A artista Ana Vilela Carmo participa da exposição OPÇÕES DE FIM DE MUNDO.

Enviamos algumas perguntas para que possamos conhecer mais o processo e as referências da artista.

 

1 – COMO UM TRABALHO COMEÇA?

Quando eu acordo. Juro. Trabalho pra mim é rotina. Acordo e vou trabalhar; na maioria das vezes eu não sei o que estou fazendo, daí não paro de fazer até eu ter alguma noção do que pode ser aquilo. Não dá para maltratar a pintura, até porque ela te maltrata de volta e é por isso eu trabalho todo dia e trabalho em séries diferentes. Assim ninguém se maltrata e com o tempo e a reflexão vou colocando cada coisa em seu lugar.

 

2 – QUE ARTISTAS OU TEÓRICOS VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTES? POR QUÊ? 

Essa é uma pergunta difícil para quem estuda muito e principalmente para quem acha que a arte brasileira é a melhor coisa que existe. Meus queridíssimos que influenciam meu trabalho e minha ética são: Guignard, Volpi, Lore Koch, Mira Schendel, Paulo Pasta, Cristina Canale, Emmanuel Nassar, Paulo Monteiro e Álvaro Seixas. Eles são importantes porque além de ter uma trajetória fenomenal dentro de suas pesquisas, tem uma ética de trabalho que eu procuro; que vem da rotina, em que o trabalho te ensina e manda mais em você do que o contrário. Acho que essa compreensão é fundamental.

Quanto aos teóricos, gosto muito de textos de artista, especialmente do Paulo Pasta, mas também devo muito ao Rodrigo Naves. Ambos falam da perspectiva que parte do trabalho, um olhar direto para o que já existe e não de filosofias que o vistam.

 

3 – O QUE VOCÊ ESTÁ LENDO?

O Primeiro Homem Mau da Miranda July e Pequenas Criaturas do Rubem Fonseca.

 

4 – QUE TIPO DE COISA CHAMA SUA ATENÇÃO NO MUNDO? 

É difícil focar atenção em coisas específicas nesse mundão de meu deus, em que somos bombardeados de imagens e entretenimentos. De uma maneira, acho que procuro filtrar as imagens em suas relações de cor e estrutura, mas isso só acontece agora e só acontece porque eu pinto.

 

5 – O QUE VOCÊ ESTÁ PRODUZINDO AGORA? 

Então, desde que eu enviei o trabalho para o Arte Londrina 6 (no ano passado) muita coisa aconteceu. Agora eu desenho, pinto, faço litografia e objetos-nascentes de biscuit! Vocês podem ver melhor no @sandaloemachado e anajuliavilela.tumblr.com

  

6 – QUE SITES VOCÊ COSTUMA VER? 

Instagram e YouTube. Adoro os dois, são ótimos para ver gente trabalhando com arte e também para acompanhar o pensamento e o que as pessoas fazem no Brasil e mundo afora.

 

7 – QUE MÚSICAS VOCÊ OUVE? 

Geralmente a gente desconfia de gente eclética. Eu mesma desconfio, mas sou um pouco. O que tenho escutado muito ultimamente é IAMDDB, Belchior, David Lynch, MC Loma, Maureen Tucker, Jesus and Mary Chain e My Bloody Valentine! Aliás, tenho uma banda (THE LANCE is complicado) que me faz ouvir Celso Portiolli, Nancy Sinatra, Paris Hilton, Drake e Paulo Diniz.

 

8 – QUE EXPERIÊNCIAS COM ARTE FORAM IMPORTANTES PARA VOCÊ?

Todo dia de trabalho constitui uma experiência importante para mim. Principalmente quando eu erro, ou quando erro achando que era um acerto.
Devo muito a meu professor de pintura, Pellegrin, que forneceu repertório para eu poder olhar para a arte e para o mundo. Ele sem dúvidas tornou as minhas experiências com arte mais interessantes. E depois disso tudo, fui ver o Volpi (ao vivo) pela primeira vez e a precariedade poderosa da sua pintura, foi arrebatador. Desgraçado.