A artista Bruna Mayer participa da exposição ARTE LONDRINA 5 – AS COISAS SE ESCORAM TORTAS. Enviamos algumas perguntas para que possamos conhecer mais sobre o processo e as referências da artista.

 

1 – COMO UM TRABALHO COMEÇA?

Um trabalho começa com uma inquietação, seja ela interna ou externa, um desconforto, uma curiosidade, um desejo ou uma imagem inicial ainda não bem resolvida. Normalmente, algo que eu não consigo colocar em palavras ou compreender racionalmente, como, por exemplo, uma sensação. Por isso sinto a necessidade do fazer, de dar forma a determinada coisa, de pesquisar certo assunto ou questão. A partir dessa necessidade, vou em busca dos materiais que podem me auxiliar e me aproximar dessas questões. E é no fazer artístico, que envolve muita experimentação, que o trabalho surge, vai ganhando forma, vai me guiando e comunicando o que ele deve ser.

 

2 – QUE ARTISTAS OU TEÓRICOS VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTES? POR QUÊ?

No momento estou bem interessada na artista Cindy Sherman e na serie Fairy Tales and Disasters que ela fez no final da década de 80. São imagens com comidas apodrecendo, partes do corpo e substâncias que parecem vômito. Nessa série ela lida com o grotesco, o repulsivo e o sedutor. As imagens são lindas e violentas e geram um desconforto que me atrai. Gosto muito dessa ambivalência.

 

3 – O QUE VOCÊ ESTÁ LENDO? 

O livro Disgust: The Theory and History of a Strong Sensation de Winfried Menninghaus.

 

4 – QUE TIPO DE COISA CHAMA SUA ATENÇÃO NO MUNDO?

Muitas coisas, entre elas, aquilo que não é verbalizado. As sensações. O que está por trás da superfície já conhecida das coisas. O verso. O oculto. O que pode passar despercebido num primeiro momento, e que exige um olhar atento para que se possa captar e fazer ver. O sutil, o sorrateiro, que é também feroz, violento e bárbaro. Isso me interessa.

 

5 – O QUE VOCÊ ESTÁ PRODUZINDO AGORA?

Conclui, recentemente, alguns trabalhos em vídeo e estou capturando imagens novas e fazendo testes. Ainda está muito no início. Encontro-me nesse “entre trabalhos,” momento em que trago questões do trabalho anterior ainda não resolvidas para o próximo trabalho. Essas questões nunca são resolvidas por completo pois se misturam com novos questionamentos e inquietações. Esse é um momento de grande desconforto pra mim, mas é absolutamente necessário. É a experiência do vazio, do não saber e do desconhecido. Existe uma certa nostalgia do trabalho anterior e muita angústia em relação ao que está por vir, que ainda não tem nome, forma e nem respostas.

 

6 – QUE SITES VOCÊ COSTUMA VER?

Gosto de ver vídeos no Youtube, e pesquisar um pouco de tudo no Google, como referências, artistas, textos, filmes, notícias, etc, além de e-mail e outros meios de comunicação.

 

7 – QUE MÚSICAS VOCÊ OUVE? 

Depende muito do momento. Recentemente escutei uma playlist e gostei muito da música Piel do Arca. Apesar de adorar música, não sou muito dedicada a procurar músicas novas. Gosto um pouco de tudo. Escuto desde Rolling Stones, Pink Floyd, The Doors, Yo-Yo Ma, entre outros, até Björk, o álbum Lemonade da Beyonce, o álbum Melodrama da Lorde. É bem variado.

 

8 – QUE EXPERIÊNCIA(S) COM ARTE FOI IMPORTANTE PARA VOCÊ?

O contato com a arte contemporânea, de modo geral, foi muito importante pra mim. Eu estudei ilustração antes de fazer artes visuais e pintava de forma realista, seguindo as técnicas da pintura tradicional. Sentia-me aprisionada com a pintura que eu fazia, mas não entendia bem o porquê, nem como me desfazer disso. O contato com a arte contemporânea me fez perceber que eu tinha escolha sobre os materiais com os quais gostaria de trabalhar, e que a pintura era uma das possibilidades entre tantas outras. Com isso senti a necessidade de expandir a pintura para o espaço tridimensional da instalação, que foi muito libertador para mim. Também passei a me interessar bastante pelo vídeo que me possibilitou experimentar e pesquisar as questões ligadas ao corpo com maior intensidade.

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