A artista Ana Takenaka participa da exposição OPÇÕES DE FIM DE MUNDO.

Enviamos algumas perguntas para que possamos conhecer mais o processo e as referências da artista.

 

1 – COMO UM TRABALHO COMEÇA?

Parte de uma necessidade pulsante que precisa tomar forma. Daí vou ao desenho, onde início os rabiscos e passo a entender o caminho a seguir. Tem trabalhos que se concretizam como desenho e outros são desenvolvidos na gravura, em seguida. Nos procedimentos da gravura utilizo das possibilidades que posso atingir brincando e experimentando durante as etapas de entintagem e limpeza, de forma a obter resultados distintos conforme as escolhas realizadas no percurso.

 

2 – QUE ARTISTAS OU TEÓRICOS VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTES? POR QUÊ?

Na minha trajetória foi muito importante ter tido contato com o livro “Sobre a arte moderna e outros ensaios”, do Paul Klee. Este livro é uma espécie de diário que traz relatos escritos pelo artista sobre seus processos criativos e a visão dele sobre a arte de seu tempo. Foi após ter lido estes relatos que o desenho “a implicação de um ‘Não’”, que participa da mostra, surgiu. Ele foi o precursor de uma trajetória poética. A poesia de Manoel de Barros encanta e faz voar minha imaginação de serelepe. Kiki Smith pela sensibilidade de seus traços (linhas), tema e expografia. William Kentridge traz uma perspectiva abrangente sobre o desenho em intersecção com outras mídias. Rauschenberg pela forma como trabalha a matéria e a gravura. … e as crianças !

 

3 – O QUE VOCÊ ESTÁ LENDO?

No momento estou lendo HABITAR, de Juhani Pallasmaa.

 

4 – QUE TIPO DE COISA CHAMA SUA ATENÇÃO NO MUNDO?

A espontaneidade e gentileza das pessoas, o oposto também. As crianças e suas invenções. Quando bate aquele lampejo de consciência sobre a cidade penso como poderia ser diferente se tivéssemos os rios limpos, se a política pública tomasse outra direção que favorecesse o lazer, o prazer e a sociabilização. Adoro a chuva, o vento, as águas da chuva, a chuva com vento, os sons do vento, as luzes do entardecer.

 

5 – O QUE VOCÊ ESTÁ PRODUZINDO AGORA?

Estou em andamento com uma série de monotipias (estilo o procedimento realizado pela Mira Schendel), médio formato, investigando as cores em relação com o desenho.

 

6 – QUE SITES VOCÊ COSTUMA VER?

Não tenho sites como referência. Pesquiso pelo Google e quando faço um uso sábio da internet visito sites de artistas, busco vídeos sobre temas que interessam no momento e editais.

 

7 – QUE MÚSICAS VOCÊ OUVE?

Gosto muito de ouvir músicas instrumentais, como UAKTI. Músicas africanas de Mali, Cabo-Verde e Etiopia. Cumbia. Música do Brasil em geral: músicas regionais, cantos nativos, pontos, a nova geração. Atualmente estou ouvindo alguns funks para entender a realidade do jovem contemporâneo que vive na periferia, como “Eu sei” do MC Felipe Boladão.

 

8 QUE EXPERIÊNCIAS COM ARTE FORAM IMPORTANTES PARA VOCÊ?

A primeira grande experiência foi quando estava em Madrid e decidi ir visitar o Reina Sofia. Não havia pesquisado as exposições em cartaz, muito menos estava ciente do acervo do museu. Não tinha muito tempo para a visita, então decidi ir caminhando e parar somente se a obra gerasse algum impacto sobre mim. Entrei numa sala com vários estudos do Picasso para o Guernica. Continuei andando, até que entrei numa sala e ali estava o Guernica. Fiquei emocionada, sentei ali mesmo aonde estava e observei como Picasso alcançou um ponto auge de expressão, muitas informações sintetizadas ali, muito forte.

A visita ao Dia Beacon Art Foundation também serviu de bagagem para entender porque alguns artistas são considerados mestres contemporâneos.

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