O artista Marcelo Barros participa da exposição DAS ESTRUTURAS MÍNIMAS ÀS NÃO CORES.

Enviamos algumas perguntas para que possamos conhecer mais  o processo e as referências do artista.

1 – COMO UM TRABALHO COMEÇA?

Um trabalho pode surgir em situações distintas para mim: uma conversa, uma música (melodia ou letra), um texto, uma imagem, uma pintura, teatro, espetáculo de dança, um novo material ou objeto, etc, podem ser estopins de algum assunto ou resposta estético-visual. Mas antes disso está o processo artístico, o fazer diário, que me coloca em exercício e em contato com minhas questões pessoais (conteúdo interno), e com materiais, processos, experiências e estímulos visuais, o que permite reação entre estes reagentes. O que observo, dentro de meu processo de trabalho artístico, é que só haverá um novo trabalho se eu já estiver mergulhado em alguma pesquisa anterior, que sedimentou toda uma linguagem estética e que, por conta de seu processo evolutivo, pode abrir novas questões e espaços para novas possibilidades. A equação inversa não acontece para mim.

 

2 – QUE ARTISTAS OU TEÓRICOS VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTES? POR QUÊ?

Brian Dickerson, Jannis Kounelis, Sakir Gokcebag, Marcelo Mosqueta, Marcius Galan, Richard Serra, Lee McKenna, Marcelo Cidade, Mona Hatoum, Lucas Simões, Odires Mlászho, Marcelo Cidade, Geórgia Kyriakakis, Matias Mesquita, Marlies Hoevers, Ismael Randal Weeks, Virgílio Neto, Laura Goski e Victor Leguy são alguns dos artistas cujos trabalhos me tiram o fôlego. Além de alguns deles me servirem de referencia e inspiração, me apresentam poéticas muito distintas e intrigantes, mesmo quando estas surgem em meio aos mesmos materiais. Isso para mim é arrebatador. Um artista que também gostaria de destacar é David Bowie, por conta de sua pluralidade artística, sua inteligência e sensibilidade na leitura e percepção de seu tempo, sua vocação para o experimentalismo, “aglutinar” outros talentosos artistas e faro para os negócios, por ter influenciado e ainda influenciar gerações, e por mais uma vez ter alargado os limites da arte e dos mercados que dela vivem.

 

3 – O QUE VOCÊ ESTÁ LENDO?

Nossa! Sou meio “caótico” quando o assunto é leitura, pois as vezes intercalo diversos livros e textos ao mesmo tempo, e acabo por demorar muito para termina-los, ou até sou obrigado a relê-los. No momento estou lendo pela segunda vez o “Pense Como Um Artista – …E Tenha Uma Vida Mais Criativa E Produtiva” de Will Gompertz, uma vez que li anteriormente “Isto É Arte” e achei muito interessante a forma clara e simples como ele fala sobre as artes visuais. Ao mesmo tempo estou terminando o “Place Branding – Identificando Vocações, Potencializando Identidades, Fortalecendo Lugares” de Caio Esteves, e iniciando o recém adquirido “Brasil Faz Design – Criatividade Brasileira No Cenário Internacional” de Marilí Brandão, Christian Ullman e Sandra Nedopetalski.

 

4 – QUE TIPO DE COISA CHAMA SUA ATENÇÃO NO MUNDO?

Além das belezas naturais, me chamam atenção os contrastes conceituais entre atitudes, pensamentos e da materialidade. Me fascina e também me intriga toda a produção humana e como esta dialoga com o meio ambiente.

 

5 – O QUE VOCÊ ESTÁ PRODUZINDO AGORA?

Neste momento estou estudando os desdobramentos que surgiram a partir das séries Horizontes, Poemas Herméticos e Poemas Sólidos (esta última exposta no Arte Londrina 06), os quais estou experimentando outros formatos e acrescentando outros materiais e linguagens. Nestas séries caminho da fotografia e pintura ao tridimensional, me apropriando de livros, recipientes e peças de cimento e concreto.

 

6 – QUE SITES VOCÊ COSTUMA VER?

Para pesquisas utilizo muito os sites de museus e o Mapa das Artes, além de redes sociais como o Pinterest, o Instagram e o Behance, que conseguem abranger praticamente tudo aquilo que é produzido em artes visuais, audiovisual, design, ilustração e comunicação. Outra fonte de pesquisa e de entretenimento do qual me utilizo muito é o YouTube. Nele procuro desde música, filmes, documentários, até entrevistas e processos artísticos diversos.

 

7 – QUE MÚSICAS VOCÊ OUVE?

Apesar de gostar de diversos, mas talvez poucos, estilos musicais, costumo ouvir frequentemente jazz, soul, mpb e seus derivados, um pouco de música clássica, no entanto o rock’n’roll é o meu “som de cabeceira”. Atualmente tenho escutado muito do que foi desenvolvido entre as décadas de 1960 e 1970, no desejo de resgatar as referências e clima daquilo que serviu de inspiração para os artistas que formaram o meu gosto musical nas décadas de 1980 e 1990. Dentre eles destaco artistas como David Bowie, The Beatles, The Rolling Stones, Lou Reed, Iggy Pop, Joy Division, Frank Zappa, Miles Davis, Dave Brubeck, John Coltrane, Charles Mingus, Thelonious Monk e The Who, para citar apenas alguns. Já da atualidade, tenho ouvido Solange Knowles, Lianne La Havas, Xenia Rubinos, Patricia Marx, Xênia França, Thundercat, Kendrik Lamar, Philp Glass, Kamasi Washington, Robert Glasper, Anderson Paak, Hiatus Kaiyote, Nzca Lines, Discotiki, Queens of the Stone Age, Kid Foguete, The Kills, Wild Nothing, Bosnian Rainbows, Crystal Fairy e Dead Cross, para novamente citar apenas alguns poucos.

 

8 – QUE EXPERIÊNCIAS COM ARTE FORAM IMPORTANTES PARA VOCÊ?

Acredito que a primeira fagulha a me despertar para o desejo de fazer artes visuais, foi ter tido acesso as pinturas que uma antiga namorada de um primo havia feito. Eu já desenhava e tinha artistas visuais na família, no entanto ter visto trabalhos feitos por aquela jovem moça, com uma idade próxima a minha (eu tinha 13 anos), me fez perceber que eu também seria capaz de faze-lo. Um segundo momento importante para sedimentar esse desejo, foi o primeiro ano de faculdade no curso de desenho industrial na Universidade Presbiteriana Mackenzie, o qual era voltado totalmente para a experiência artística. Neste momento tive aulas com grandes artistas e professores, tais como Júlio Minervino, Marcio Périgo, Leila Reinert, Mauricio Fiori, Luise Weiss, Eliana Zaroni, Alexandre Jubran e Luis Gê, que me sensibilizaram para algo que estava para além das “entrelinhas do design”. No entanto, o que defino como fundamental para a minha verdadeira imersão, foi o momento em que comecei a participar do grupo de acompanhamento de projetos do Hermes Artes Visuais, ministrado pelos artistas Nino Cais, Marcelo Amorim e Carla Chaim. Na discussão sobre meu próprio processo artístico e troca com os demais artistas e amigos, foi possível amplificar e apurar meu olhar e meus processos de produção, aumentar repertório, entender conceitos da arte contemporânea, assim como moldar meu próprio discurso e poética. Através do grupo, pude participar do projeto Mesmo Lugar, o qual promove exposições individuais dos frequentadores do grupo, como forma de refletir, testar e apresentar  suas mais recentes produções, algo também fundamental para mudanças significativas em minha produção.

 

 

 

 

 

 

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