ARTE LONDRINA 7 – ENTREVISTA COM A ARTISTA ADRIANA MORENO
A artista Adriana Moreno respondeu algumas questões feitas pela DaP, também. Ele reside em São Paulo – SP e participa da 1ª exposição ARTE LONDRINA 7 – MELHOR SER FILHO DA OUTRA.
COMO UM TRABALHO COMEÇA?
Geralmente um trabalho começa a partir de uma hipótese que surge em outro trabalho, mas não de uma maneira linear nem causal.
QUE ARTISTAS OU TEÓRICOS VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTES? POR QUÊ?
Tem uma gama muito variada de artistas que tenho como referência. Recentemente me aproximei de alguns surrealistas porque me interessa o problema colocado no inicio do século XX sobre a arte e o inconsciente em resposta um racionalismo. Desse grupo me interessam Maria Martins, Brancusi, Giacometti, Miró, litografias do Jean Dubuffet, Tarsila e Bataille. Nos anos 60 que essa discussão foi retomada, quando artistas denominados pós-minimalistas apresentaram uma produção orientada pela ideia de ‘antiforma’ como desdobramento crítico do minimalismo. Dentro desta vertente me interesso pelas obras da Eva Hesse e Louise Bourgeois. Antoni Tàpies e Lucio Fontana são artistas que me ajudam muito a pensar sobre materialidade. E em relação a artistas mais contemporâneos me aproximo dos trabalhos da Anna Maria Maiolino, Erika Verzuti e da mexicana Mariana Castillo Debal.
O QUE VOCÊ ESTÁ LENDO?
Artigos diversos sobre a relação entre o pensamento surrealista e o ‘outro’, em especial um texto que se chama ‘O surrealismo etnográfico’ do James Clifford.
QUE TIPO DE COISA CHAMA SUA ATENÇÃO NO MUNDO?
Me chamam muita atenção as coisas que eu não compreendo, seja pelo mistério inerente a elas ou pela impossibilidade de decodificação desse conteúdo pelo pensamento lógico.
O QUE VOCÊ ESTÁ PRODUZINDO AGORA?
No momento estou produzindo litografias e monotipias orientadas pela minha pesquisa de mestrado.
QUE SITES VOCÊ COSTUMA ACESSAR?
Uso o Instagram para acessar contas que me trazem referências novas de artistas de diversos lugares do mundo que dificilmente eu conheceria de outra forma.
QUE MÚSICA VOCÊ OUVE?
Eu ouço um pouco de tudo, especialmente música brasileira. No momento tenho ouvido mais Baiana System e Academia da Berlinda.
QUE EXPERIÊNCIA COM ARTE FOI IMPORTANTE PARA VOCÊ?
Quando morei no México visitei muitos sítios arqueológicos e o Museu Nacional de Antropologia que foi uma viagem sem volta sobre o encantamento com a produção de objetos pré-colombianos. Outra experiência muito marcante foi assistir no 3D ao documentário do Herzog “Caverna dos sonhos esquecidos” sobre as pinturas nas paredes das cavernas do sul da França.
NO SEU TRABALHO O COMPORTAMENTO DOS MATERIAIS PODERIAM SER CONSIDERADOS COMO METÁFORA DA CONSTITUIÇÃO DE UM CORPO? SE SIM, ESSE CORPO TERIA UM GÊNERO?
Sim, com certeza. Nos meus trabalhos utilizo a litografia como suporte para produzir desenhos que se constituem justamente pelo comportamento físico do material, o tusche diluído em água. O que determina o desenho é o tempo de secagem da água que decanta e sedimenta esse material sobre a pedra litográfica, delimitando linhas e manchas. O interesse é esse ponto de contingência do material, em que a indeterminação orienta o aspecto final.
Eu acredito que esse corpo orientado pela fluidez da água teria um gênero indefinido.