de tudo uma vocação e paixão. Minha Família, desde os meus antepassados vive essa cultura em torno do gado e do cavalo. Eu procuro manter viva essa cultura, para assegurar heranças de valores do passado e manter a dedicação no difícil equilíbrio agroambiental.
COMO SEU TRABALHO COMO ARTISTA SE AJUSTA E SE ALIMENTA NESTE CONTEXTO?
Minha produção sempre foi marcada por aquilo que me cerca, isso acontece desde a minha infância construindo meus próprios brinquedos, sempre morando em fazendas no interior de Mato Grosso. Entendo que o ajustamento do meu trabalho dentro desse contexto rural, se da quando consigo contrapor elementos distintos num mesmo campo de atuação, isto é, o eu aquilo que está a minha volta. Atuando dessa maneira penso que consigo valorizar o meu processo de criação e significação. Um exemplo disso é a série de fotografias que apresento na arte londrina 7 “ O Barro e a meridiana claridade de um dia sul Americano”. Nesse trabalho como na maioria dos outros, a natureza sempre foi nossa maior aliada, a começar pela fartura de luz existente em nosso meio.
Angela Silva
Parabéns. Avisa quando essa exposição vem pra Cuiabá.
Eliane Parente
Parabéns, orgulho do artista que é. Feliz por ser meu tio!
Jamille
Artista de alma e coração !
Vera Capilé
Tenho muito orgulho de vc Jonas! Desejo sempre sucesso em sua arte! Avante!!!!!
Harold Gonçalves
Parabéns Jonas pela sincera entrevista, relatando com lealdade a vida vivida por voce, nos traços firmes das suas obras.
Mariana C. Barros Lemes
A arte traduz os olhos da alma, parabéns pelo trabalho e a dedicação a cultura e tradição da família.
Heleninha Botelho de Campos Coelho
Parabéns Jonas orgulho de suas origens, grande artista ,e estudioso das artes !!!!!
Adriana Mani
Saudades de você amigo. Queria notícias tuas.