A artista Noara Quintana participa da exposição ARTE LONDRINA 5 – PELA ESTRADA E FORA. Enviamos algumas perguntas para que possamos conhecer mais sobre o processo e as referências da artista. 

 

1 – COMO UM TRABALHO COMEÇA?

Um trabalho as vezes começa com uma imagem que vem na minha cabeça, ela surge do gatilho de algo que me atraiu, seja pela estética, poesia, carga emocional, política, conceitual. Pode vir de um texto, conversa, imagem, ou de uma experiência. Passo então a enxergar por essa lente que vai conduzindo minhas pesquisas. E assim, a imagem vai se formando e o desejo de criá-la também se torna mais nítido, aos poucos vou entendendo o que preciso para concretizar essa ideia.

Outras vezes o trabalho começa com um material como qual estabeleço um vínculo, crio uma relação que da minha parte vira quase fixação amorosa (risos). Nesse caso, é um sentimento mais confuso de criação, mais experimental de ateliê e por isso menos previsível. Depende da reação do material, de circunstancias aleatórias e de cada micro decisão que tomo diante do que encontro. E cada detalhe é escolha e uma variante que incide na forma final do trabalho. Enfim, tomar decisões é muito subjetivo.

 

2 – QUE ARTISTAS OU TEÓRICOS VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTES? POR QUÊ?

Há muitos/as artistas e autores/as das artes, e não das artes, bastante influentes na minha formação. No entanto, hoje considero muito importante a produção de algumas artistas brasileiras contemporâneas. Me chama atenção a força poética, por vezes contundente, e a perspectiva com que estas vêm trabalhando ao tratar de espacialidade, escalas urbanas, repensando história e propondo contra-narrativas.

 

3 – O QUE VOCÊ ESTÁ LENDO?

Estou lendo Undermining – A Wild Ride Through Land Use, Politics, and Art in the Changing West de Lucy Lippard (2014). Trata-se de uma perspectiva sobre landart/ paisagem a partir da ideia de “uso da terra”. Essa ideia é apresentada através de um pensamento undermining (minando/ escavando) proposto pela autora e escrito sob um olhar artístico-histórico-geopolítico, cujo mote é o extrativismo de cascalho em terras indígenas no West Americano. Tem um trecho em português disponível na publicação ¿Hay en Portugués? N. 4 da editora Parentesis.

 

4 – QUE TIPO DE COISA CHAMA SUA ATENÇÃO NO MUNDO?

Me chama atenção trocar uma ideia com um/a amigo/a, conectar com o pensamento do outro, acho isso incrível. Também gosto de ouvir histórias.

 

5 – O QUE VOCÊ ESTÁ PRODUZINDO AGORA?

No momento estou na residência GlogauAir em Berlin desenvolvendo a série “Forma sob resistência / Form under duress”, um conjunto de esculturas feitas de cimento e seus derivados moles, além de outros elementos utilizados na construção, materiais cobrem uma série de objetos de uso comum. Trabalho com a ideia de “tomar forma” e a relação entre tornar algo solidificado ou flexível. Penso numa relação desse ato de “tomar forma” com as escolhas do sujeito numa sociedade e suas atitudes dentro de determinado contexto político, e como essas escolhas e formas se manifestam individualmente e coletivamente.

Essa pesquisa é um projeto que será estendido nos meses seguintes em diferentes lugares, sendo desdobrado a seguir no programa Betonest, situado numa antiga fábrica de cimento na fronteira da Alemanha com a Polônia, e mais tarde junto com a École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS) e a comunidade brasileira na França.

 

6 – QUE SITES VOCÊ COSTUMA VER?

Dentre alguns sites que acompanho está: Mapa das artes, Parentesis, e-flux, Ubu  e LalululaTV.

 

7 – QUE MÚSICAS VOCÊ OUVE?

Ouço muito Chet Baker, ele sempre está na minha playlist. Tenho ouvido bastante também Mahmundi, Jaloo e Chromatics

 

8 – QUE EXPERIÊNCIA(S) COM ARTE FOI IMPORTANTE PARA VOCÊ?

São tantas experiências que importantes, mas uma exposição que me marcou muito foi a da Lygia Pape, Espaço Imantado, na Pinacoteca (SP) em 2012, especialmente ver o trabalho Ttéia. E recentemente fiquei fascinada pela instalação Primitive do cineasta tailandês Apichatpong Weerasethakul, exposta no Tate Modern (UK), em 2016.

 

Crédito de imagem: Alexander Flynn

 

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