A artista Karola Braga também respondeu algumas perguntas feitas pela DaP. Ela reside em São Paulo e participa da exposição MELHOR SER FILHO DA OUTRA – ARTE LONDRINA 7:

COMO UM TRABALHO COMEÇA?
Um trabalho pode começar de tantos lugares. Às vezes de um cheiro, uma frase, paixões, histórias, enfim. Um trabalho começa de um acumulado de práticas e situações que vão aos poucos construindo a potência poética e estética de um trabalho. Conversas, paixões, literatura, cheiros, histórias… Difícil definir como um trabalho começa. Por lidar com diversas mídias (cheiro, performance, vídeo, pintura, escultura, etc.) eu não tenho um modus operandi e cada trabalho pode começar das mais variadas formas o que dificulta estabelecer uma certa lógica de produção apesar da rotina diária dentro do ateliê. O que eu busco, na verdade, e o que mais me interessa é criar narrativas de impermanência, seja como um tema ou o próprio objeto artístico.

QUE ARTISTAS OU TEÓRICOS VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTES? POR QUÊ?
Eu considero sempre um pouco simplório citar alguns nomes que eu considero importante porque é através de um acúmulo de tempo, estudo, referências e situações que formam o trabalho de um artista. Também me parece um recorte no tempo porque em cada momento um artista ou teórico diferente se faz importante. Atualmente, no que diz respeito a teoria eu tenho tido muito interesse na semiótica e no estudo da construção do sentido.

O QUE VOCÊ ESTÁ LENDO?
Eu estou fazendo mestrado em Poéticas Visuais e, portanto, estou lendo muito (risos). Mas quem sempre acompanha a cabeceira da minha cama é “Poética”, de Ana Cristina César e “A filosofia de Andy Warhol: De A a B e de volta a A”, de Andy Warhol.

QUE TIPO DE COISA CHAMA SUA ATENÇÃO NO MUNDO?
Exibições de ausência.

O QUE VOCÊ ESTÁ PRODUZINDO AGORA?
Eu comecei uma nova residência artística com um projeto intitulado A reivenção da memória: Campos Elísios. A partir de um panorama histórico, o projeto consiste no desenvolvimento de fragrâncias de modo a recriar a experiência histórica olfativa deste bairro de São Paulo.

QUE SITES VOCÊ COSTUMA ACESSAR?
Costumo utilizar a internet mais para pesquisa, os sites são diversos.

QUE MÚSICA VOCÊ OUVE?
Segue a minha playlist: Dedos não brocham.

QUE EXPERIÊNCIA COM ARTE FOI IMPORTANTE PARA VOCÊ?
No ano passado participei de duas residências artísticas: Cité Internationale des Arts em Paris e Kooshk Residency em Teerã. Quando nos damos a chance de nos expormos a novos contextos – ou a contextos que tendemos a evitar – e nos permitimos abraçar vulnerabilidades, as nossas e, por consequência, as alheias, podemos nos surpreender com o que encontramos. Até o momento elas foram as experiências mais importantes pra mim.

COMO VOCÊ PODERIA FALAR SOBRE O POTENCIAL TRANsGRESSOR DO AMOR? (AMOR COMO AÇÃO PLANEJADA/DELIBERADA/INTENCIONAL)
Acredito no amor deliberado, mas acho complexo falar de amor planejado ou intencional. A palavra amor é muito subjetiva. Meu trabalho flerta deliberadamente com questões de afeto, e algo que tenho refletido muito é que em tempos que afetam todos os ares da nossa existência, como mulher parte da comunidade LGBTQIA+, falar de amores é no mínimo uma forma de resistência.

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