Daniel Higa, que reside em Pelotas – RS, participa da exposição EMPRESTA-ME UM DE SEUS DIAS com a obra Pausa.  Ele respondeu algumas perguntas ao site da DaP:

 

COM QUEM TEM AS MELHORES CONVERSAS SOBRE O QUE TE INTERESSA COMO ARTISTA?

Acho que com meus amigos.

 

COMO UM TRABALHO COMEÇA?

No meu processo o trabalho começa muito da observação do dia-a-dia. Uso muito da fotografia e o do desenho como catalisadores para os novos trabalhos, daí meio que a coisa já entra no seu ritmo.

 

QUE ARTISTAS OU TEÓRICOS VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTES? POR QUÊ?

Hélio Oiticica, Paulo Monteiro, Waltercio Caldas, esses são alguns artistas no qual procuro um diálogo com minha produção, acho que são artistas que partilham certos interesses. Gosto muito de escritos de artistas, como os textos do Hélio Oiticica e do Waltercio Caldas, pois é um olhar que parte do trabalho, essa equação para mim é muito importante.

 

O QUE VOCÊ ESTÁ LENDO?

Consciência Errante do André Severo e de vez em quando pego os Contos de Futebol do Aldyr Garcia Schlee.

 

QUE TIPO DE COISA CHAMA SUA ATENÇÃO NO MUNDO?

A rua, com certeza. Acho que tudo me chama muita a atenção, mas meu deslocamento pela cidade me coloca em situações pontuais. Minha relação com a cidade e a rua parece sempre estar em um estado de troca, tiro de lá e coloco aqui e vice-versa.

 

O QUE VOCÊ ESTÁ PRODUZINDO AGORA?

Agora estou trabalhando em uma série que ainda não nomeei, ela tem uma relação muito forte com a casa e seus gestos. Tenho buscado muito disso nos materiais, fronhas, panos e lençóis; e me focando muito em gestos como a dobra por exemplo. Vocês podem ver mais no @_danielhiga.

 

QUE MÚSICA VOCÊ OUVE?

Atualmente estou na vibe do r&b e neo-soul, muito Marvin Gaye, All Green, Solange, Matt Martians, Steve Lacy, Raveena e Tyler the Creator.

 

QUE EXPERIÊNCIA FOI IMPORTANTE PARA QUE VOCÊ SE ENTENDESSE COMO ARTISTA?

Acho que todo dia essa experiência muda um pouco, ou talvez vai se adicionando, tendo em vista que as coisas acontecem num ritmo acelerado e tudo faz parte do processo.

Mas com certeza olhar para trás é sempre uma experiência muito boa, acho que boa parte das coisas que fazemos já estão com a gente a um bom tempo, pois essa coisas refletem. Então eu diria que esse olhar mais para o interior das coisas me ajuda bastante.

 

COMO O IMPROVISO PODE INTERFERIR E ATÉ DEFINIR A ATIVAÇÃO DO ESPAÇO?

Olho para o improviso como definidor de situações, como criador de novos espaços. O improviso carrega em si uma ação provisória, que se modifica o tempo todo, que cria, descria, faz e refaz, para mim isso define a ativação do espaço.

 

O QUE SIGNIFICA ATIVAÇÃO DO ESPAÇO?

Acho essa pergunta difícil. A ativação pode acontecer de várias maneiras. Porém acredito que a ocupação do espaço é o primeiro gatilho, seja por um corpo ou um objeto que passa por esse.

 

A ARQUITETURA DAS CIDADES PODE DESSENSIBILIZAR AS PESSOAS? COMO? PODE ALIENÁ-LAS?

Com certeza. Morei em São Paulo por um tempo e a capital te engole. Acho que fora a verticalidade dos prédios a mobilidade na cidade te dita um ritmo, que te coloca em estado hipnótico. Os períodos de “entre” que os deslocamentos te impõem são hostis e te cansam, e a infraestrutura não contempla esses trânsitos. Morando em um cidade de porte médio agora, em Pelotas – RS, sinto que a paisagem e linha do horizonte são fatores fortes para entendermos o tempo das coisas, o tempo da cidade. Acho que boa parte da dessensibilização e a alienação parte de um ritmo muito frenético e da falta de tempo.

 

Ateliê do artista Daniel Higa

 

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