O artista Thiago R. participa da exposição ARTE LONDRINA 5 – PELA ESTRADA E FORA. Enviamos algumas perguntas para que possamos conhecer mais sobre o processo e as referências da artista. 

 

1 – COMO UM TRABALHO COMEÇA?

Um trabalho pode começar de muitas maneiras. Normalmente, os trabalhos mais desafiadores para mim surgem da especificidade de lugar ou de um dado contexto, onde diferentes sons atravessam e se relacionam entre si, com o local ou a situação. Algumas vezes a matéria sonora característica desses lugares ou situações cede espaço a um conceito, tornando o fenômeno sonoro desnecessário para a corporização das obras.

 

2 – QUE ARTISTAS OU TEÓRICOS VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTES? POR QUÊ?

John Cage é sempre um nome a ser lembrado, e principalmente lido. Seus escritos acompanham o processo iniciado por Marcel Duchamp, que a meu ver foi um anarquista individualista, cujo anseio foi acabar com a ditadura da retina e consequentemente fazer esquecer a mão e a individualidade burguesa que inundava muitos sistemas e escolas artísticas. John Cage dá continuidade a esses processos através de seus estudos libertários e sobre o taoísmo. Max Neuhaus é outro artista muito frequente em meus interesses, desenvolvendo o silêncio cageano em uma prática ativa enquanto caminhadas que tinham por objetivo o reconhecimento de padrões acústicos, o que auxilia na compreensão das várias paisagens sonoras que compõe o mundo, assunto também estudado e difundido pelo músico e educador canadense R. Murray Schafer, outro artista e teórico que sempre volta às minhas pesquisas. Dentre outros nomes que figuram recorrência em meus estudos estão Cornelius Cardew, Maryanne Amacher, John Baldessari, Robert Morris, Robert Smithson, Bernhard Leitner, Gustav Metzger, Janet Cardiff e G. Bures Miller, Alvin Lucier, Juan Carlos Romero, Manuel Rocha Iturbide, José Iges, Lawrence Weiner, Pauline Oliveros, Hong-Kai Wang, Susan Philipsz, Lilian Zaremba, Walter Smetak, H. J. Koellreutter, Raquel Stolf, Julio Plaza, dentre outras e outros. Boris Groys e Claire Bishop figuram também no espaço de recorrência por seus livros e ensaios sobre arte contemporânea, política e poder, ativismo e participação.

 

3 – O QUE VOCÊ ESTÁ LENDO?

William Gibson. Trilogia Blue Ant: História Zero. Dr. Jacques Vallée.  Alien Contact Trilogy Book 2: Confrontations: A scientist’s Search for alien contact. Eles nos devem uma vida – Crass: Escritos, Diálogos e Gritos.

 

4 – QUE TIPO DE COISA CHAMA SUA ATENÇÃO NO MUNDO?

Os inúmeros e intrincados sistemas de controle que cotidianamente tocam a vida do ser humano, aqui eu incluso. Padrões e escalas de poder que incidem sistematicamente sobre populações oprimidas, bem como a exploração animal, consequência dos mesmos padrões e escalas de poder.

 

5 – O QUE VOCÊ ESTÁ PRODUZINDO AGORA?

Estou trabalhando em anúncios que abordam a relação de poder entre os diferentes papéis de emissão e recepção da informação, inclusive no âmbito sonoro. Também estou rascunhando esboços que podem futuramente compor uma pesquisa de mestrado.

 

6 – QUE SITES VOCÊ COSTUMA VER?

We Make Money Not Art. Journal of Sonic Studies. CRISAP: Creative Research into Sound Arts PracticeArte Capital, etc.

 

7 – QUE MÚSICAS VOCÊ OUVE?

Tudo aquilo que oscila a mais de dezesseis ciclos por segundo? Hehe. Sou bastante ligado a questões musicais, quer no espectro da cultura de massa ou formas mais acadêmicas. Inti Illimani, SPIN El Poeta, Christian Wolff, Maryanne Amacher, Meredith Monk, Laurie Anderson, Pauline Oliveros, La Monte Young, Pixies, Pavement, Sonic Youth, Cólera, Paulinho da Viola, Gilberto Mendes, Augusto de Campos, Victor Jara, Hiroshi Yoshimura, Crass, Flux of Pink Indians, Discharge, Soledad Bravo, Ana Tijoux, Actitud Maria Marta, etc.

 

8 – QUE EXPERIÊNCIA(S) COM ARTE FOI IMPORTANTE PARA VOCÊ?

Exposição Smetak Imprevisto, 2008 (Museu de Arte Moderna de São Paulo). Gordon Matta-Clark: Desfazer o Espaço, 2010 (Museu de Arte Moderna de São Paulo). Rebecca Horn – Rebelião em Silêncio, 2010 (Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo). Andy Warhol, Mr. America, 2010 (Estação Pinacoteca, São Paulo). Mona Hatoum, 2015 (Estação Pinacoteca, São Paulo). 30ª Bienal de São Paulo: A iminência das poéticas, 2012. Laurie Anderson – I in U, Eu em Tu, 2014 (Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo). Jogando com Ben Patterson, 2015 (Galeria Bolsa de Arte, São Paulo). Rever_Augusto de Campos, 2016 (Sesc Pompéia, São Paulo). Guilherme Vaz | uma fração do infinito, 2017 (Sesc Pompéia, São Paulo), etc.

Comente

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

You may use these HTML tags and attributes:

<a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>