A artista Bianca Turner participa da exposição ARTE LONDRINA 5 – O TEU CORPO É LUTA. Enviamos algumas perguntas para que possamos conhecer mais sobre o processo e as referências da artista.

 

1 – COMO UM TRABALHO COMEÇA?

Um trabalho começa a partir de uma memória, seja ela individual ou coletiva.

 

2 – QUE ARTISTAS OU TEÓRICOS VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTES? POR QUÊ?

Os artistas que me são inspiração constante são William Kentridge, Joseph Beuys, Susan Hiller, Nam June Paik, Pipilotti Rist, Bruce Nauman, Francys Alys, Kiki Smith, dentre muitos. Considero-os importantes pois a eles importa provocar deslocamentos entre meios, linguagens e circuitos [explorar fronteiras, expandir campos pre-definidos], “zona” em que também encaixo minha pesquisa.

Vindo de uma formação em design e prática de performance essa interdisciplinaridade é estrutural no meu processo criativo e na materialização do meu pensar. É como a arte se manifesta, no meu caso, explorando e expandindo os limites do que é vídeo documentação e o que é performance/ação. O que é instalação multimídia se há também O CORPO como mídia. Isso fica evidente quando penso na minha “família” artística, naqueles que me são referência, como os artistas que citei.

 

3 – O QUE VOCÊ ESTÁ LENDO?

Estou no momento relendo a ‘Sociedade do Espetáculo’ de Guy Debord.

 

4 – QUE TIPO DE COISA CHAMA SUA ATENÇÃO NO MUNDO?

Minha atenção está sempre muito voltada para o subjetivo e como as pessoas percebem as coisas de maneiras diferentes; em como a “realidade” é o conjunto da obra, que inclui muitas perspectivas para além de opiniões individuais e lados. Tem me chamado muita atenção no momento político atual a maneira que a sociedade, em suas individualidades e interesses, vem caindo sempre nos mesmos desafios, sem perceber, em visões de mundo que segregam ao invés de unir. Acredito que, olhando para o passado, (individual e coletivo) é possível alterarmos nosso futuro com mais clareza, tratando o tempo verticalmente e não linearmente, como co-criadores da “realidade”.

 

5 – O QUE VOCÊ ESTÁ PRODUZINDO AGORA?

Estou pesquisando sobre a idéia de “dispositivo”, a partir da definição de Agambem, e também do livro de Debord sobre a sociedade do espetáculo; desenvolvendo uma ação multimídia que evidencie a existência dos dispositivos e os enfrente. O avanço da tecnologia proporcionou canais como youtube em que pode-se assistir o que quiser e fazer essa “escolha”, mas quais escolhas estão de fato sendo feitas, a não ser as influenciadas pela manipulação de massas?

A impressão de que a internet possibilitou o acesso a informação muitas vezes é ilusório, pois a grande porcentagem da população acessa apenas o Facebook e sua timeline pessoal, que trata o tempo como linear, e mantém as relações de forma virtual. Este principio do virtual como real, já era detalhado por Debord em sua descrição do ‘espetáculo’.

 

6 – QUE SITES VOCÊ COSTUMA VER?

Não tenho o costume de ler blogs nem sites de referencia, minhas pesquisas são mais livres pelo google e uso a plataforma do pinterest quando procuro imagens.

 

7 – QUE MÚSICAS VOCÊ OUVE?

Gosto de ‘world’ music: músicas dos cantos do mundo e fora do circuito de influência americana/inglesa. Muita música brasileira com bastante beat e suingue, música instrumental com instrumentos como cora, hang, tambores.

 

8 – QUE EXPERIÊNCIA(S) COM ARTE FOI IMPORTANTE PARA VOCÊ?

Uma das minhs experiências mais fortes e inesquecíveis com a arte foi com a escultura de Lilith, feita pela artista Kiki Smith, uma escultura de bronze que está nas escadas do Metropolitan Museum em Nova Iorque. Ao ficar na escada observando esta obra, por mais ou menos 1 hora, pude perceber o comportamento das pessoas ao se depararem com a escultura, e a relação da obra de arte com o público para mim foi elucidada neste encontro. Ali, tive um entendimento, pela arte, de tantas e tantas nuances do comportamento humano que já tinha lido em livros, mas nunca havia de fato compreendido; ali, neste encontro com a obra da Kiki, tive a confirmação de que a arte sim é uma manifestação das transformações no mundo.

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