O artista Adolfo Emanuel participa da exposição ARTE LONDRINA 4 – TEMPORALIDADES, SOBREPOSIÇÕES E APAGAMENTOS. Enviamos algumas perguntas para que possamos conhecer mais sobre o processo e as referências do artista.

 

1 – COMO UM TRABALHO COMEÇA?

Acredito que um trabalho começa quando surge uma situação de compreensão estranha de qualquer natureza. No meu caso, por exemplo, às vezes uma única frase que vi no ônibus pode ficar ressoando na cabeça, procurando tomar forma de alguma maneira; ou mesmo a imagem de uma situação imaginada, lida ou presenciada.

 

2 – QUE ARTISTAS OU TEÓRICOS VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTES? POR QUÊ?

Existem alguns artistas que sempre procuro voltar o meu olhar de tempos em tempos, alguns deles não necessariamente são artistas que se encontram como apontamentos em meus trabalhos. São eles: Albrecht Dürer, Edgar Degas, Katsushika Hokusai, Damien Hirst, Jeff Koons, Igor Stravinsky e Philip Glass. Considero-os importantes pela maneira como eles constituem seus desenhos, tridimensionais e músicas, bem como pela presença de certo dado de meticulosidade, tensão, silêncio e mesmo ironia, aliado a uma fatura sofisticada.

 

3 – O QUE VOCÊ ESTÁ LENDO? 

Atualmente estou lendo algumas apostilas, de cursos universitários, sobre Fisiologia vegetal e Botânica, áreas da Biologia que me interessam bastante. Também estou lendo O amante de Lady Chatterley, um romance do escritor inglês David Herbert Lawrence, publicado originalmente na década de 1930.

 

4 – QUE TIPO DE COISA CHAMA SUA ATENÇÃO NO MUNDO?

De modo geral, me chama a atenção situações que perpassam pelo cientificismo, a morbidez, o sofrimento e o silêncio. Também me interesso em olhar as plantas e o céu, talvez porque exista um certo conforto mudo em observá-los.

 

5 – O QUE VOCÊ ESTÁ PRODUZINDO AGORA?

Atualmente tenho finalizado duas séries de trabalhos: Lingerie e Estampas para Claude Debussy. A primeira trata-se de uma série que adiciono peças íntimas, por meio da pintura, em pequenas reproduções de nus femininos da História da Arte. A segunda, que tenho feito desde 2012, trata-se de uma série de pequenos desenhos e pinturas de obras icônicas da História da Arte, com um texto escrito abaixo, relacionando-as com algum tipo de sonoridade ou elemento musical. A série foi pensada a partir da obra do compositor Claude Debussy, que utilizava em suas músicas sonoridades que procuravam aproximar o ouvinte de uma sensação ou situação visual; desta forma, os trabalhos desta série, ao seu modo, procuram criar uma situação inversa ao da obra do músico francês, em que a partir de algumas imagens selecionadas da História da Arte é apontada a estas uma qualidade sonora, um gênero ou dado musical que estas indicam possuir.

 

6 – QUE SITES VOCÊ COSTUMA VER?

Acesso muito os sites de museus como o Metropolitan de Nova York, MoMA, Orsay e Museu Van Gogh. Gosto muito de ver e baixar as imagens do acervo, além de saber as exposições que estão realizando. Entro também em sites como o do Mapa das Artes, ótimo local para saber de possibilidades de editais para exposições.

 

7 – QUE MÚSICAS VOCÊ OUVE?

Ouço geralmente música clássica e ópera. Interesso-me muito por compositores do século XIX e XX, como Gabriel Fauré, Claude Debussy, Igor Stravinsky e Krzysztof Penderecki. Esporadicamente também gosto de ouvir jazz, bossa nova e um pouco de blues.

 

8 – QUE EXPERIÊNCIA(S) COM ARTE FOI IMPORTANTE PARA VOCÊ?

Acredito que a experiência de ir, durante a graduação, em importantes museus como MASP, Pinacoteca e MAM foi muito importante para a minha formação pessoal e profissional. Até aquele momento só tinha visto algumas obras dos acervos destes museus em livros e em impressões de pequenos formatos. Ver as obras pessoalmente foi um grande impacto que mudou muito o de modo vê-las e compreender o processo histórico em que estavam inseridas.

 

Abaixo algumas imagens dos trabalhos de Adolfo em exposição na Dap até dia 15 de julho.