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O artista Alan Oju participa da exposição ARTE LONDRINA 4 – TEMPORALIDADES, SOBREPOSIÇÕES E APAGAMENTOS. Enviamos algumas perguntas para que possamos conhecer mais sobre o processo e as referências do artista.

1 – COMO UM TRABALHO COMEÇA?

Saber como um trabalho começa não é algo tão simples, não acho que é apenas uma empreitada, um ação cartesiana onde podemos localizar um começo, um meio e um fim – que culmina ao ser mostrado ao público. Acho que se formos por este caminho, estaremos muito mais próximos de um processo industrial do que artístico. Tão pouco, um trabalho começa com uma ideia genial, uma inspiração, uma luz romântica que ilumina o artista. Claro que os insights existem e são desencadeadores de processos, no entanto penso que os insights são formas de resolver algo que já foi despertado internamente e que está buscando formas de existir num mundo sensível para ser compartilhado. Assim, é difícil saber quando um trabalho começa pois o próprio já está em potência tanto na pessoa que o produz, quanto nas questões que o próprio trabalho invoca.  Resumindo, acho que um trabalho começa nas trocas entre individuo e sociedade, nas relações subjetivas geradoras de inúmeras sensações e questões que o artista busca dar forma.

2 – QUE ARTISTAS OU TEÓRICOS VOCÊ CONSIDERA IMPORTANTES? POR QUÊ?

Robert Smithson é uma grande referencia para mim, suas considerações sobre temporalidades e entropia reverberam em mim desde a primeira vez que acessei alguns de seus escritos. Outros artistas dos 60/70 como Richard Long, Tony Smith e Carl André também são grandes referencias para quais olho com grande admiração, os vejo como fundamentais para entender meus passos. Aqui no Brasil, o trabalho e a postura de Hélio Oiticica é sem dúvida a maior referencia que tenho. Outros artistas mais recentes como Paulo Nazareth e Rodrigo Braga também são mestres para mim. No campo da teoria, Guy Debord e os situacionistas são essências, o materialismo histórico dialético da “Sociedade do Espetáculo” é uma leitura critica do mundo da qual compartilho. Outros teóricos como Walter Benjamin, Mario Perniola, Nicolas Bourriaud, Jacques Ranciere, Felix Guattari, Paola Jacques Bereinstein, Gilles Deleuze, Suely Rolnik formam um time de teóricos dos quais seus livros me acompanham na escrivaninha, na cabeceira e na mochila nos últimos anos.

3 – O QUE VOCÊ ESTÁ LENDO?

Uau, pergunta difícil. Digo isso porque estou lendo uns 10 livros atualmente. Gosto de fazer leituras cruzadas. Leio um capitulo de um, outro capitulo de outro. Semana passada mesmo, estava lendo Hannah Arendt (A Condição Humana) e quando terminei de ler um dos capítulos já lembrei de um livro da Rianne Eisler (O Cálice e a Espada) e adentrei a madrugada lendo e pensando nas ligações entre uma autora e outra, nesse noite terminei buscando uma passagem em Rousseau num daqueles volumes Grandes Pensadores. As três leituras pra mim eram complementares. Assim também ando lendo alguns dos autores que citei na pergunta anterior. Pra descontrair um pouco, gosto de poesia, leio uma aqui, outra ali. Também gosto de Ítalo Calvino, estou com o “Barão das Arvores” aqui pela metade.

4 – QUE TIPO DE COISA CHAMA SUA ATENÇÃO NO MUNDO?

A hipocrisia é a que mais anda mexendo comigo. Não consigo caminhar pelas cidades sem olhar para a desigualdade e não me sensibilizar. Para muitos, tudo faz parte da paisagem e é assim que a vida é. Mas em mim isso dói. Lembro que durante minha adolescência isto era uma questão muito forte, acho que isto nunca se apagou, mas de uns anos pra cá essas questões voltaram a me atravessar abruptamente. Vejo também coisas positivas também no mundo, me chama a atenção a simplicidade do viver, principalmente daqueles que não estão nos grandes centros urbanos. Simplicidade é uma das coisas mais bonitas que existe! Luz para mim é algo mágico também.

5 – O QUE VOCÊ ESTÁ PRODUZINDO AGORA?

Estou pesquisando e pensando sobre questões urbanas. Produzindo cartografias. Experimentando como melhor abordar algumas questões, testando novas mídias.

6 – QUE SITES VOCÊ COSTUMA VER?

A janela do youtube é sem dúvida a que eu mais entro, tem quase tudo ali. Gosto do site Brasil de Fato para me informar. Geralmente minha navegação pela web é rizomatica, acesso muitos sites por links de links de links, não sei muito bem responder que sites costumo ver, são variados.

7 – QUE MÚSICAS VOCÊ OUVE?

De todo tipo! Mundo Livre S/A, Norah Jones, Tom Zé, Pearl Jam, Elomar, Abayomy AfroBeat, Bob Dylan, Toots, Fela Kuti, Jorge Ben, Bach, Rage Against de Machine, Onda Vaga, BNegão, Dawn Penn, David Bowie, Gil, Caetano, Gal, Nação Zumbi, Mestre Ananias

8 – QUE EXPERIÊNCIA(S) COM ARTE FOI IMPORTANTE PARA VOCÊ?

Minha adolescência no movimento punk/hc, os coletivos, a música, os zines, a contra-cultura. Tudo isso trouxe-me as primeiras experiências estéticas mais  potentes que consigo lembrar. Nem quero imaginar o que eu poderia ser sem esta fase. Ali aprendi muita coisa e fiz escolhas para toda uma vida. A Capoeira Angola exerceu e exerce uma grande influência em mim também. Agora, em um âmbito estritamente artístico, acho que a Residência Artística que participei no MIS-SP em 2013/14 foi uma fase extremamente importante para mim como artista, pois ali compreendi muitas questões e certa forma “saí do armário”. Nessa residência finalizei uma fase de pesquisa que me inquietava a alguns anos, foi ali que nasceu a série “Janelas”, trabalho que tenho um carinho especial. Tenho uma porção de experiências importantes que poderia ficar citando aqui, inclusive a rua e o cotidiano me proporciona riquíssimas experiências estéticas que dou muito valor também.

 

Abaixo imagens da série Fragmentos em exposição na Dap.

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