A artista Samantha Canovas participa da exposição DAS ESTRUTURAS MÍNIMAS ÀS NÃO CORES. Enviamos algumas perguntas para que possamos conhecer mais sobre o processo e as referências da artista.

1 – COMO UM TRABALHO COMEÇA? 

A minha forma de trabalhar parte do interesse em uma investigação material compreendendo também uma exaustão de procedimentos: um trabalho geralmente começa a partir de outro.

Tendo a limitar a quantidade de materiais usados nos trabalhos de forma a possibilitar essa exaustão. Venho trabalhando com tecido desde 2012 e isso tem sido muito importante para mim. Minha formação em artes visuais não me permitiu um contato mais direto com a lógica têxtil, que me parece ainda um tanto marginalizada dentro da academia. O resultado disso é que venho adquirindo esses conhecimentos aos poucos, e cada nova técnica aprendida amplifica diretamente o meu vocabulário prático/poético.

 

2 – QUE ARTISTAS OU TEÓRICOS VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTES? POR QUÊ? 

Os artistas que não posso deixar de citar como referência são:

Eva Hesse e Mira Schendel, principalmente. Leonilson: o sensível como possibilidade artística. Robert Ryman também porque me encanta nele o obsessivo. No mais: Lygia Clark, Tatiana Blass, Fernanda Gomes, Tunga, José Pancetti, Monet, Edith Derdyk, Henrique Oliveira.

Os livros  “O espaço moderno” do Alberto Tassinari e “A vontade radical“ da Susan Sontag.

 

3 – O QUE VOCÊ ESTÁ LENDO? 

No momento: Walden (Henry David Thoreau),  Crime e Castigo (Dostoiévski) e O mistério de Sittaford (Agatha Christie). Recentemente descobri um vício pelos romances policiais, que agora alterno entre outras leituras.

 

4 – QUE TIPO DE COISA CHAMA SUA ATENÇÃO NO MUNDO?

O céu, principalmente a luz e as nuvens. A calçada e o chão. O mínimo e o macro.

 

5 – O QUE VOCÊ ESTÁ PRODUZINDO AGORA? 

No momento estou interessada em sobreposições e camadas. Comecei a desfiar tecidos e soma-los em mesmos chassis.

Há pouco tempo atrás desenvolvi uma série nova de trabalho chamada “Resistências“ onde busco jogar com tensionamentos entre pedras e tecidos finos, principalmente linhos desfiados. Ainda não dei essa série como terminada.

Atualmente também e por não sei quanto tempo, voltei a pintar.

  

6 – QUE SITES VOCÊ COSTUMA VER? 

Descobri no Instagram uma boa ferramenta para acompanhar trabalhos de outros artistas conhecidos, desconhecidos e algumas galerias além de ser muito bom para compartilhar descobertas.

Para todas as outras coisas, Google imagens.

 

7 – QUE MÚSICAS VOCÊ OUVE?

Belchior, Caetano, Beatles, Grateful Dead. Também escuto muito Fagner, Tim Maia, Gal Costa, Elza Soares, Zé Ramalho, Baiana System, O Terno e Johnny Hooker em fases alternadas. Pop e Rock dos anos 90 (nacional e internacional) permanecem uma constante. Atualmente alguns amigos tem me induzido ao pop atual e ao funk e sempre escuto sertanejo no carro com minha irmã e agora minha mãe.

 

8 – QUE EXPERIÊNCIAS COM ARTE FORAM IMPORTANTES PARA VOCÊ?

As experiências mais marcantes para mim foram as duas residências que realizei. A primeira, em Nova Iorque no ano de 2012, quando decidi não pintar (mesmo que muitos dos meus trabalhos dialoguem intimamente com pintura).

A segunda, na cidade de Skagaströnd na Islândia em 2017, quando me entendi como artista têxtil. O lidar com o tecido é um trabalho que requer paciência, cuidado, carinho e isso se liga intimamente com a minha visão de mundo. Acredito que investir tempo em um trabalho e o contato direto e manual com uma peça vá em contramão ao descartável e à velocidade descontrolada dos nossos tempos.

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